A universidade que forma professores é a mesma que precariza o trabalho docente. Em 2022, o governo estadual lançou concursos para as universidades estaduais. Desses, 114 eram para a Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Apesar da quantidade, pelo jeito, a carência era tamanha que o número foi bem aquém do mínimo necessário, pois continuou existindo muitos temporários mesmo após a nomeação para as vagas ofertadas pelo certame.
Professor temporário é uma categoria de trabalho precarizada que só é admissível para condições emergenciais, uma vez que tais profissionais podem sofrer toda sorte de pressão e terem dificuldade para desenvolverem pesquisas.
Todavia, em vez de convocar os aprovados fora das vagas, a UVA lançou uma seleção para 98 novos temporários, tanto para o polo central como para os campos em cidades próximas, mesmo havendo 135 professores do Edital nº 42/2023 aguardando serem convocados, o que pode configurar preterimento, pois muitas vagas temporárias são correspondentes às áreas de estudo do citado concurso de 2023.
Com a medida, além de a instituição manter uma grande quantidade de professores precarizados, há o risco de muitos cursos simplesmente deixarem milhares de alunos atrasarem suas formaturas, pois abre espaço para processos judiciais e o embargo da seleção em andamento.
Ora, não seria mais fácil e menos constrangedor a Universidade convocar os professores aprovados, como determina a Constituição Federal (Artigo 37) e estadual (Artigo 226) para estas novas vagas?
Ainda assim, justamente entendendo que tal seleção para substitutos não era cabível, recentemente uma representação do grupo de professores do edital de 2023 procurou a reitora, que alegou que a decisão ou é política (com a palavra, nossos políticos) ou é jurídica.
Mas o que todos queremos saber, independentemente de quem caiba a responsabilidade, é: até quando a principal formadora de professores da Região Norte do Estado continuará tão precarizada?