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Marta Gonçalves: Mães que empreendem: como romper o ciclo de invisibilidade?
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Opinião

Marta Gonçalves: Mães que empreendem: como romper o ciclo de invisibilidade?

A realidade é dura: 70% das mães de crianças com deficiência deixam o trabalho formal por falta de políticas de acolhimento e flexibilidade. Essa exclusão as coloca em situação de vulnerabilidade econômica e emocional
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Marta Gonçalves

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Por trás de cada pessoa com deficiência há uma história de amor, luta e resistência - muitas vezes protagonizada por mães que dedicam suas vidas ao cuidado, quase sempre abrindo mão da própria carreira e independência financeira. Foi pensando nelas que apresentei, na Assembleia Legislativa do Ceará, o Projeto de Lei nº 1034/2025, que cria o Programa de Fomento ao Empreendedorismo Materno e à Economia Solidária entre Mães de Pessoas com Deficiência.

O objetivo é oferecer oportunidades reais de geração de renda e autonomia para elas. O programa propõe capacitação técnica e empreendedora, estímulo ao cooperativismo, criação de feiras e plataformas digitais para comercialização de produtos, além de parcerias com instituições públicas e privadas. Queremos fortalecer redes de apoio e incentivar o protagonismo dessas mulheres, transformando o cuidado em fonte de dignidade e desenvolvimento.

Dados do IBGE (Censo 2022) mostram que o Brasil tem mais de 14 milhões de pessoas com deficiência, sendo 8 milhões de mulheres. A realidade é dura: 70% das mães de crianças com deficiência deixam o trabalho formal por falta de políticas de acolhimento e flexibilidade. Essa exclusão as coloca em situação de vulnerabilidade econômica e emocional, quando poderiam estar contribuindo ativamente para a economia, com talento e criatividade.

A proposta também dialoga com políticas já implementadas no Ceará, como o Ceará TEAcolhe, o Ceará Sem Fome e a Política Estadual de Fomento à Economia Popular Solidária, criando um ambiente propício à inclusão e à economia sustentável.

Apoiar o empreendedorismo materno é romper o ciclo de invisibilidade. É permitir que essas mães se tornem agentes da própria transformação, contribuindo para uma sociedade mais justa, humana e solidária. Investir nelas é investir no futuro - um futuro em que cuidado e trabalho caminham juntos, fortalecendo famílias e comunidades em todo o Ceará.

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