Do palco, o cantor parou o show quando percebeu a presença da ex-professora na plateia. "Eu sei que você sente orgulho. Porque foi com vocês que eu aprendi a ser um rapaz direito", afirmou João Gomes, antes de cair no choro, emocionando também a educadora Verlandia Fernandes, o público presente na festa e o País, após o vídeo viralizar.
A cena bonita de gratidão entre o compositor e a professora de literatura — incentivadora para o jovem pernambucano escrever poesias — é emblemática da persona pública do bem sucedido artista de apenas 23 anos.
Com letras sobre amor, melodias cativantes e personalidade marcada pela espontaneidade, o cantor de forró tem conseguido a simpatia de diferentes públicos — de roqueiros e pagodeiros. Mais que um "bom menino", João ganha o público por transitar bem entre a tradição de Luiz Gonzaga e os sons da Geração Z. Tudo pautado na simplicidade, sem o verniz típico das celebridades.
Não por acaso, hoje é o principal nome do forró que circula entre os festivais musicais pautados pela MPB e pelo pop no Brasil. João cabe no Festival Zepelim e também na festa "Ao Vivão" do sertanejo Murilo Huff, só pra citar algumas passagens do artista por Fortaleza. No mês que vem, está de volta ao lado de nomes do rap, do samba e do soul no evento "Tamo Junto BB" no Marina Park.
Só neste outubro que se encerra agora, João cravou mais dois feitos simbólicos. O primeiro deles é que foi o artista convidado para estrear o mundialmente reconhecido formato Tiny Desk, agora na versão Brasil. A escolha do músico para inaugurar esse espaço joga luz na força do forró como símbolo não somente regional, no Nordeste, mas também nacional.
O segundo grande momento de João neste mês foi o megashow realizado em frente aos Arcos da Lapa, no Rio de Janeiro, numa "tomada" de outro símbolo de brasilidade mundo afora. O pernambucano reuniu 50 mil pessoas numa gravação de DVD com participação de Ivete Sangalo, Zeca Pagodinho e MC Cabelinho — dois destaques absolutos de ritmos populares e um nome da música urbana contemporânea.
A presença do funkeiro evidencia outra característica de João: ele está de olho nas trends, incluindo as danças ousadas de bregafunk (até o divertido "passinho do jamal"). O artista é jovem e, apesar de ancorar seu estilo nas raízes do forró, não perde a chance de se conectar com o público que mobiliza as redes sociais. O artista viraliza também por manter certa ingenuidade, não captando, por exemplo, piadas de duplo sentido da humorista Tata Werneck durante entrevista.
Num cenário tomado pelo "real fabricado", no qual nomes como a empresária e influenciadora Virginia Fonseca ditam caminhos, João tem conquistado seu espaço — na música e no coração dos brasileiros — sendo o João. Claro que o palco e as telas convocam performances, mas o menino da cidade de Serrita consegue preservar sua identidade e ainda reafirmar que o forró (e seus expoentes) podem, sim, ser símbolos nacionais.