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A carta de Ibaneis a Trump
Opinião

A carta de Ibaneis a Trump

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O governador do Distrito Federal se safou do 8 de janeiro (2023), o inquérito contra si foi arquivado em março deste ano pelo Supremo Tribunal Federal. Agora, numa jogada imprudente, Ibaneis Rocha decidiu enviar uma carta formal ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pretensamente para defender a imagem de Brasília, buscando corrigir supostas "informações equivocadas" propagadas por Trump sobre a capital brasileira, e para, não tão implicitamente assim, criticar o governo federal.

Mandou às favas o pacto federativo, os protocolos e os canais diplomáticos, bem como as competências reservadas constitucionalmente ao presidente da República para representar o Brasil no âmbito internacional. Governadores não são embaixadores, não podem representar o Brasil internacionalmente sem coordenação federal. Enviar uma comunicação oficial de viés político a um chefe de Estado estrangeiro, à sorrelfa da União e sem seu aval, é uma tentativa clara de contornar o governo central, o que viola o costume internacional e fragmenta a soberania nacional, abrindo canais estranhos e nada comezinhos, que convidam para diálogos paralelos, os quais podem fomentar divisões internas, além de incentivar intromissões estrangeiras em assuntos domésticos.

A atitude de Ibaneis não se sustenta sob qualquer ponto de vista, dela não se podendo extrair qualquer ganho estratégico; é oportunismo malfadado, é erro de cálculo, iniciativa ridícula e perigosa, a qual há de ser desincentivada, notadamente em tempos nos quais estão em voga discursos imperialistas de anexação do Canadá e da Groenlândia. Talvez o aceno de Ibaneis a Trump possa custar-lhe o cargo. Enquanto isso, a sociedade brasileira se questiona: precisamos de governadores jogando para a plateia internacional ou de unidade para defender interesses nacionais comuns?

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