Logo O POVO+
Moema de Miranda: A crise climática não espera!
Opinião

Moema de Miranda: A crise climática não espera!

O colapso ambiental acontece junto ao colapso social e político. Frente a informações sobre as causas humanas do aquecimento global, as corporações desenvolveram campanhas negacionistas
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Moema Miranda. Antropóloga, filósofa e membro da Comissão de Ecologia
e Mineração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal Moema Miranda. Antropóloga, filósofa e membro da Comissão de Ecologia e Mineração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Conta uma fábula antiga que um circo armou sua tenda fora da cidade, perto da plantação. Antes do show, o circo começou a pegar fogo. O palhaço pediu ajuda na cidade. Ele gritou, mas pensaram que era uma performance. Ele explicava e o povo ria. O fogo se alastrou e causou destruição.

Quem é o “palhaço” de nossa época? Quem argumenta e mostra dados e é tomado como piada? Diante do comprovado colapso ambiental parece que nossos palhaços são os cientistas, os ambientalistas, os povos indígenas e tradicionais. São “palhaços” os que não tenham se “esquecido que somos terra” como escreveu o Papa Francisco.

O colapso ambiental acontece junto ao colapso social e político. Frente a informações sobre as causas humanas do aquecimento global, as corporações desenvolveram campanhas negacionistas. Desqualificar as fontes confiáveis e a informação séria foi parte da estratégia para desmobilizar as sociedades.

Neste contexto, a Igreja Católica do Sul Global emitiu um Chamado pela Justiça Climática e a Casa Comum. Chama-se à conversão ecológica e à resistência às falsas soluções. Os bispos afirmam : “é prioritário erradicar as concepções que incluam a ideia de ‘progresso’ e desenvolvimento’ ao uso intensivo de combustíveis fósseis. É necessária uma transição progressiva, firme, justa e inclusiva, que respeite a vida, proteja a criação e não deixe ninguém para trás.

Fala-se que é mais fácil acreditar no fim do mundo do que transformar um sistema que gera desigualdade crescente e devastação ambiental. Nosso desânimo programado é parte das estratégias da (des)ordem mundial. Só em comunidade, com alianças entre as populações atingidas direta e indiretamente, cientistas, movimentos sociais, igrejas e as pessoas de “boa vontade como disse Francisco, podemos recuperar um sentido de verdade que nos permita a defesa do bem comum. A solução não virá de cima. Sejamos rebeldes aos regimes de apagamento da realidade, de cancelamento da solidariedade!

Não podemos esperar: o tempo é agora!

O que você achou desse conteúdo?