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O semestre decisivo do governo Lula 3
Opinião

O semestre decisivo do governo Lula 3

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O segundo semestre de 2025 marca o início da reta final do terceiro mandato do presidente Lula. Com a aproximação das eleições de 2026, o governo enfrenta o desafio de aprovar a maior parte das medidas que fazem parte da sua agenda antes que o país entre em modo campanha. Pautas que já enfrentam resistência terão mais dificuldade de avançar no próximo ano, quando a lógica eleitoral tende a dominar o debate público.

A conjuntura política impõe uma tensão constante entre os Poderes. Na relação Executivo-Legislativo, são recorrentes os conflitos, como o que envolveu a taxação do IOF. Já no campo que envolve o Judiciário, o avanço do processo que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro tem mobilizado a base bolsonarista, que reage com manifestações contrárias e a defesa da anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Essas pautas polarizantes têm potencial para capturar parte considerável da agenda legislativa, o que pode dificultar o debate de temas relevantes para o governo.

O Planalto aposta em projetos com impacto econômico direto e perceptível no curto prazo, como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, a taxação de lucros e dividendos, a revisão de renúncias fiscais e o avanço da reforma tributária. Para viabilizar essas medidas, será fundamental garantir os votos necessários no Legislativo, ampliando seu apoio no Congresso.

O Legislativo, por sua vez, exerce protagonismo crescente. Isso se deve, em parte, ao controle ampliado sobre a execução orçamentária via emendas parlamentares, em especial a partir das chamadas emendas PIX, que, além de impositivas, possuem alto grau de discricionariedade na destinação dos recursos. Soma-se a isso a composição majoritariamente conservadora do Congresso, mais à direita do que grande parte dos partidos parceiros da coalizão governista, o que pode obrigar o governo a ceder em pontos de sua agenda para acomodar interesses parlamentares.

Esse cenário cria margem para desgastes políticos. O Legislativo pode, por exemplo, frear ou esvaziar propostas do Executivo, além de instalar CPIs com potencial de desgaste para o governo. A pauta orçamentária, com a tramitação da LDO e da LOA de 2026, será outro ponto com grande potencial de negociação e conflito entre governo e os parlamentares, principalmente pela disputa por recursos do orçamento.

O foco do governo é entregar resultados concretos, ainda que os cenários políticos domésticos e econômicos internacionais sejam bastante desafiantes. No caso da oposição, o trabalho será de tentar frear a aprovação da agenda do Executivo. Com o final do governo se aproximando e o Congresso cada vez mais protagonista, esse segundo semestre de 2025 promete ser fundamental para o futuro político dos presidenciáveis em 2026.

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