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Tales Matos: O que o Ceará pode fazer após as novas tarifas dos EUA?
Opinião

Tales Matos: O que o Ceará pode fazer após as novas tarifas dos EUA?

.O estado pode reduzir temporariamente o ICMS sobre insumos de setores afetados, criar uma central de inteligência comercial e incentivar campanhas de "compra local com destino global", fortalecendo cadeias produtivas com capacidade de exportação
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Tales Matos. Secretário de Finanças de São Gonçalo do Amarante (CE). (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal Tales Matos. Secretário de Finanças de São Gonçalo do Amarante (CE).

A recente decisão do governo dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa extra de 40% sobre a maioria das importações do Brasil trouxe um alerta importante para o Ceará. Em 2024, quase metade das exportações do estado teve como destino o mercado americano — cerca de 659 milhões de dólares. E o impacto é ainda maior quando se observa que dois terços desse valor vieram de um único setor: o aço.

Embora o aço tenha escapado da nova tarifa de 40%, ele voltou a pagar uma tarifa de 25% desde março, após os EUA revogarem isenções anteriores. Além disso, outros produtos importantes para o Ceará — como pescados, castanha de caju, calçados de couro, pás eólicas e pedras ornamentais — não foram poupados e agora enfrentam dificuldades para competir com produtos de outros países.

Diante desse cenário, o Ceará precisa agir com estratégia. E há bons exemplos lá fora. Um dos caminhos é investir na criação de zonas de exportação sustentáveis, próximas ao Porto do Pecém, com incentivos para empresas que adotem práticas ambientais e sociais responsáveis. Esse modelo, já usado na Europa e na Coreia do Sul, tem ajudado países a conquistar mercados mais exigentes.

Outro passo importante é facilitar o acesso de pequenos produtores e indústrias cearenses a plataformas internacionais de venda, como Amazon Global e Alibaba. Com apoio técnico e treinamentos, é possível montar uma vitrine digital do Ceará para o mundo — algo que países como Vietnã e Colômbia já estão fazendo com sucesso.

Também é possível criar um seguro público de risco comercial e cambial para exportadores iniciantes, como fazem Chile e Japão, garantindo proteção contra inadimplência e variações cambiais.
Além disso, o estado pode reduzir temporariamente o ICMS sobre insumos de setores afetados, criar uma central de inteligência comercial e incentivar campanhas de “compra local com destino global”, fortalecendo cadeias produtivas com capacidade de exportação.

Com articulação entre governo, empresários, federações e bancos, o Ceará tem condições de transformar esse desafio em oportunidade.

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