A próxima revolução cultural e econômica já começou - e tem menos de 15 anos. A Geração Alpha, nascida a partir de 2010, é a primeira geração totalmente nativa de inteligência artificial. Crescem interagindo com assistentes de voz, aprendendo com algoritmos e navegando por múltiplos universos digitais. Mais do que usuários de tecnologia, são coautores do futuro.
Segundo dados da Mintel e da Axios, os Alphas já influenciam 42% dos gastos familiares e devem movimentar US$ 5,5 trilhões até 2029. Sua influência molda o que famílias consomem, como marcas se comunicam e quais experiências ganham relevância cultural. Eles priorizam autenticidade, diversidade, saúde emocional e impacto ambiental - e esperam que empresas e instituições ajam com propósito.
Mas o que esse movimento representa para o Brasil - e especialmente para o Ceará, terra de criatividade, afetividade, cultura vibrante e empreendedorismo resiliente? Representa uma oportunidade única de unir tradição e inovação, preservando identidade e, ao mesmo tempo, incorporando visão de futuro.
Do turismo à gastronomia, da moda à educação, marcas e iniciativas cearenses podem transformar histórias e territorialidade em experiências híbridas, humanas e tecnológicas, conectando raízes a novos códigos culturais.
Essa transformação já está em curso em mercados globais. Nos Estados Unidos, tenho conduzido iniciativas com grandes organizações para entender e antecipar o comportamento Alpha. Uma delas é a Symrise, empresa alemã responsável por fragrâncias usadas nas maiores marcas de perfumes e beleza do mundo.
Juntos, realizamos o primeiro Alpha Think Tank, reunindo jovens, cientistas e líderes de marketing para mapear rituais e desejos sensoriais dessa geração. O impacto foi imediato: marcas já iniciaram ajustes estratégicos a partir dos insights cocriados.
A Geração Alpha não deseja apenas consumir; quer pertencer, participar e transformar. São filhos de pais hiperconectados, netos de quem precisou reinventar o trabalho e protagonistas de um novo pacto entre tecnologia, cultura e propósito.
O futuro que constroem não será apenas digital - será sensorial, colaborativo e profundamente humano. A nós, líderes, educadores e empreendedores, cabe preparar o terreno. Não para ensiná-los, mas para aprender com eles. Porque a inovação mais poderosa nasce do diálogo entre gerações - e o Ceará tem tudo para ser referência nessa conversa.