Presidir a CPMI do INSS representa, acima de tudo, uma responsabilidade pública de enorme relevância. Não se trata apenas de uma função política, mas de um compromisso moral com milhões de brasileiros que, após uma vida inteira de trabalho, foram lesados e tiveram seus benefícios indevidamente reduzidos.
Aposentados e pensionistas, em sua maioria de baixa renda, sofreram descontos que jamais autorizaram. Trata-se de um golpe bilionário que penalizou justamente os mais pobres, os mais vulneráveis, aqueles que dependem da Previdência para garantir sua sobrevivência.
Eu sei que a população tem desconfiança em relação às CPIs. Muitos brasileiros acreditam que comissões como essa acabam em nada. Mas quero afirmar de forma clara: não estamos aqui para encenar disputas partidárias ou criar factoides.
Esta CPMI não terá blindagem, não fará acordos de bastidores e não será instrumento de proteção para ninguém. Nosso compromisso é com a verdade e com a justiça. Os primeiros pedidos de prisão já foram feitos.
Nas primeiras audiências, ouvimos a defensora pública Patrícia Bettin Chaves, da Defensoria Pública da União, o delegado da Polícia Federal Bruno Oliveira Pereira Bergamaschi, responsável pela "Operação Sem Desconto", e o advogado Eli Cohen, profissional que reuniu as primeiras provas que revelaram as fraudes.
Todos foram unânimes em apontar que associações e sindicatos falsificavam assinaturas e até usavam gravações com inteligência artificial para inscrever idosos sem o conhecimento deles. Os descontos variavam entre R$ 30 e R$ 90, valores que podem parecer pequenos para alguns, mas que fazem enorme diferença no orçamento de quem depende de cada centavo para comprar remédio ou comida.
Estamos diante de um esquema que ultrapassa governos, da esquerda à direita, e que perdurou durante anos por falta de controle, transparência e mecanismos de segurança. A estimativa é de um prejuízo de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, atingindo cerca de 9 milhões de brasileiros.
A CPMI que presido tem prazo até março de 2026 para concluir os trabalhos, e vamos usar cada dia para ouvir gestores, presidentes do INSS, ministros da Previdência desde 2015, além de órgãos de controle e fiscalização. Queremos saber quem lucrou com o sofrimento dos aposentados, quem falhou na fiscalização e, principalmente, como evitar que esse crime se repita.
Nosso foco é garantir respostas concretas, propor mudanças e recuperar a confiança dos brasileiros nas instituições. O aposentado que trabalhou a vida inteira não pede privilégio: pede apenas respeito. E é isso que vamos oferecer com transparência, equilíbrio e coragem, com a contribuição de todos os deputados e senadores, em especial os do nosso querido estado do Ceará, Eduardo Girão, membro titular, e Augusta Brito, suplente da Comissão.
Presidir esta CPMI é, portanto, um chamado à responsabilidade. Não estou aqui para proteger partidos ou interesses. Estou aqui para honrar a confiança de cada brasileiro que espera justiça.