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Cândido Albuquerque: Advogado, guardião das liberdades em tempos de intolerância
Opinião

Cândido Albuquerque: Advogado, guardião das liberdades em tempos de intolerância

Nossa atuação, então, se torna vital para resgatar a racionalidade jurídica, preservar garantias individuais e impedir que as divergências resultem em perseguição ideológica. Defender o contraditório passou a ser um ato de coragem
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Cândido Albuquerque

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Nesta quadra difícil da vida nacional, é inevitável refletir sobre o papel da advocacia na preservação das liberdades e no combate à intolerância. Em tempos de um Brasil profundamente dividido por ideologias políticas, com crescente intolerância, o advogado ressurge como pilar fundamental para a manutenção do estado democrático de direito.

Tempos sombrios, quando muitos pregam o ódio em nome da paz, como forma de defender atos arbitrários, mas que lhes são momentaneamente favoráveis, esquecendo que esses atos, amanhã, se voltarão contra eles. Atualmente, muitos pregam a censura supostamente para combater fake news, quando, na realidade, querem calar meios possíveis de expressão da verdade. Nesse cenário tenso, o medo pode impor o silêncio. E o advogado tem o dever, e o desafio, de garantir direitos fundamentais. Porque liberdade e o devido processo legal não podem ser sufocados por paixões políticas.

A Constituição estabelece a liberdade de expressão como um dos pilares da República. Porém, o que se vê é uma crescente judicialização do debate público. Nossa atuação, então, se torna vital para resgatar a racionalidade jurídica, preservar garantias individuais e impedir que as divergências resultem em perseguição ideológica. Defender o contraditório passou a ser um ato de coragem.

É também papel do advogado lutar para que a liberdade de imprensa não seja refém do controle estatal, ainda que disfarçado de regulação. O controle das redes sociais, se não for limitado por critérios objetivos e aferíveis, pode transformar-se em instrumento de cerceamento do pensamento crítico. Em nome da segurança informacional, não se pode comprometer a pluralidade de ideias, base de qualquer sociedade livre.

No dia 11 de agosto celebramos mais que uma profissão: celebramos o compromisso com a justiça, com a liberdade, com a democracia e com o resgate da OAB à sua posição originária e tradicional. Que tenhamos a plena consciência de um papel histórico e firme diante das pressões. Sempre guiados pelo compromisso com o Estado de Direito. Em tempos de extremos, a advocacia equilibrada, técnica e ética é ainda mais necessária.

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