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Ana Katrine de Moraes Sousa: 2025, ainda dá tempo de começar algo?
Opinião

Ana Katrine de Moraes Sousa: 2025, ainda dá tempo de começar algo?

.Novembro e dezembro são meses que colocam o espelho diante da alma — e perguntam, sem piedade: o que você fez com o seu tempo?
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Ana Katrine De Moraes Sousa

Articulista

Novembro chega sempre com um cheiro agridoce de transição. É o mês em que o sol parece se lembrar de que existe verão à frente, mas o corpo ainda carrega o cansaço acumulado de um ano inteiro de tentativas. As agendas já começam a se encher de prévias de confraternizações — o "vamos marcar" que, desta vez, talvez aconteça. E, entre um feriado e outro, a gente percebe que o ano está acabando. Novembro é um convite à reflexão. Não apenas sobre o que fizemos, mas sobre o que deixamos de fazer.

O projeto de saúde que começou em janeiro — e parou em fevereiro. O curso que ficou pela metade. As promessas feitas no Réveillon, escritas em guardanapo molhado, que ainda esperam se tornarem realidade. A gente se pergunta: será que ainda dá tempo?

A chegada de novembro traz um ar de contagem regressiva. As ruas ganham luzes antecipadas de Natal, as empresas falam em metas e balanços, e o coração — cansado, mas insistente — sente um misto de melancolia e esperança. É quando percebemos que o tempo não para, mas talvez a pressa precise. Há uma nostalgia silenciosa no fim do ano. Ela se disfarça de cansaço, de "só quero descansar", mas é também o eco das coisas que queríamos ter vivido e não vivemos.

Novembro e dezembro são meses que colocam o espelho diante da alma — e perguntam, sem piedade: o que você fez com o seu tempo? Mas é aí que mora a beleza. Ainda há tempo. Sempre há. É o mês em que o corpo pede pausa, mas o coração, se escutado com cuidado, ainda pede movimento. Talvez não dê mais para mudar o rumo inteiro de 2025, mas ainda dá para ajustar a rota. Dá para voltar a caminhar, para escrever uma página nova, para cuidar do corpo e, sobretudo, da alma.

Dá para retomar o que parecia perdido, sem precisar esperar janeiro chegar com suas promessas ilusórias de recomeço. Porque o tempo, afinal, é só uma moldura. E se o ano já está quase no fim, que ele acabe bonito — com saúde, encontros sinceros, e a leve certeza de que viver é mesmo isso: começar de novo, quantas vezes for preciso. Então, talvez a pergunta não seja se ainda dá tempo. Talvez a pergunta verdadeira seja: por que esperar 2026, se o agora ainda existe?

 

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