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Antonio Jorge Pereira Júnior: "Farsa Suprema - golpe contra o povo"
Opinião

Antonio Jorge Pereira Júnior: "Farsa Suprema - golpe contra o povo"

O bloqueio mental, por sua vez, age como um filtro intransponível. Ideias divergentes são sumariamente descartadas sem análise, e a empatia é substituída pela desconfiança
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Antonio Jorge Pereira Júnior, doutor e mestre em Direito - USP, professor do Programa de Mestrado e Doutorado em Direito da Unifor (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Antonio Jorge Pereira Júnior, doutor e mestre em Direito - USP, professor do Programa de Mestrado e Doutorado em Direito da Unifor

Em tempos de polarização crescente, um paradoxo preocupante assola o debate público: indivíduos que se autoproclamam defensores da democracia, paradoxalmente, flertam com comportamentos que desvirtuam seus próprios pilares. Observamos o atropelo sistemático de direitos e garantias fundamentais de oponentes políticos, muitas vezes com a imputação de crimes jamais cometidos. Essa dinâmica não é aleatória; ela se nutre de um terreno fértil de distopia, bloqueio mental e, sobretudo, viés confirmatório.

A projeção de um futuro distópico, onde o "outro" é uma ameaça existencial, serve como justificativa para toda e qualquer medida, por mais autoritária que seja. Nesse cenário, a "ameaça" - real ou imaginária - legitima a suspensão de preceitos democráticos. O bloqueio mental, por sua vez, age como um filtro intransponível. Ideias divergentes são sumariamente descartadas sem análise, e a empatia é substituída pela desconfiança.

Agravando esse quadro, o viés confirmatório se manifesta de forma perversa. Pessoas buscam e interpretam informações de modo a confirmar suas crenças pré-existentes, ignorando ou distorcendo dados que as contradigam. Se a crença é que o oponente é intrinsecamente "mau" ou "perigoso", qualquer rumor, insinuação ou mesmo uma notícia fabricada é prontamente aceita como prova irrefutável. A narrativa predefinida sobre o inimigo político é mais forte que a realidade.

O resultado é a demonização do adversário, desumanizando-o ao ponto de justificar o vilipêndio de sua dignidade e direitos. Acusações infundadas tornam-se "fatos" irrefutáveis, e o devido processo legal é visto como um obstáculo, não uma salvaguarda. A presunção de inocência cede lugar à presunção de culpa ideológica.

Para que a democracia sobreviva, é imperativo que cada cidadão reflita sobre a própria vulnerabilidade a esses mecanismos psicológicos. A autocrítica, a busca por fontes diversas e a defesa irrestrita dos direitos de todos, inclusive dos que pensam diferente, são antídotos essenciais contra a corrosão democrática que o falso manto da virtude pode esconder. A vigilância é o preço da liberdade. Fique atento.

Em breve ficará mais evidente que, por trás da urdidura do falso golpe, há um verdadeiro inimigo do Povo.

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