A Prefeitura de Fortaleza está realizando uma reforma na Praça do Ferreira. Será mesmo necessária mais uma reforma, ou uma manutenção bastava?
Quanto custará essa reforma? Ela terminará no prazo previsto ou será adiada como tantas outras? Bom, mas que foi uma maneira de tirar as pessoas em condições de moradores de rua da praça, não resta dúvida. Se bem que eles - as PECMR - apenas se espalharam pelas ruas e praças do entorno. Será que outras praças irão passar por reformas?
A questão das pessoas em condições de moradores de rua é antiga e complexa. Para se ter ideia, países da Europa e os Estados Unidos - para ficar nos ricos -, praças, ruas e beiras de estradas foram invadidas pelos excluídos do sistema, situação que vem sendo agravada pelo regime capitalista, que privilegia uns poucos em detrimento de uma maioria de desempregados, pobres e miseráveis, fonte dos que ocupam as ruas. Talvez um investimento em moradia (existem muitos prédios desocupados no centro da cidade); cursos e treinamentos de trabalhadores para recolocação no mercado de trabalho; cuidado da saúde mental - psicólogos, psiquiatras, clínicos gerais, além das casas de apoio, tudo deveria ser realizado paralelamente à reforma da Praça do Ferreira. Investir nessas pessoas que vivem na extrema pobreza faria a diferença para qualquer administração.
É interessante ver a disposição e o carinho com que os voluntários distribuem sopa e sanduíches aos moradores de rua. Esses parceiros estão cadastrados pela Prefeitura? É o caso de perguntar: existe parceria com os ricos comerciantes e industriais com visto para a reforma da Praça do Ferreira? O exercício da política na social-democracia deveria englobar parcerias com empresas e pessoas físicas para que a sociedade civil e as instituições públicas sejam partícipes das questões sociais.
Há soluções no que diz respeito aos moradores de rua. Convém perguntar como países como a China, a Suécia e a Colômbia resolveram esse problema? Com certeza, existe uma política social abrangente e de longo prazo. O que, de fato, não tem sentido é que, em pleno século XXI, com a farta produção de alimentos e o grande avanço tecnológico, a população das grandes cidades ainda se depare com famílias inteiras dormindo em cima de colchões velhos, ao relento, em plena praça.
A musculatura da democracia necessita ser exercitada. O povo precisa ir às ruas fazer valer suas reivindicações e barrar o avanço da extrema direita, pois, corre o risco do que é ruim ficar pior com vistas às eleições do próximo ano. Caso a extrema direita saia vitoriosa, basta a ela criar uma narrativa fake news para transformar a Praça do Ferreira com as pessoas em condições de moradores de rua em nossa faixa de Gaza.