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A pirataria no mar do Caribe e apreço aos vizinhos sul-americanos
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Opinião

A pirataria no mar do Caribe e apreço aos vizinhos sul-americanos

Trata-se de manifestação de pura pirataria nas águas do Caribe, uma vez que a Geopolítica define pirataria como "o crime de saque, roubo ou aprisionamento de navios em alto mar, fora da jurisdição de qualquer país, usando lanchas rápidas e armas modernas, diferente da imagem histórica de corsários"
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José Nelson Bessa Maia. Mestre em Economia e doutor em Relações Internacionais pela UnB e ex-secretário de assuntos internacionais do Ceará. (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto: Arquivo Pessoal José Nelson Bessa Maia. Mestre em Economia e doutor em Relações Internacionais pela UnB e ex-secretário de assuntos internacionais do Ceará.

Conforme temos ressaltado no O POVO, o mundo se encontra em desordem e os direitos humanos e a soberania das nações expostos a ataques ditados por propósitos de rapina de recursos naturais de países mais fracos por uma potência global em franco declínio. Potência essa que usa de ameaças protecionistas e de intervenções armadas para fazer valer sua política externa. No caso atual do continente sul-americano a velha "Doutrina Monroe" de 1823 é ressuscitada para justificar supostos direitos dos EUA de intervirem em países de sua vizinhança.

De fato, os EUA mobilizaram sua frota de guerra no mar do Caribe próximo à costa da Venezuela. Sob o pretexto de combater o narcotráfico, sem respaldo no Direito Internacional. Já bombardearam 20 embarcações de pesca, matando 80 pessoas.

Agora ameaçam invadir a Venezuela com objetivo de derrubar o regime no país, tema em debate na mídia internacional, mas pouco presente em certos meios da elite brasileira que parecem desconsiderar os riscos que esta escalada militar teria para um continente que tem estado em paz desde 1935 e, para o Brasil em particular, que tem uma fronteira de 2.200 km e um intercâmbio comercial anual de US$ 1,6 bilhão com a Venezuela.

Trata-se de manifestação de pura pirataria nas águas do Caribe, uma vez que a Geopolítica define pirataria como "o crime de saque, roubo ou aprisionamento de navios em alto mar, fora da jurisdição de qualquer país, usando lanchas rápidas e armas modernas, diferente da imagem histórica de corsários". Até então esse tipo de crime ocorria quase despercebido em regiões como o Golfo da Guiné, o Sudeste Asiático e no Chifre da África.

No entanto, para espanto geral, essa prática criminosa transnacional se estende agora ao mar do Caribe e praticada, sem pruridos, não por pequenos grupos de assaltantes, mas sim pela Marinha de Guerra dos EUA, como foi o caso da recente apreensão de um navio petroleiro venezuelano, e com violações ao espaço aéreo do país.

O Brasil já se dispôs a intermediar uma saída diplomática a essa crise e que elimine o risco de guerra próximo a nossa fronteira amazônica. No entanto, muitos no Brasil parecem vibrar com essa ameaça dos EUA à Venezuela, chegando alguns até a defender nas redes sociais interferência similar no nosso país.

O que preocupa é que desconsiderem os riscos de conclamar os EUA a interferirem em seus países. É como dar uma "carta branca" para eles invadirem toda vez que acharem necessário algum país da região para eliminar governos ditos hostis a seus interesses e colocar no poder figuras entreguistas que lhes facilite o acesso aos recursos naturais. Basta de desrespeito à soberania dos países sul-americanos. E mais apreço para com a sorte de nossos vizinhos no continente.

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