A plataforma de notícias Uol (20/10/2025) divulgou levantamento mostrando que parlamentares assinaram pelo menos duas mil proposições redigidas por lobistas.
O lobby não é uma atividade ilegal no Brasil, no entanto, sem regulamentação, permite, por exemplo, que parlamentares recebam lobistas em seus gabinetes sem registro da agenda.
O Uol analisou 345 mil documentos do Congresso utilizando um software estatístico, seguindo os rastros deixados por metadados. Assim, chegou a aproximadamente duas mil proposições apresentadas no Congresso: projetos de lei, requerimentos e outras medidas, redigidas por lobistas, desde 2019.
Os textos foram assumidos por parlamentares de diferentes partidos, segundo o Uol. Entre eles, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Há quatro anos, o deputado incluiu em uma medida provisória (MP), que tratava de isenções fiscais na pandemia, uma emenda para reduzir impostos para as bets. Mas o texto foi redigido por uma advogada que trabalhava para as empresas de jogo. A propósito, as casas de apostas têm uma bancada poderosa no Congresso.
O deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP) apresentou proposta para zerar tributos de remédios, elaborada por um funcionário do sindicato da indústria farmacêutica.
Roberta Roma, deputada federal (PL-BA), assumiu uma proposta com origem na Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) para acabar com o programa de alimentação saudável nas escolas.
O estudo do Uol identificou que em torno de 60% dos textos preparados por lobistas partem de entidades empresariais.
Juntando-se essa informação do Uol, reveladora de um eficiente lobby empresarial, e a composição da Câmara, com sua influente bancada BBB (boi, bala e bíblia), entende-se melhor a dinâmica do Congresso. E por que as propostas que favorecem os trabalhadores sofrem tanta rejeição.
Segundo a plataforma Congresso em Foco (10/11/2023) as bancadas armamentista, ruralista e evangélica "têm peso suficiente para emplacar pautas legislativas, barganhar com o governo e até para mudar a Constituição", alinhando-se a temas conservadores nos costumes e na economia.
Esses dados deveriam ao menos levar à reflexão de como o brasileiro elege representantes que pouco representa seus interesses.