A cidade, além do físico-territorial, é um espaço de redes que operam em múltiplas escalas, organizando mercados, criando oportunidades e estabelecendo formas de trabalho. Envolve a articulação de fluxos, conexões e interações que extrapolam as fronteiras locais, com predomínio da concentração de atividades socioeconômicas, gerando interdependência entre empresas, instituições e trabalhadores.
Esta concentração gera competição, pressiona recursos e exige soluções para problemas de mobilidade, habitação e sustentabilidade. Ao mesmo tempo, oferece condições para que indivíduos e grupos desenvolvam projetos que só são possíveis neste contexto, pois a proximidade entre diferentes sujeitos socioeconômicos e culturais promove a circulação de ideias e a formação de parcerias, ampliando a capacidade de atender às demandas da sociedade em constante transformação.
No espaço urbano, a cidade gera inovação e possibilita que ideias sejam experimentadas e aplicadas em escala. Em tais condições, empresas desenvolvem produtos e serviços para os mercados locais e globais, instituições de pesquisa e universidades contribuem para a produção de conhecimento e governos estabelecem políticas de fomento à inovação.
As redes conectam regiões e integram diferentes áreas de produção e consumo em nível nacional e estabelecem vínculos entre cidades, formando circuitos que sustentam cadeias de valor transnacionais no nível global. Essas duas escalas conectadas reforçam a função das cidades como nós estratégicos em sistemas socioeconômicos amplos, que organizam e distribuem fluxos em meio a intensas disputas, ajustes e reorganizações constantes, em uma forte posição de coordenação e decisão.
Tais variáveis esclarecem por que certas cidades se destacam ao desenvolver a capacidade de criar e sustentar redes que ultrapassam limites territoriais, conectando-se com outros espaços e viabilizando a circulação de bens, a mobilidade das pessoas e trocas de informações. Fortaleza, por exemplo, tem uma região de influência que compreende 630 cidades, na qual mais de 20 milhões de pessoas (IBGE, 2018) acessam a capital cearense para o atendimento de demandas relativas à saúde, educação, consumo e lazer.