A política externa é o conjunto de estratégias e táticas que um Estado adota para se relacionar com o restante do sistema internacional, buscando defender seus interesses, promover sua segurança e fortalecer sua posição internacional. Nesse contexto, destacam-se duas orientações: a pragmática e a ideológica, que se diferenciam quanto aos critérios de decisão, aos objetivos perseguidos e à forma como o Estado se insere no cenário internacional.
A ideológica baseia-se em crenças, priorizando doutrinas em detrimento de considerações econômicas ou estratégicas. Governos que adotam esse tipo de postura tendem a definir aliados com base em afinidades políticas, aproximando-se dos "amigos" por compartilharem ideais e afastando-se daqueles que os contestam. Embora possa gerar coesão interna entre grupos de apoio, essa abordagem limita o leque de parcerias, reduz oportunidades comerciais e cria tensões diplomáticas.
A pragmática, por sua vez, pauta-se por resultados concretos e pela busca de benefícios tangíveis. Seu critério central é o interesse nacional. As decisões são tomadas com base em cálculos racionais, em vantagens econômicas, tecnológicas, diplomáticas ou de segurança. A ênfase recai sobre a cooperação, a diversificação de parceiros e a flexibilidade diplomática. Essa abordagem favorece a estabilidade das relações internacionais e permite que o país adapte suas estratégias conforme as mudanças do cenário global.
O Brasil apresenta exemplos de pragmatismo ao longo de sua história. Durante o governo Geisel, a política externa, denominada "pragmatismo responsável", buscou ampliar a autonomia do país e abrir espaço para novos parceiros, inclusive socialistas.
Essa postura possibilitou a diversificação das exportações, o fortalecimento das relações com países do Terceiro Mundo e maior inserção em fóruns multilaterais. Nesse contexto, destaca-se o reconhecimento da independência de Angola e Moçambique, em 1975. Até hoje, colhemos frutos dessa decisão estratégica.
Em contrapartida, em momentos em que o país adotou uma política externa ideologizada, as relações internacionais tornaram-se mais tensas e imprevisíveis, marcadas pela substituição de critérios diplomáticos por alinhamentos políticos.
A principal vantagem da política externa pragmática está em sua capacidade de preservar os interesses nacionais acima de ideologias, ampliando as oportunidades de comércio, investimentos e cooperação. Em um mundo globalizado, no qual as alianças são mutáveis, é fundamental buscar maior previsibilidade, credibilidade e autonomia para o Estado. Mais pragmatismo e menos ideologia é o mantra para a projeção efetiva dos interesses nacionais.