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Capitão Wagner: Vínculo Sangrento
Opinião

Capitão Wagner: Vínculo Sangrento

Denuncio há 15 anos a existência desse elo no Ceará e, hoje, o Ministério Público reconhece cerca de 50 políticos envolvidos com o crime organizado, uma rede que se entrelaça com o poder público e corrompe a democracia
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Capitão Wagner. Presidente do União Brasil no Ceará. (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Capitão Wagner. Presidente do União Brasil no Ceará.

A barbárie no Ceará avança. Por vezes em silêncio – que se tornou símbolo do governador Elmano –, por vezes ao som de tiros, por vezes dentro de gabinetes de políticos que deveriam atuar em benefício do povo. O fato é que o Estado se recolheu, impotente. Na outra ponta, o crime cresceu e hoje domina o Ceará.

No meio dessa equação sangrenta, um vínculo: políticos e bandidos andando de mãos dadas. Denuncio há 15 anos a existência desse elo no Ceará. Minha fala nunca foi abstrata e hoje o Ministério Público reconhece: cerca de 50 políticos envolvidos com o crime organizado, uma rede que se entrelaça com o poder público e corrompe a democracia, deixando a população amedrontada.

Esse pacto alimenta as facções, lhes dá poder para matar, extorquir e tomar territórios inteiros. Em Uiraponga, zona rural de Morada Nova, quase 2 mil pessoas foram expulsas de suas casas por facções armadas, transformando o local numa cidade-fantasma. Apesar de triste e assustador, esse cenário não é exceção. Casos como o de Uiraponga, também denunciado por mim, se replicam pelo Estado, evidenciando o colapso da segurança pública e roubando a dignidade do cearense.

Sobral, Baturité, Morada Nova, Fortaleza... Maranguape. Alguns exemplos de cidades em que os moradores foram arrancados de suas raízes a mando das facções. Este último município, inclusive, perdeu o título de Terra do Riso e passou a ser conhecido nacionalmente como a Terra do Horror, por ser a cidade com a maior taxa de homicídios do Brasil, quase 80 mortes violentas por 100 mil, índice quatro vezes acima da média nacional. Esse horror se deve à guerra sangrenta entre facções, à omissão do governador Elmano e ao vínculo de políticos com bandidos!

Em pelo menos 12 municípios cearenses, operações policiais revelaram que prefeitos estavam sob o domínio das facções, com envolvimentos que vão de financiamento ilegal de campanhas a ameaças explícitas a adversários. O crime está ocupando espaços antes reservados ao Estado. A nova ordem do Ceará é: “facções controlam, o Estado observa”.

Para Elmano, a estratégia é apenas uma: silenciar frente às atrocidades diárias e, vez por outra, aparecer com falsas promessas, metas fantasiosas e o raso discurso de que houve queda geral nos homicídios. A realidade é outra. Se ele andasse nas ruas do Estado e ouvisse a população, saberia bem: não há policiamento, não há presença do Estado, só o poder do crime.

As facções ditam as regras: decidem quem pode entrar, quem pode morar e, o mais cruel, decidem até quem pode viver! Não dá mais para aceitar discursos vazios e promessas de campanha. Enquanto eles mentem e silenciam, o crime cresce e a população sangra.

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