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Joaquim Cartaxo: Metropolização e transformações urbanas
Opinião

Joaquim Cartaxo: Metropolização e transformações urbanas

.A metropolização representa uma manifestação espacial do crescimento urbano, resultado de fatores econômicos e sociais. Compreendê-la exige uma abordagem interdisciplinar que considere suas contradições, efeitos e implicações sobre territórios e populações
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Joaquim Cartaxo

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Edward Soja (1941-2015) declarou o fim da era das metrópoles ao afirmar que a urbanização indutora de metrópoles deu lugar a um processo de dispersão populacional, de atividades e da rede urbana, fazendo surgir regiões urbanas policêntricas. Este fenômeno, iniciado nos anos 1990, combina concentração e dispersão e seus desdobramentos vêm se consolidando ao longo do século 21.

A dispersão intensifica-se pela ampliação e diversificação das redes de transporte, que conectam territórios, promovem a mobilidade populacional e alteram a organização urbana. O crescimento populacional nas periferias, onde o custo da terra é mais acessível, contribui para a expansão periférica e a segregação socioespacial expressa nos loteamentos e condomínios fechados construídos sem continuidade da malha urbana.

Também geógrafa, Sandra Lencioni afirma que esse processo aproxima os mundos urbano e rural devido à capitalização do campo e à crescente diversidade das atividades campesinas, não mais limitadas ao cultivo ou à criação de animais.

Ela alerta que cultura, valores e relações sociais urbanas se difundem no meio rural.  Assim, cidade e campo integram-se e o lugar de moradia das pessoas não é mais critério para a distinção entre rural e urbano, dadas a urbanização do campo e a periurbanização, que tornam difusos os limites entre esses ambientes.

Tem-se, então, a metropolização do espaço, caracterizada pela expansão territorial e funcional das cidades sob novos padrões de consumo, produção e organização espacial. É uma etapa do desenvolvimento urbano decorrente de variáveis como a concentração de atividades econômicas, o aumento dos fluxos migratórios e a incorporação de territórios às dinâmicas urbanas.

Nela, concentração de renda, déficit habitacional e precarização de serviços públicos acentuam desigualdades, agravadas pelo falho planejamento urbano e baixa integração de políticas dos municípios que formam as regiões metropolitanas.

A metropolização representa uma manifestação espacial do crescimento urbano, resultado de fatores econômicos e sociais. Compreendê-la exige uma abordagem interdisciplinar que considere suas contradições, efeitos e implicações sobre territórios e populações.

 

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