Logo O POVO+
Marcos José Diniz Silva: Esquerda/Direita e as proposições
Comentar
Opinião

Marcos José Diniz Silva: Esquerda/Direita e as proposições

Para além das nuances ideológicas, acho útil mostrar algumas das mais básicas proposições desse espectro político àqueles que querem se posicionar sem equívocos
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Comentar
Foto do Articulista

Marcos José Diniz Silva

Historiador e professor da Uece

Costuma-se dizer, nos últimos anos da vida política brasileira, que de tédio não se morre nesse país. Tivemos uma fartura de grupos, movimentos, correntes, partidos, tendências, personagens, produzindo uma sucessão de tipos como "petralhas", "coxinhas", "golpistas", "lulistas", "lavajatistas", "fascistas", "bolsonaristas", que acabaram por reaquecer o par antagônico esquerda/direita.

Para além suas nuances na rosa dos ventos ideológica, sem contar suas implicações na conformação das ideologias políticas estritas, nem na construção dos vários tipos regimes políticos, acho útil mostrar algumas das mais básicas proposições desse espectro político àqueles que querem se posicionar sem equívocos.

Para tanto, segue esquema das respectivas propostas, resumidas do manual Classes, regimes e ideologias, de Robert H. Srour (Ática, 1987). "E: Princípio da igualdade real: necessidades diferenciadas devem ser satisfeitas por uma distribuição desigual de produtos sociais. Mística do progresso e da mudança; crença na perfectibilidade das sociedades humanas e na possibilidade de educar os agentes sociais.

Convicção de que o Estado deve responsabilizar-se pelo bem-estar individual. História resulta da ação das massas. Projeto de uma sociedade sem classes sociais, tendo por inspiração o futuro. Confiança na natureza racional dos homens e respeito à razão como base do julgamento político.

Reivindicação de participação crescente dos agentes sociais na tomada de decisões. Ênfase na conquista de direitos. Combate à propriedade privada dos meios de produção. Bandeiras de erradicação da miséria, implantação da justiça social, obtenção de uma boa qualidade de vida para todos. Direitos e necessidades sociais devem prevalecer sobre exigências individuais. D: Princípio da desigualdade natural: a hierarquia das capacidades justifica a exclusão dos homens comuns e o privilégio dos homens de elite.

Defesa da estabilidade e da vigência das tradições; crença na natureza corruptora da vida social e na necessidade de controlar os maus impulsos dos agentes sociais. Convicção de que ao Estado cabe a manutenção da lei e da ordem.

Projeto de uma sociedade que institucionalize a hierarquia superiores/inferiores, com nostalgia do passado. Certeza da irracionalidade das condutas políticas e crença nas lideranças como guias para a ação. Desqualificação da participação popular e do número como critério; as decisões devem ficar reservadas aos chefes. Ênfase no cumprimento de deveres.

Defesa da propriedade privada dos meios de produção. Direitos e necessidades individuais devem ser preservados contra o predomínio do coletivo." Que essas distinções nos sirvam de mapa tático no cotidiano das paixões políticas.

 

O que você achou desse conteúdo?