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Plínio Bortolotti: Quem disse que Lula não sabe negociar?
Opinião

Plínio Bortolotti: Quem disse que Lula não sabe negociar?

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No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofre severas críticas de setores empresariais, da turma da Faria Lima e de palpiteiros políticos pela sua suposta inabilidade em negociar com Donald Trump.

Esses críticos se esquecem que o presidente foi forjado na principal escola de negociadores existente no Brasil: o movimento sindical. E Lula destacou-se no momento de maior ebulição trabalhista nos anos pós-ditadura.

Portanto, não lhe faltam credenciais de negociador. O seu comportamento desafiador, longe de ser errático, é caso pensado: ele sabe que não pode transigir agora ou agir com tibieza, sem que represente uma humilhante derrota para a soberania brasileira.

Diferentemente do que ocorre no Brasil, personalidades destacadas da economia e da política e alguns dos principais jornais do mundo afirmam que Lula é hoje o único governante com coragem suficiente para enfrentar Trump, recusando-se a submeter o País às suas desmedidas exigências, mesmo sob violenta pressão da Casa Branca.

Depois de uma entrevista ao New York Times, o jornal anotou em seu Instagram: “Ninguém desafia Trump como o presidente do Brasil”. A Rede França Internacional (RFI) manchetou em seu portal de notícias: “Imprensa francesa sai em defesa do Brasil e vê tarifaço dos EUA como ‘arma política’ de ‘ingerência’”O jornal espanhol El País (10/8/2025), em texto assinado pela jornalista Naiara Galabarra Gortázar traz o título: “Lula e o sistema de justiça do Brasil resistem firmemente à punição tarifária de Trump”.

Não se trata de comércio ou de economia. Trump quer livrar seu parça Bolsonaro da cadeia (para que este lhe entregue o Brasil em uma bandeja); quer desmontar o Brics e acabar com o Pix, que pode ser o “futuro dinheiro”, como escreveu Paul Krugman, prêmio Nobel de Economia (2008).

Outro Nobel de Economia (2001) Joseph Stiglitz, em entrevista à BBC News, classificou como "chantagem" o tarifaço de Trump. Ele elogiou a resistência de Lula e incentivou outros chefes de Estado a aderirem ao exemplo.

Para Stiglitz, o presidente brasileiro seguiu "o único curso de ação possível” e também "o mais estratégico que o Brasil poderia adotar”.

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