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Glêdson Bezerra: Educação Inclusiva: de direito à realidade no nosso dia a dia
Opinião

Glêdson Bezerra: Educação Inclusiva: de direito à realidade no nosso dia a dia

A inclusão educacional busca, de maneira essencial, promover a convivência, o respeito s diferenças e o suporte adequado para que todos tenham acesso a uma educação de qualidade
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Glêdson Bezerra. Prefeito de Juazeiro do Norte. (Foto: JoaoFilho Tavares)
Foto: JoaoFilho Tavares Glêdson Bezerra. Prefeito de Juazeiro do Norte.

O grande educador brasileiro Anísio Teixeira nos ensinou que a educação é a chave para o desenvolvimento de uma nação. Nesse sentido, ela deve ser instrumento de transformação social, capaz de promover a igualdade de oportunidades e valorizar a cultura e a identidade de cada pessoa. Esse pensamento, que revolucionou a pedagogia no país, ganha nova dimensão quando tratamos da educação inclusiva.

Durante muito tempo, o ensino de crianças e jovens com deficiência foi visto como questão de assistência ou caridade. As chamadas “escolas especiais” cumpriram um papel histórico, é verdade, mas acabaram reforçando a segregação, afastando essas pessoas da convivência social e, muitas vezes, limitando suas possibilidades de desenvolvimento.

Hoje, reconhecemos que a inclusão educacional busca justamente o contrário: promover a convivência, o respeito às diferenças e o suporte adequado para que todos tenham acesso a uma educação de qualidade. Entretanto, os desafios persistem — da necessidade de recursos à formação de professores e à efetivação de políticas públicas. Avançar nessa direção exige não apenas mudanças estruturais, mas também uma transformação cultural em nossa sociedade.

Segundo o Censo Escolar 2023 (Inep), as redes públicas lideram a inclusão: 97,8% dos alunos com deficiência estão em classes regulares na rede estadual e 97,3% na municipal. Já na rede privada, o índice cai para 56,2%. Ou seja, é o setor público que sustenta o motor da inclusão educacional no Brasil. Ainda assim, o caminho não é simples.

A diversidade de necessidades cresce a cada dia e exige da escola um conhecimento cada vez mais especializado. Inserir o aluno em sala regular não é suficiente: é preciso garantir condições de aprendizagem. Nesse cenário, o professor encontra turmas muito mais heterogêneas, e a presença de profissionais de apoio torna-se indispensável.

Muitas vezes, entretanto, o papel desses profissionais se confunde com a função docente, o que revela a urgência de clareza nas atribuições e da oferta de formação adequada. O grande desafio é: como acompanhar a velocidade das transformações que a realidade impõe?

É preciso lembrar que a inclusão não é apenas responsabilidade da escola, mas também da família, da sociedade e das lideranças políticas. Não basta garantir matrícula e acolhimento: nossas crianças precisam aprender, e isso exige estratégias pedagógicas diferenciadas aliadas ao compromisso de assegurar os direitos de todos. Anísio Teixeira estava certo: o futuro do Brasil se constrói na escola. Mas essa escola só será, de fato, para todos, quando todos também participarem dela.

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