Estamos quase em 2026 e ainda carregamos pensamentos primitivos, preconceituosos e julgadores. Esses sentimentos aparecem até quando falamos sobre os nossos amores. Muitos acreditam que só existe um tipo de amor ou que não pode haver concomitância. Dizem que devemos amar apenas uma pessoa, pois amar mais de uma seria sinal de falta de caráter. Entretanto, aprendi com a autora Geni Nunez que esses pensamentos são criações do homem branco europeu, movido pelo poder, capitalismo e dominação pela religião. Quero citar alguns amores que passaram e ainda passam pela minha vida e que existiram ou existem no plural, mesmo que cada um seja singular. O amor materno é tão poderoso que começa antes da troca de olhares entre mãe e bebê. Muitas mães dizem que é o amor mais forte. Eu conheci esse amor como filha, porque tive uma mãe maravilhosa. Imagino como deve ser intenso viver o amor de mãe. Enquanto estamos enebriados por esse amor materno, também é possível amar outras pessoas: um bom pai, irmãos, avós, tias, primos. Todo esse afeto faz parte da nossa vida desde crianças. Crescemos e temos amigos, sim, no plural. Cada amigo é amado, ainda que de formas diferentes. Só os ciumentos exigem exclusividade. Surge algo que não deveria existir: a ideia de subtrair amor, em vez de somar. Mais adiante, iniciamos relacionamentos amorosos e tudo se complica. A sociedade nos ensinou a amar apenas uma pessoa. Quem acolhe a possibilidade de amar mais de uma é colocado na caixinha dos promíscuos, sujos, carentes e mal-amados. Este texto é apenas um desabafo. Não estou comprometida com teorias; sei que os amores são plurais e não seria capaz de descrever sequer 1% do que existe. Estou apenas transformando em palavras meus sentimentos, que agora se abrem para acolher todas as possibilidades do AMAR.