As disputas jurídicas no Brasil, especialmente as que envolvem a alta política, revelam mais que questões de direito. Elas refletem estratégias complexas que combinam táticas judiciais, pressão política e, por vezes, manobras econômicas. As abordagens adotadas por Lula e Bolsonaro em seus processos demonstram essa realidade de forma contundente.
A defesa de Lula, condenado na Lava Jato, focou em argumentos técnicos. A tese central era que o juiz Sérgio Moro não tinha competência para o caso e agiu com parcialidade. Essa estratégia, vista com ceticismo, foi validada em 2021 pelo STF, que anulou as condenações. Paralelamente, Lula buscou a internacionalização, apelando à ONU para denunciar violações do devido processo legal. A mensagem era clara: a justiça brasileira estava sendo manipulada.
A defesa de Bolsonaro também questiona a competência e a imparcialidade do STF, mas sua estratégia vai além do jurídico. A internacionalização, neste caso, não ocorre via direitos humanos, mas por apelos diretos a políticos e instituições financeiras estrangeiras, como nos Estados Unidos. O objetivo é criar pressão externa que fragilize as instituições brasileiras e coloque em xeque a legitimidade judicial.
Aqui, a política se mistura com a economia: o "tarifaço" pode ser uma peça-chave na estratégia de pressão de Bolsonaro e aliados. Ao causar instabilidade econômica (com potencial de aumentar desemprego e inflação), a oposição criaria uma crise que desgastaria o governo atual e as instituições que o apoiam, incluindo o Judiciário.
Em resumo, enquanto a estratégia de Lula se concentrou em deslegitimar o processo judicial e seu principal algoz através de recursos técnicos e de direitos humanos, a de Bolsonaro se mostra mais ampla, ousada e perversa. Ela busca usar a instabilidade política e econômica como arma para enfraquecer o sistema e pressionar por decisões que o beneficiem.
O que nos faz pensar: estratégias diferenciadas ou mais uma tentativa de golpe de Estado? A diferença crucial reside no método: um apelou a leis e normas internacionais; o outro, apresenta uma intersecção complexa entre a defesa legal e a estratégia de desestabilização econômica.
A verdadeira batalha não está apenas nos tribunais, mas na esfera pública, na economia e no cenário internacional, onde cada movimento jurídico se torna uma jogada política com consequências que afetam a todos.
A estratégia de Bolsonaro não se limita aos aspectos jurídicos, mas se estende a uma análise moral e política, questionando se é ético e responsável usar a economia do Brasil como refém para resolver problemas de ordem pessoal. Enfim, que Bolsonaro enfrente a justiça sem covardia e 'mimimi', como fez Lula.