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O julgamento e os cálculos da direita para 2026
Opinião

O julgamento e os cálculos da direita para 2026

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Em meio ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal, diversos parlamentares têm colocado o Congresso Nacional no centro de um movimento para manter o bolsonarismo como uma das principais forças políticas do país.

Nesse contexto, ganha força a possibilidade de se aprovar uma anistia aos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro, medida que, na prática, beneficiaria o próprio ex-presidente. Não se trata apenas de uma pauta legislativa, mas de uma questão política central no debate sobre a sucessão presidencial de 2026.

A anistia tem ocupado parte dos debates políticos no Brasil, com desdobramentos inclusive no cenário internacional. A atuação de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, por exemplo, foi seguida por retaliações ao Brasil, como o "tarifaço" do Trump, a investigação sobre práticas comerciais nacionais, questionamentos dos EUA sobre o uso do PIX e sanções contra o ministro Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky.

O debate sobre anistia ganhou um novo ator relevante: Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro de Bolsonaro e atual governador de São Paulo. Recentemente, ele declarou que, caso chegasse à Presidência da República, seu primeiro ato seria conceder indulto imediato ao ex-presidente, que cumpre prisão domiciliar e pode ser condenado a até 43 anos de prisão.

Com forte vínculo com Bolsonaro e a vantagem de governar o estado mais populoso do país, Tarcísio se coloca como um dos principais herdeiros políticos do ex-presidente, apresentando grande potencial competitivo para 2026.

Segundo pesquisa da Quaest divulgada em 22 de agosto, 60% dos paulistas aprovam sua gestão e apenas 29% a desaprovam. Em um cenário para a eleição estadual de 2026, lidera com 43% das intenções de voto, contra 21% de Geraldo Alckmin (PSB), ex-governador e atual vice-presidente da República.

Embora, em tese, seja candidato à reeleição em São Paulo, circula a hipótese de que Bolsonaro possa apoiar Tarcísio para a disputa presidencial. Seu nome agrada a grande parcela das lideranças do Centrão, que enxerga nele um perfil com maior potencial eleitoral e capaz de abarcar parcela do eleitorado de direita mais moderado. Ao mesmo tempo, seu apoio à anistia sinaliza alinhamento com a base bolsonarista mais radical, fortalecendo laços políticos que podem ser decisivos para viabilizar um projeto presidencial.

O cenário eleitoral para a disputa presidencial de 2026 já começa a ganhar tração. De um lado, Lula, o PT e a defesa da atual gestão. Do outro, Bolsonaro (mesmo ainda fora da disputa) e o bolsonarismo, que segue mobilizando sua base. O julgamento do ex-presidente tem influenciado o debate político e legislativo, funcionando também como catalisador da organização da direita para a corrida eleitoral do próximo ano.

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