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Desafios globais para 2026
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Desafios globais para 2026

Outro aspecto envolve a relação entre Estados Unidos e China. A trégua nas disputas comerciais permanece frágil e seguirá gerando incertezas
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Denilde Holzhacker. Professora de Relações Internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal Denilde Holzhacker. Professora de Relações Internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

A chegada de Donald Trump em 2025 elevou a temperatura dos conflitos internacionais, e sua política comercial, baseada em tarifas punitivas, tornou-se um grande fator de incerteza global. Isso acelerou a disputa com a China, enquanto parceiros tradicionais sentiram os impactos das mudanças na política externa dos Estados Unidos. Na América Latina, observou-se o ressurgimento da Doutrina Moore, com forte conteúdo militar e caráter intervencionista. As organizações internacionais sentiram ainda mais a hostilidade em relação à agenda multilateral.

E o que esperar de 2026 na agenda global? Nos Estados Unidos, ocorrerão as comemorações dos 250 anos de independência em um momento em que as instituições democráticas passam por um grande teste durante o governo Trump. O próprio governo será posto à prova nas eleições legislativas, nas quais os democratas buscarão explorar os pontos negativos da atual gestão.

Na América Latina, espera-se que o ciclo eleitoral em quatro países (Brasil, Costa Rica, Peru e Colômbia) mantenha um cenário de polarização política. Além disso, considerando a política hemisférica dos Estados Unidos, a atuação de Trump em favor de candidatos alinhados a Washington tende a se intensificar e influenciar os resultados eleitorais. A aplicação da Doutrina Moore poderá ultrapassar a questão venezuelana e alcançar outros países da região.

A Venezuela, por sua vez, deverá continuar como um pivô de instabilidade: não se espera uma saída pacífica do poder, nem uma transição estável de regime.

Globalmente, grande expectativa recai sobre o acordo de paz entre Ucrânia e Rússia. O resultado desse acordo determinará os próximos passos de Putin em relação ao projeto de uma "Grande Rússia", o que representa risco significativo para os países europeus, que devem seguir com baixo crescimento econômico, avanço da extrema direita e políticas cada vez mais restritivas quanto à migração.

Outro aspecto envolve a relação entre Estados Unidos e China. A trégua nas disputas comerciais permanece frágil e seguirá gerando incertezas. Além disso, ambos manterão a competição tecnológica e comercial, bem como as disputas ligadas à segurança internacional.

Por outro lado, a China tende a explorar alianças e oportunidades em regiões onde os norte-americanos demonstrem menor interesse. O avanço do nacionalismo, a crise climática, a disputa por recursos estratégicos e a corrida tecnológica deverão permanecer na agenda. Assim, em 2026, não devemos esperar calmaria; tudo indica que seguiremos em um ambiente de policrises, no qual múltiplos fatores de risco se materializam simultaneamente.

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