Seja na escola ou até mesmo no meio familiar, os conselhos sobre qual carreira seguir são frequentes. Seguir a carreira de familiares próximos? Buscar áreas que ofereçam grandes remunerações? Tentar algo diferente? Alguns responsáveis tendem a transformar essas dúvidas em algo de simples resolução. Em conversa com um colega de profissão, ele compartilha um comportamento essencial para determinar que seu primo tentasse a carreira militar: o garoto de 12 anos arrumava a própria cama todos os dias ao acordar. Essa qualidade também é essencial a camareiros, faxineiros, cuidadores e outras profissões distantes da área militar. Mas para o meu colega, não havia dúvidas: o garoto seria um militar excelente. Se antes a necessidade de escolher um curso ou caminho para a vida era tomada ao fim do Ensino Médio, hoje, a pressão para essa decisão se inicia bem antes. No Ensino Fundamental já são observadas as valências e interesses de cada um, no início do Ensino Médio já se espera que o jovem tenha feito sua escolha. E se não a fez? É considerado confuso, indeciso e, até mesmo, perdido.
Observando como professor, é clara a diferença entre aqueles(as) jovens que sofrem com essa pressão e os(as) que não sofrem: ansiedade, transtornos alimentares, baixa autoestima, isolamento social entre outros problemas. A visão de que toda uma vida é determinada por uma escolha a ser tomada ainda no início da juventude retira toda a ideia da mudança ou da tomada de novas escolhas à medida em que se amadurece, além de conturbar as mentes e os corpos dos jovens em processo de aprendizado das questões sociais, emocionais e relacionais que os cercam. É um exercício árduo, mas convido a todos(as): que tal permitirmos que esse caminho seja construído por eles(as), com nossa supervisão, e não definido por nós?