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Entre o sonho do diploma e a realidade das redes
Opinião

Entre o sonho do diploma e a realidade das redes

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Diante de um cenário em que a vida e os contextos sociais de muitos brasileiros são expostos nas redes sociais para milhões de jovens em nosso país, pensar em ser CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e ganhar um salário mínimo pode soar como algo vergonhoso para as gerações Z e Alfa.

Em poucos minutos, no TikTok ou Instagram, somos bombardeados com viagens de terceiros, relatos de superação, vídeos de rotina em casas milionárias e vidas aparentemente perfeitas. Nesse contexto, crescer profissionalmente pela via do esforço e da dedicação acaba sendo visto como algo desnecessário ou até impossível. Afinal, por que gastar anos em um curso de graduação se é possível ser influenciador digital e ganhar mais do que um advogado?

Essas são reflexões que vêm ocupando a mente dos jovens, especialmente em um país onde pessoas de 18 a 24 anos ainda enfrentam grandes obstáculos para conseguir o primeiro emprego. Segundo dados do IBGE, a taxa de desemprego nessa faixa etária é duas vezes maior que a média nacional de 15,3%.

Diante da enorme desigualdade social que vivemos é desanimador pensar em estudar anos para prestar o Enem, cursar uma universidade e, ao final, não conseguir sequer um bom emprego na área ou pior, receber menos do que se deveria. Um jovem da periferia que já precisa trabalhar desde cedo para ajudar em casa, pode se sentir ainda mais distante desse "roteiro da vitória".

Enquanto isso, ao abrir as redes sociais, vê pessoas da mesma idade ganhando em um único story no Instagram ou vídeo no TikTok, o equivalente ao que ele levaria um ano inteiro para conquistar. Em alguns casos, até em plataformas de conteúdo adulto.

Assim, a incerteza sobre um futuro profissional construído pelo esforço próprio começa a se transformar em um sonho cada vez mais distante na mente desses jovens.

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