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Ingryd Freitas: Redes sociais e a nova forma de comer fora
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Opinião

Ingryd Freitas: Redes sociais e a nova forma de comer fora

As redes também mudaram o papel do consumidor. Uma experiência negativa pode viralizar, e uma positiva criar um efeito de hype que nem sempre corresponde à realidade. Para os estabelecimentos, adaptar-se tornou-se inevitável
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Ingryd Freitas

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Hoje, comer fora nunca foi tão exposto. Redes sociais como Instagram, TikTok e X (antigo Twitter) transformaram cada refeição em espetáculo. Antes mesmo de provar o prato, muitas pessoas fazem fotos de pratos e drinks, registram o ambiente do restaurante, gravam vídeos do local, tudo para compartilhar com os seguidores. O que era experiência pessoal passou a ser conteúdo público.

Essa mudança trouxe benefícios. Pessoas descobrem novos lugares, valorizam culinárias locais e têm acesso a informações que antes ficavam restritas a críticos profissionais. Restaurantes também entenderam que a presença digital é tão importante quanto o menu. Não basta servir bem; é preciso pensar em iluminação, decoração e apresentação. Uma imagem postada pode atrair clientes tanto quanto uma recomendação boca a boca.

Mas há impactos menos evidentes. Muitas vezes, a busca pelo “conteúdo perfeito” supera o prazer da refeição. Há quem escolha restaurante pela estética do prato ou pelo número de seguidores de quem indicou, não pelo sabor ou pelo ambiente.

O fenômeno se repete a cada inauguração, filas se formam antes mesmo de os clientes conhecerem o cardápio. Muitos vão movidos mais pelo hype do que pela curiosidade gastronômica. Enquanto isso, outros estabelecimentos, que há anos oferecem comida de qualidade e experiências acolhedoras, acabam ficando em segundo plano. É uma inversão que mostra o poder das redes, mas também revela o risco de esquecermos a diversidade que já existe ao nosso redor.

As redes também mudaram o papel do consumidor. Comentários, fotos e vídeos influenciam a reputação de restaurantes, cafés e bares em tempo real. Uma experiência negativa pode viralizar, e uma positiva criar um efeito de hype que nem sempre corresponde à realidade. Para os estabelecimentos, adaptar-se tornou-se inevitável.

O digital deixou de ser opcional e passou a integrar a estratégia de sobrevivência. Talvez o desafio de hoje seja encontrar equilíbrio. Que as redes sociais continuem sendo aliadas na descoberta de bons lugares, mas sem substituir a alegria de dividir a mesa, rir de uma boa conversa e guardar memórias que nenhuma foto consegue reproduzir. Porque, no fim, nenhum filtro substitui o afeto que um prato pode carregar.

 

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