A prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro acrescenta mais um dado para sua biografia pouco honrosa. Ele foi um “mau militar” – palavras de Ernesto Geisel –, deixando as forças armadas após um processo de indisciplina grave. Nos anos de 1980, o então jovem oficial do Exército foi acusado de tentar explodir prédios militares e públicos. Chegou a ser preso por 15 dias por decisão unânime do conselho militar.
Expulso do Exército, se candidatou a vereador pelo Rio de Janeiro tendo como principal luta o aumento do salário dos militares. Deu certo. Jair Bolsonaro foi um medíocre deputado federal, um ótimo comprador de imóveis e um (péssimo) exemplo ao longo de sua trajetória política, deixando aos filhos o legado de como transformar a família numa agremiação à parte. Na Câmara, foi apenas um desbocado, aliado de sempre das ideias mais retrógradas, o que não o impediu de aproveitar uma brecha num país desencantado e se tornar em um dos piores presidentes do Brasil.
Em quatro anos como presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou algumas vezes que a “cadeira de presidente” era uma “desgraça”, embora a estimasse como “missão divina” e nunca tivesse trabalhado propriamente como presidente, em vez disso, criou problemas, ajudou a inflamar o País com um ódio que não foi criado por ele, mas que foi, sim, sua estratégia no dia a dia.
Após ser derrotado nas urnas, Jair Bolsonaro tem sido um ex-presidente emblemático e certamente passará para a História como alguém que criou problemas inéditos para o Brasil. Um homem que nunca respeitou leis ou rituais no País desde muito jovem, agora quer, junto com sua família, que as leis que regem os Estados Unidos sejam aplicadas contra seus desafetos no Brasil e contra todo o País. Além do poder de aumentar tarifas para os produtos brasileiros, prejudicando setores e empregos, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está lançando mão de leis executivas, que dependem apenas dele contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), acusados de prejudicar Bolsonaro politicamente.
Jair Bolsonaro não é apenas um péssimo ex-presidente, falastrão, alguém incapaz de reconhecer o mal que causou e causa aos brasileiros, ele também se transformou em um estorvo, um peso, um homem cujo propósito é apenas ter poder para se beneficiar e à sua família econômica e politicamente. Bolsonaro se recusa a cumprir qualquer ritual mínimo que demonstre ter qualquer apreço por limites, o que levou inúmeros dos seus apoiadores à prisão: de deputados a pessoas comuns, todos acusadas de crimes, seja de atentar contra a democracia e o patrimônio público, seja uma Carla Zambelli, coitada, agora presa na Itália, por achar que, de forma tão infantil poderia, via arapongagem, ajudar o ex-chefe a vencer uma eleição na marra.