Os recentes acontecimentos da política brasileira vão clareando, cada vez mais, a situação eleitoral de 2026. De um lado, Lula parece ter contido o esfarelamento de sua candidatura à reeleição, com o presente que Eduardo Bolsonaro lhe deu dos EUA, fabricando um inimigo e uma agressão externos. Do outro, com Jair Bolsonaro cada vez mais próximo da cadeia, ganha nova força a hipótese de uma candidatura de um dos filhos ou da esposa, a serem lançados aos 45 do segundo tempo. Completamente ineficaz para vencer a eleição, mas muito eficaz para eleger muitos congressistas e manter o capital político aceso, para o futuro - exatamente como Lula fizera em 2018. Isso explica o recuo de Tarcísio de Freitas, que não aceitará esta humilhação de ser candidato tampão de última hora. A estratégia de Bolsonaro abre espaço para o crescimento de uma candidatura ao centro, da mesmíssima forma com que em 2018 a estratégia de Lula abriu margem para Ciro Gomes atingir a cifra de 13 milhões de votos, sem partido relevante e sem recursos, com uma chapa completamente pura. Ronaldo Caiado, ao contrário de Ciro, está no maior partido do País, com o maior corpo de recursos materiais para conduzir uma campanha vitoriosa. É bem verdade que já apresenta dificuldades na partida, não havendo unidade no interior da Federação pelo seu nome, sobretudo no PP. A empreitada dará com os burros na água sem o auxílio de Ciro Gomes. Ele é o único que pode garantir a Caiado a cifra de 10 por cento dos votos até julho, condição que lhe foi imposta por seu partido para bancar a sua candidatura em 2026. Ciro Gomes, de sua parte, tem demonstrado sucessivamente que não veria problema algum em compor como vice em uma candidatura minimamente alinhada com o seu projeto de País. A costura dessa aliança deve ser sustentada em compromissos públicos assumidos por Caiado em política econômica.