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Zakaria Benzaama: O tarifácio de Trump e o impacto direto nas exportações do Ceará
Opinião

Zakaria Benzaama: O tarifácio de Trump e o impacto direto nas exportações do Ceará

O tarifaço pode gerar desequilíbrios nos preços. Com exportações menos viáveis, parte da produção poderá ser redirecionada para o mercado interno, o que pode inicialmente derrubar preços de frutas como o melão e a manga no varejo
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Zakaria Benzaama. Sócio fundador da Ftrade Brasil e CEO da Fortallog. (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal Zakaria Benzaama. Sócio fundador da Ftrade Brasil e CEO da Fortallog.

A decisão do presidente Donald Trump de retomar e ampliar tarifas sobre produtos importados, em especial os oriundos de países emergentes como o Brasil, acende um alerta vermelho para o setor exportador cearense. Como empresário à frente de empresas que atuam no desembaraço aduaneiro e na logística internacional, acompanho os impactos práticos dessas medidas e o cenário que se desenha não é otimista.

No Ceará, as exportações estão ancorada em frutas frescas – como melões, mangas e uvas – além de produtos industrializados: calçados, couros e têxteis. Com o tarifaço, o custo final desses produtos para o consumidor norte-americano tendem a aumentar, o que compromete a competitividade das exportações. O impacto direto será sentido pelos produtores cearenses, especialmente do agronegócio, que verão contratos serem revistos e margens reduzidas.

Mas, os efeitos não param na cadeia produtiva. No Ceará, a economia depende do escoamento via Porto do Pecém, e a queda nas exportações provoca efeitos em cascata: menor demanda por serviços logísticos, redução na geração de empregos no setor portuário e retração em investimentos. As empresas que operam a cadeia do comércio exterior sentirão a freada.

No comércio interno, o tarifaço pode gerar desequilíbrios nos preços. Com exportações menos viáveis, parte da produção poderá ser redirecionada para o mercado interno, o que pode inicialmente derrubar preços de frutas como o melão e a manga no varejo. Mas, esse “benefício” esconde um risco: a instabilidade da produção, possível escassez e alta de preços em médio prazo.

O Ceará também pode sofrer perdas com produtos industriais como calçados e confecções. Empresas que investiram para conquistar o mercado americano agora se deparam com um cenário de incertezas.

Essa medida não afeta só o Brasil, mas fere princípios básicos do livre comércio e impacta a estabilidade de regiões que dependem da integração global para prosperar.

Para o Ceará é necessário articulação política, diplomacia comercial e planejamento logístico para mitigar os danos e encontrar novos caminhos de escoamento. Estamos diante de mais um teste de força e inteligência para o setor produtivo.

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