Eu desconfio que o amor possa existir plenamente,
quando um oferece detalhe e ternura,
e o outro responde com seu ser indiferente,
sem o calor que tanto se cativa.
É estranho dizer "eu te amo" no vazio
e não ver a alma do outro despertar;
complicado é arder em fogo intenso,
enquanto o outro já não sabe se inquietar.
Talvez amar seja apenas invenção:
momento, acaso, pura conveniência,
ou aquilo que brota da solidão,
um nome incerto, quase alucinação.
Ainda assim, prefiro acreditar no encontro,
não de corpos, mas de essências profundas;
nesse dia o amor será eterno em si,
sem tempo ou dor, partilha de almas recíprocas.