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Arimá Rocha: Inteligência Artificial e o gênio da lâmpada?
Opinião

Arimá Rocha: Inteligência Artificial e o gênio da lâmpada?

A perfeição na era da IA jurídica não é mágica, é resultado da sinergia entre uma tecnologia avançada e a profundidade do conhecimento humano. O futuro do direito reside nessa colaboração inteligente
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Arimá Rocha

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No universo mágico das Mil e Uma Noites, o gênio da lâmpada de Aladim concedia os desejos de forma impecável, bastava formular o pedido e a mágica acontecia, materializando instantaneamente o anseio em sua forma mais acabada. Essa imagem de poder ilimitado e execução perfeita nos faz ponderar sobre as ferramentas de inteligência artificial que hoje se inserem no cotidiano do universo jurídico.

Assim como Aladim tinha seu gênio, advogados e juristas agora contam com IAs capazes de processar vasta quantidade de dados, pesquisar precedentes, redigir peças e decisões judiciais e até mesmo prever o desfecho de processos. A tentação de encará-las como um "gênio" é compreensível.

No entanto, a grande distinção reside na premissa de que a IA não é um gênio onisciente. Embora sua capacidade de processamento seja exponencialmente superior à humana, a qualidade da sua entrega é diretamente proporcional à competência e ao conhecimento do usuário.

Para que a inteligência artificial no campo do direito gere um "produto perfeito" - seja uma petição, um parecer, uma decisão ou uma análise complexa - o operador humano precisa ser um jurista exímio e um profundo conhecedor da matéria.

A IA é uma ferramenta poderosa, um amplificador da capacidade humana, mas não um substituto para a expertise. Ela não interpreta a sutileza da lei, não compreende as nuances da jurisprudência de forma autônoma e não se adapta a cenários imprevistos sem a devida orientação. É o operador do direito (Advogado, Juiz, Promotor, ...), com sua inteligência e experiência, quem formula as perguntas certas, quem calibra os dados de entrada e quem valida a saída gerada pela máquina.

Portanto, enquanto o gênio de Aladim transformava meros anseios em realidade impecável, a inteligência artificial no direito exige um operador competente e bem informado. A perfeição na era da IA jurídica não é mágica, é resultado da sinergia entre uma tecnologia avançada e a profundidade do conhecimento humano. O futuro do direito reside nessa colaboração inteligente, onde a excelência profissional continua sendo o pilar fundamental.

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