Logo O POVO+
Thaty Rabello: Um chamado à consciência e à ação sustentável
Comentar
Opinião

Thaty Rabello: Um chamado à consciência e à ação sustentável

A COP30 pode estabelecer metas globais, mas a transformação real não começa em conferências, começa no comportamento. O futuro não espera. Ou agimos agora, ou herdaremos não um planeta em risco, em colapso
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Comentar
Thaty Rabello. Diretora criativa e referência nacional em moda com propósito. (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal Thaty Rabello. Diretora criativa e referência nacional em moda com propósito.

Enquanto o mundo volta os olhos para a COP30, que acontecerá neste mês de novembro em Belém, a crise climática evidencia que não é mais possível separar consumo, produção e responsabilidade, inclusive na moda. Segundo a ONU Meio Ambiente (2023), a indústria têxtil é responsável por cerca de 10% das emissões globais de carbono e consome mais água do que toda a produção alimentar combinada.

O problema não está só no que produzimos, mas na velocidade com que descartamos. O Brasil joga fora cerca de 170 mil toneladas de resíduos têxteis por ano (ABIT, 2024), enquanto o artesanato, trabalho manual, cultural e de baixa emissão movimenta R$ 100 bilhões anuais e envolve 8,5 milhões de trabalhadores (IBGE, 2023). Essa contradição revela que temos uma economia criativa forte, mas ainda desconectada da urgência ambiental.

O futuro da moda não está em produzir mais, mas em produzir melhor: com circularidade, reaproveitamento, impacto local, mão de obra valorizada e consciência na origem. Como sempre repito: “Moda não é só consumo é memória. Cada peça feita à mão sustenta histórias que a indústria não conta.”

É nesse ponto que a moda com propósito deixa de ser tendência e se torna compromisso. O futuro não será sustentável porque é bonito, mas porque é necessário. Upcycling, reaproveitamento de resíduos têxteis, economia circular e fortalecimento do feito à mão não são mais alternativas, são caminhos de sobrevivência para o planeta e de dignidade para quem produz.

A COP30 pode estabelecer metas globais, mas a transformação real não começa em conferências, começa no comportamento. O futuro não espera. Ou agimos agora, ou herdaremos não um planeta em risco, mas um planeta em colapso.A sustentabilidade deixou de ser estética: é ética.

A moda que queremos deixar para o futuro não é a que acompanha tendências, mas a que cria consciência. Porque, no fim, não se trata de perguntar o que está na vitrine, mas o que estamos deixando na história.

Se a moda pode influenciar desejo, ela também pode influenciar comportamento. O que vestimos comunica e toda escolha deixa rastro. A questão é: Queremos deixar lixo ou legado?

O que você achou desse conteúdo?