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Conceição Martins: Quem cuida de quem cuida? 
Opinião

Conceição Martins: Quem cuida de quem cuida? 

Mesmo quando uma mãe entrega tudo, ainda assim é vista como insuficiente. Tudo isso exige uma sobrecarga emocional, que muitas vezes culmina em uma depressão ou em problemas sérios relacionados à saúde mental
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Conceição Martins

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Algumas acordam cedo, outras nem dormem, tudo isso para correr atrás do que há de melhor para os filhos. A realidade das mães solos no Brasil é preocupante, já que muitas delas vivem uma vida solitária, exaustiva e inviabilizada. O Brasil conta com mais de 11 milhões de mulheres nessa condição, segundo dados recentes do IBGE. Sem uma rede de apoio, com o pai ausente, fica o questionamento: quem cuida de quem cuida?

Essa resposta é simples, não existe um cuidado com quem cuida. E, muitas vezes, ao invés da sociedade enaltecer, acolher ou ajudar essas mulheres, existe um julgamento por trás escancarado pelo machismo. A sociedade exige uma produtividade excessiva, presença constante da mãe e, por vezes, até questiona os pequenos momentos de lazer (quando eles existem).

E mesmo quando uma mãe entrega tudo, ainda assim é vista como insuficiente. Tudo isso exige uma sobrecarga emocional, que muitas vezes culmina em uma depressão ou em problemas sérios relacionados à saúde mental.

Mas precisamos reforçar que o cuidado com os filhos não deve ser sinônimo de abrir mão de si. As mães precisam de cuidado, precisam de rede de apoio, precisam lembrar que além de mãe são mulheres, namoradas, filhas, sobrinhas, são seres humanos.

Não dá para criar uma armadura e achar que as mães solo vão aguentar tudo sozinhas, sem nenhuma rede de apoio, porque não vão e uma hora tudo vai desmoronar. Não é justo que essas mulheres percam momentos importantes da vida porque estão se dedicando exclusivamente aos filhos, enquanto aquele pai não dá nenhum tipo de suporte. Essa é uma realidade que não pode ser mais permitida de forma alguma.

Nesses casos é necessário que existam políticas públicas com acesso facilitado à saúde mental, creches em tempo integral para os filhos dessas mães e principalmente que a justiça seja cada vez mais rígida com assuntos relacionados aos direitos dos pais.

Não podemos mais viver em uma sociedade que sobrecarrega mulheres e que não oferece suporte para aquelas que cuidam sozinhas de seus filhos. É preciso agir. Afinal, quem cuida também merece cuidados! 

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