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Páginas Azuis com Ciro Gomes
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Páginas Azuis com Ciro Gomes

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Ciro Gomes (Foto: O POVO)
Foto: O POVO Ciro Gomes

O falante Ciro Ferreira Gomes andava calado. Um silêncio que era quebrado pela imprensa política, local ou nacional, apenas em declarações isoladas e rápidas durante eventos dos quais participava. Era momento de renovar pedido antigo de entrevista para as Páginas Azuis, até então objeto de pouca atenção do ex-prefeito, ex-governador, ex-ministro e ex-parlamentar.

Desta feita, a resposta foi “sim”, restando apenas encontrar o momento em que a conversa seria possível, considerando sua agenda atribulada e o fato dele dividir-se hoje entre seus endereços de Fortaleza e São Paulo. Tudo acertado para o dia 24 de março, uma sexta-feira.

 

O tal silêncio até virou barulho, porque Ciro Gomes, depois que recebeu O POVO naquela tarde agradavelmente chuvosa, desandou a falar e agitar a política. Aqui, Ciro se apresenta no melhor estilo Ciro. Bem articulado, agressivo, seguro nas respostas e pronto a encarar cada assunto, mesmo aqueles eventualmente incômodos. Ele fala sobre o momento nacional, Lava Jato, Lula, Eunício, Tasso, financiamento de campanha, a nova geração de políticos cearenses e, afinal, anuncia que se despede em 2018 do processo eleitoral. Gostaria de fazê-lo, claro, eleito presidente da República.

Confira a íntegra da entrevista:

O POVO– O Brasil vive, sem dúvida, um dos momentos mais dramáticos de sua história. O que nos trouxe à situação que enfrentamos hoje?

Ciro Gomes – Basicamente, como fator ancestral, há um problema estrutural que se disfarça ciclicamente por momentos de consumismo populista. Lá atrás, no Plano Real, você cessa um imposto inflacionário pesado e a população vai ao consumo e começa a acreditar que aquele é um padrão de evolução, na qualidade de vida etc. O País tem problemas estruturais e podemos especular sobre eles. Há uma quebra, vem o período do Lula e há a explosão de preços dos commodities lá no estrangeiro, criando um outro momento artificial insustentável, ciclo que se encerra no terceiro ou quarto ano do governo Dilma (Rousseff). E a Dilma, ao invés de entender o que acontecia, de pedagogizar a inteligência popular sobre o assunto, prefere aderir à marquetagem e vai à população simular que estava tudo bem, tudo ia melhorar etc. Infelizmente, a amargura da realidade impôs a ela um tarifaço, uma desvalorização cambial que subtrai quase 42% da renda do povo brasileiro, da noite para o dia, e isso vira uma miragem de inflação em vários preços, desconstituindo a base social, já precarizada, muito aceleradamente. Este é o pano de fundo no qual três grandes interesses, cada qual mais poderoso, se associam, não necessariamente conversando entre si, muito embora tenham conversado em certos momentos: primeiro, o sindicato dos políticos, de A a Z, querendo o fim da Lava Jato e que permanece atuando pesadamente; o baronato brasileiro querendo tomar conta do orçamento, na medida em que como consequência prática nas finanças públicas do que retratei, do fim do ciclo das commodities, explode o déficit fiscal brasileiro e a proporção divida-PIB sinaliza para um itinerante de iliquidez para o futuro, então, como aconteceu em todas as ocasiões, sempre, a plutocracia quer o controle deste orçamento para gerar excedentes, seja do jeito que for, para fazer face a este galope da dívida versus PIB; e, terceiro, um conjunto muito clandestino, mas, flagrante, de interesses internacionais. O mais imediato deles, petróleo, revogar a lei de partilha, privatizar, esquartejando, a Petrobras, e, no limite máximo, a trazida de volta do Brasil à sua condição histórica, centenária, de Protetorado do Império, contemporaneamente do Império Americano. Tudo isso, encerrando a ideia de um alinhamento diferente, em torno dosBrics.

OP –Nesse contexto, temos um governo que assume sob questionamento em relação à sua legalidade e que tenta impor uma agenda de reformas profundas. Com o cenário que temos o senhor acha que o presidente Michel Temer conseguirá levar adiante seus planos reformistas?

Ciro – Não, não creio. Recorro a várias entrevistas que concedi lá atrás, quando adverti que a elite seria enganada e não poderia, de sã consciência, esperar colher maçã de um pé de manga. A parte do estrangeiro, porque são interesses difusos, menos claros, menos lesivos instantaneamente aos interesses dos grupos sociais brasileiros, eles estão entregando. Rápida e aceleradamente. Já desmontaram completamente as estratégias que estávamos fazendo de regime de preferência, a construção de um banco rebelde a Bretton Woods, o Brics, até fundado em Fortaleza, detonaram o Mercosul, detonaram a relação com a Unasul, alinharam o Brasil já de forma vergonhosa, encerrando a lei de partilha, enfim, o (José) Serra faz essa lei no Senado e depois vai ser Chanceler, o Aloisio Nunes (Ferreira), um cara que foi mandado aos Estados Unidos para explicar o golpe vira Chanceler, esta parte eles estão entregando. Na parte fiscal, a mentira vai se aclarar cada vez mais, a emenda 55 passou muito em razão do fato de não ter sido entendida na sua instantaneidade lesiva, será entendida na sua prática em quatro, cinco anos, crescentemente, e nós teremos um impasse institucional para resolver. Essa parte concreta, que mexe com os interesses informados, organizados, das corporações dos trabalhadores do serviço público, por exemplo, reforma da Previdência, ele não entrega de jeito nenhum. Assim como não entregará, pela dinâmica própria dela, o controle da Lava Jato.

OP –Dentre desse contexto, o senhor vê risco à institucionalidade. A democracia está ameaçada no Brasil?

Ciro – Nós não estamos sob uma democracia, estamos sob um golpe de Estado. Qualquer bacharel em Direito minimamente informado há de saber, e isso é opinião pacificada internacionalmente, que o Brasil viveu um golpe de Estado ao modo moderno. Percebeu-se, e a Primavera Árabe foi um exemplo antecedente do que nós vivemos aqui, a excitação das massas contra os governantes que não conseguem dar cabo ou sequer explicar as crises econômicas, que o próprio neoliberalismo produz, como em 2008, contando ainda com a histórica omissão do Judiciário. No Brasil, hoje, temos um presidente da República sem voto, não é o povo, não é a supremacia popular, um primado democrata, que vige nosso País. A Dilma foi derrubada sem ter cometido nenhum Crime de Responsabilidade, única circunstância em que no presidencialismo se pode interromper um mandato legítimo.Evidentemente que protocolos, formalismos etcetc as aparências estão procurando guardar, mas, na verdade, o presidente da República hoje é um usurpador.

OP –Sobre a operação Lava Jato, citada rapidamente pelo senhor anteriormente, qual a sua avaliação?

Ciro – Ainda acho uma coisa muito boa para o País. E pode ser uma coisa histórica se essa garotada, os jovens Procuradores e o próprio juiz (Sérgio Moro), entenderem a transcendência histórica do fazer jurídico deles. Abrindo mão, o que está ficando cada vez mais difícil, do estrelismo, do exibicionismo, acabando com essa promiscuidade com a imprensa, do off, a convivência igualmente promíscua com indigitados, ou suspeitos ou acusados de participarem dessa imensa coligação de ladrões que tomou conta do Brasil. Então, pode ser uma coisa histórica porque o povo brasileiro tem uma sensação muito desagradável de que cadeia entre nós é apenas para ladrão de galinha. E, pela primeira vez, de uma forma mais orgânica, temos a sensação de que talvez isso possa encerrar. Porém, o que eles estão fazendo, do jeito que estão fazendo, é plantar todas as nulidades para amanhã vir uma outra operação Satiagraha. Você lembra? Era o procurador Joaquim Francisco era o grande valentão, acabou expulso da Procuradoria; tinha o delegado Francisco Protógenes, que prendeu os bandidos do colarinho branco e hoje está foragido do País, enquanto os acusados da época, Daniel Dantas e outros, portam certificado de inocência, angelical, mesmo que completamente culpados. Devido às nulidades flagrantes, o exibicionismo em cima do processo.

OP –No meio de todo esse processo atual, da Lava Jato, tem-se um personagem grande para a história do Brasil que é o ex-presidente Lula. Acusado de cometer uma série de irregularidades e às portas de uma condenação. O senhor acredita na inocência dele?

Ciro – Os cinco processos que correm contra o Lula, digo isso com o olhar de advogado, não há nenhuma evidência de dolo, culpa ou qualquer coisa que justifique uma condenação dele. Eu tenho uma crítica importante ao Lula, porque quem vulnerou o Brasil a este golpe e ao assalto dessa quadrilha que tomou conta do País foi ele, foi o Lula! O Lula, brincando de Deus, colocou o seu Michel Temer de vice da Dilma; o Lula, brincando de Deus, entregou Furnas ao senhor Eduardo Cunha e deu a ele o dinheiro sujo, podre, com o qual comprou deputados já no processo eleitoral para virar o plenipotenciário presidente da Câmara Federal...

OP –Havia como enfrentar isso? Governar sem esse pessoal?

Ciro – Claro que sim, claro que sim. Vá ver se aqui no Ceará nós conciliamos, desde lá o Tasso? Passamos vários momentos de crise, é evidente, mas nos mantemos fieis aos valores. Vê se o Itamar Franco conciliou? Veja se o Lula no primeiro mandato conciliou!

OP –Ele até tentou não conciliar no primeiro mandato, mas a partir do escândalo do mensalão chamou o próprio PMDB, ou parte dele, para o governo.

Ciro – Pois é, e venceu a parada.

OP –Não, teve que recuar, como o próprio acordo com peemedebistas, inicialmente rejeitada, indica.

Ciro – Não, ele, Lula, venceu a parada. O PMDB entrou no governo no segundo mandato. E eu saio pela outra porta. O Itamar Franco não pôs, fui ministro do Itamar e lembro perfeitamente do poderosíssimo Antônio Carlos Magalhães, então governador da Bahia, denunciando corrupção etc. O Itamar chama ele ao Palácio do Planalto, abre a porta, manda a imprensa entrar e pergunta: ‘diga, governador, onde é que tem corrupção no meu governo?’ É outra forma de enfrentar essa chantagem, essa escalada chantagista. A grande questão é que a elite brasileira, o baronato brasileiro, cultivou, a partir do Fernando Henrique Cardoso, essa ideia, malsã, de que conciliar com a bandidagem é uma inerência do ato racional de governar. Isso é uma mentira! Não deu certo com Fernando Henrique, que saiu derrotado pelo Lula. O Lula, quando não conciliou, foi o presidente mais popular do Brasil moderno, quando a Dilma foi atrás de conciliar, deu no que deu, o impeachment, protagonizado por esses canalhas, a quem eles deram tudo. É flagrante que não dá certo, outra coisa também pode não dar certo, mas a chance me parece maior do que este pragmatismo. Inventado pelo Fernando Henrique, que nobilitou essa ladroeira toda, que é feita não pra governar, não há reforma estratégica que o Fernando Henrique tenha proposto e que a maioria fisiológica e corrupta do Congresso tenha barrado. Tirante a tomada de três pinos, qual a grande reforma que o Lula propôs que o Congresso não aprovou? Não há reforma estratégica feita por um ou pelo outro, são coligações feitas para apenas duas coisas, ambas subalternas, mesquinhas: tempo de televisão na época da eleição e medo de CPI no dia seguinte.

OP –A Lava Jato, dentro das coisas que tem revelado de maneira muito clara, expõe uma relação de promiscuidadeentre os políticos e os financiadores de suas campanhas. O senhor tem mais de 30 anos de vida pública...

Ciro – Trinta e sete.

OP –Pois bem, trinta e sete anos. Como lida com essa situação, o relacionamento com doadores de campanha...

Ciro – Respeitando a lei, apenas. Nunca respondi a um inquérito, nem sequer para ser absolvido.

OP –Já foi objeto de alguma abordagem? Com tanto tempo na política, seria inevitável.

Ciro – É preciso ter clareza de que a relação de dinheiro com política, ao contrário do que pensa uma moral superficial, católica, não é necessariamente suja. O poder econômico é um dado intrínseco, irremovível, da realidade e é muito falso aquele, ou aquela, na política que imagine poder participar do processo político infenso a uma relação com o poder econômico.

OP –Não existe o cofre do dinheiro limpo e o cofre do dinheiro sujo.

Ciro – Não existe. A questão básica é: como se faz para resolver isso? Isso é um problema da humanidade, da democracia. Recentemente, o assunto foi à Suprema Corte dos Estados Unidos. A questão lá não era exatamente política e dinheiro, mas se um contribuinte privado deveria ou não ter limites para o volume de dinheiro que coloca numa campanha. Os que levaram a questão à Suprema Corte diziam que o abuso do dinheiro distorce a vontade do cidadão, uma premissa do processo de escolha democrático, e a Suprema Corte, em linha com a moral luterana que domina a sociedade dos Estados Unidos, entendeu, veja como são as coisas, que a expressão do dinheiro tem que ser livre, lá, sem qualquer freio ou limite, por ser uma extensão do direito de expressão. Repare: nós, aqui, dizemos que a livre imprensa é uma extensão do direito de expressão e, lá, eles entendem que o dinheiro, seja quanto for, é uma inerência do direito de expressão. Enfim, como é que eu me livro disso? Cumprindo a lei. Você pergunta se já fui abordado...Com muito cuidado, porque a formiga sabe o pau que rói, eu tenho uma fama que às vezes me custa um certo preço, de ser um cara duro etcetc, mas é uma fama que, de certa forma, também me protege. Não vou dizer quem, mas, muita gente lembra, no primeiro ano como governador não fui para residência oficial, porque morava numa casa alugada, achava que seria uma mudança muito drástica para meus filhos pequenos, piscina, mordomo, enfim, achei que não era bom. Continuei morando ali na Osvaldo Cruz, feliz da vida, quando um belo dia, 6 de novembro de 1991, acordo com uma algazarra dos meus filhos, saio, pensando que era uma brincadeira comigo, pela risadaria geral, e dou de olho com um reluzente Jet Ski, em cima de um reboque, acompanhado do cartão de um grande empresário brasileiro, da construção civil, não cearense, de fora, dando-me os parabéns e um pequeno presente. Na hora, não vacilei, assinei um cartão de agradecimento dizendo que não poderia receber etc etc. Nunca contei isso porque não acredito que a intenção fosse me subornar com um Jet Ski, mas se você começa a gostar desse tipo de luxo, o poder é cercado dessas coisas, você está aqui na minha casa...Enfim, cultivo um certo conforto sem gostar dos luxos. O que me protege de certos assédios. Nas campanhas já é um pouco mais difícil, já tentei várias vezes e é engraçado porque tentando ser absolutamente transparente tive que me explicar por tentativas de escândalo. Uma certa feita, numa campanha minha...

OP –Teve o caso do Victor (Samuel da Ponte) não é?

Ciro – Não, o Victor Samuel não teve nada a ver com campanha. Victor Samuel foi acusado de ter antecipado o resultado de uma reunião de diretoria (do Banco do Nordeste) e não tinha relação nenhuma comigo. Processei a (revista) Época, que se desdisse. O que aconteceu uma vez foi que eu escrevi uma carta, uma carta, ‘prezado Guálter, vamos lançar uma candidatura de Fulano de Tal e queríamos ver se você poderia contribuir para a campanha, naturalmente que dentro das regras que regem o processo, caso possa nos ajudar o número da conta é tal e o Fulano de Tal que porta esta carta representa a estrutura formal de arrecadação do partido’. Tinha até meu telefone, qualquer dúvida era só ligar etc. O Lúcio Alcântara, então, divulgou como um escândalo. Nunca disse para ninguém, nem ninguém nunca pesquisou, como é que ele financiou a campanha dele.

OP –Estamos às portas de uma nova campanha eleitoral e o senhor está pré-candidato, o PDT assim tem apresentando-o. Quais cuidados, depois de tudo que tem sido descoberto, denunciado e investigado, será necessário adotar...

Ciro – Eu, como tenho essa atitude...

OP –Essa situação criou necessidades novas de cuidado, no seu entender?

Ciro – Sou muito agressivo e, mais do que os outros, até, não posso falhar. Hoje, por exemplo, meus militantes reclamavam que não tinha uma página no Facebook. Quando você abre uma página desta há 100 mil pessoas querendo conversar diretamente e, evidentemente, os políticos simulam que são eles que fazem, quando, na verdade, botam um escritório com 30, 50 pessoas, máquinas e não sei o quê, algorítimo, e tudo isso custa uma grana. E, pior, hoje é proibido. Então, abri uma página, mas explico às pessoas, que reclamam, comentam ’que merda de página, não tem não sei o quê’, que somos aqui eu e o Vicente (Gioelli, assessor de imprensa) operando. Paciência.

OP –O senhor entende que algumas coisas que estão postas na discussão, relacionadas a dinheiro...

Ciro – Essa coisa de financiamento de campanha nós precisamos colocar em de debate no Brasil de maneira séria.

OP –O que o senhor defende sobre isso?

Ciro – Defendo o financiamento público de campanha. Há muitos anos, não é de agora.

OP –A sociedade está disposta a pagar?

Ciro – Se você fala para a sociedade que do jeito que as coisas estão ainda se vai tirar dinheiro dos hospitais, das escolas, e geralmente os que falam isso são os corruptos... Essa turma que nada nos mensalões, nas listas, é que faz esse discurso, o DEM e outros mais. O discurso deles é que não se pode tirar dinheiro dos hospitais, não sei o quê, para botar no comício do político. O modo que defendo é um pouco mais radical, é uma espécie de estatização da campanha, uma coisa exótica. Mesmo que seja apenas em transição, minha ideia não é que o dinheiro venha para os políticos mas que ele vá para o Tribunal Eleitoral. Caberia ao Tribunal Eleitoral promover as campanhas, com estética igual.

OP –O dinheiro não circularia pelos partidos, é isso?

Ciro – Como transição, até a gente entender que é normal que as empresas participem do processo político, desde que haja, sobre isso, luz. Luz do sol, controle social, transparência, e ai os interesses econômicos são legítimos, ou podem ser ilegítimos, a propina extraída do sobrepreço de uma obra é ilegítima, é roubo, é fraude. No entanto, o industrial depositar um dinheiro numa conta daquele candidato que tem compromisso com a indústria e não com o rentismo é absolutamente legítimo. Em todas as democracias do planeta!

OP –O candidato tem como controlar isso? O senhor pode garantir que suas campanhas nunca tiveram caixa 2?

Ciro – Ah, eu posso, eu posso. Até porque, nas minhas campanhas surgiram problemas. Lá em São Paulo, para você ver como a vida é dura, certo dia um cara encheu o saco porque queria falar comigo, até que um mediador qualquer conseguiu fazer com que ele chegasse perto de mim. Estava num hotel, numa reunião, e ele chegou e disse, assim mesmo: ‘olha, São Paulo tem uma cultura política diferente, não necessariamente pra pior ou pra melhor, mas é muito diferente’. O cara nem sequer dourou a pílula e disse que uma candidatura como a minha tinha potencial para arrecadar 100 milhões de reais. Afirmou que se lhe desse uma credencial e 3 por cento do que fosse arrecadado, ou seja, estava oferecendo desse jeito, abertamente, uma corretagem de financiamento de campanha. Eu disse, então: ‘meu irmão, só não vou chamar a polícia aqui pra lhe prender porque você não me conhece ainda. Ponha-se daqui pra fora!’ Agora, alguém pedir dinheiro em meu nome, botar no bolso etc não tem quem evite.

OP –Na questão do relacionamento com financiadores com candidatos, o senhor não acha que lhe expôs de alguma forma o fato de ter saído da vida pública e assumido um cargo na Transnordestina, ligado a uma empresa cujo proprietário foi doador de suas campanhas?

Ciro – Claro que não, claro que não. Era obra de uma empresa privada.

OP –Tocada por um empresário que foi doador de campanha.

Ciro – Sim, mas eu não fiz a concessão, não fiz absolutamente nada e tinha saído do governo há quantos anos?! Fui ministro (da Integração Nacional) pelo último ano em 2006, fui trabalhar lá em 2016, quer dizer, dez anos depois. Além do mais, nunca fiz nada pela Transnordestina como governante, nada disso. Agora, pelo gosto de certas pessoas eu não trabalhava e eu preciso trabalhar.

OP –O senhor é agressivamente crítico do PMDB, é duro com o senador Eunício Oliveira, mas já foi aliado dele em disputas aqui no Ceará. Quem mudou, ele ou o senhor e seu grupo?

Ciro – Veja a prestação de contas dele à justiça eleitoral quando foi candidato a Senador com apoio do Cid (Ferreira Gomes), contra minha opinião, veja as declarações de bens dele na época e a mesma declaração quatro anos depois, em 2014. Saiu de R$ 8 milhões para R$ 99 milhões, 100 por cento com contrato sem licitação com a Petrobras. Quem foi que mudou?

OP –Foi ele?

Ciro – Não, estou perguntando!? Veja minha declaração de bens a vida inteira, veja. Por que não tenho um canal de televisão? Por que não tenho uma emissora de rádio? Por que não tenho um jatinho? Você acha que eu não gostaria de ter um jatinho, uma rádio? Fui ministro da Fazenda do Brasil! Prestígio no mundo todo com os presidentes, quase todos. Fiz foi romper. Sou o único dessa geração, com essa longevidade, que fiz essa opção.

OP –O senhor lembrou, rapidamente, de sua experiência de mandato eletivo, que foram os quatro anos na Câmara Federal, como deputado. A votação que recebeu na época foi a maior, em termos proporcionais, do Brasil. No entanto, o mandato foi sem qualquer brilho. Arrepende-se?

Ciro – Arrependimento propriamente não, porquenão fui candidato porque queria ser. Vigia a cláusula de barreira e o partido (o PSB, na época) fez um pedido patético, porque havia risco de, sem a minha candidatura, não atingir a cláusula de barreira, que depois o Supremo revogou, em mais um desserviço da nossa alta Corte, porque estava todo mundo adaptado, pacificado, então, enfim, fui candidato para isso. Sou parlamentarista, cheguei na Câmara com muito entusiasmo, mas ai comecei a conviver com aquela desgraça. Peguei Michel Temer presidente da Mesa, peguei Eduardo Cunha presidente da Comissão de Constituição e Justiça, mandando e desmandando. Chamei o Eduardo Cunha de ladrão, ali, na frente dele, denunciei as coisas todas, foram quatro anos sem fazer nada, sem dar um dia de serviço ao povo, porque todos os assuntos relevantes quem dominava era a coalizão PMDB e PT, sendo que o PT havia entregue ao PMDB o controle da Câmara. Ali estava eu, cheio de vivência, ex-prefeito, ex-governador, ex-ministro, ocioso, de gravata, entrando às duas horas da tarde para ouvir aquele budegado ridículo, alienado da vida do País, para chegarmos às nove da noite com aquelas chicanas regimentais. Ah, vá pro diabo, nunca mais!

OP –Outro senador cearense do qual o senhor foi aliado e hoje está em lado político contrário é Tasso Jereissati, do PSDB. A ele, cabe qual crítica? Gostaria de tê-lo de novo como aliado?

Ciro – Esse é um grande cearense, um grande brasileiro. Uma pessoa que vou querer bem, respeitar, pelo resto da vida. É muito vulnerável a intrigas, mas não mudarei a minha opinião sobre ele. Um grande brasileiro, um cearense a quem devemos uma ruptura histórica e terei, para sempre, o privilégio de ter, unilateralmente que seja, uma admiração por ele, um respeito, que são imorredouros.

OP –A lista de aliados ao longo de sua trajetória política é extensa e eclética. Além dos citados Eunício e Tasso, já teve Lula, Dilma, FHC, Aécio, Roberto Freire, Itamar Franco, Leonel Brizola, Antônio Carlos Magalhães, Paulinho da Força. Com quem o senhor voltaria a subir no mesmo palanque e com quem nunca mais repete a experiência?

Ciro – Antônio Carlos Magalhães, por mais polêmico que seja, tive um grande privilégio de conviver com ele, um figuraço. Do Brizola tenho muita saudade, do (Franco) Montoro tenho muita saudade, do Mário Covas tenho saudade, da convivência mais próxima sinto falta do Tasso, quem mais? É muita gente. Dos colegas governadores uma parte boa já morreu.

OP –E de quem não sente saudade como aliado? Além do Eunício, claro.

Ciro – A questão do Eunício é antiga.

OP – O senhor marcou posição contra aliança com ele à época em que aconteceu? Foi vencido?

Ciro – Nem vencido, é que tenho clareza de que preciso ceder a vez a uma nova geração. É uma coisa de que tenho orgulho essa consciência de que preciso sair, preciso preparar, qualificar, apresentar ao povo uma turma nova, essa que hoje está governando o Ceará. A gente aqui dentro não dá muito valor, mas o Ceará é um ponto fora da curva no Brasil. São Paulo está ai, líquido, Minas Gerais, quebrado, Rio de Janeiro, quebrado, Rio Grande do Sul, quebrado, 16 estados quebrados, enquanto o Ceará é o terceiro estado em número absoluto de investimento. Tenho muito orgulho em ver o Roberto Cláudio, uma pessoa que ajudei a capacitar e revelar uma extraordinária vocação, Camilo Santana, Cid Gomes, uma figura absolutamente extraordinária, também. Estou cumprindo meu papel, não tenho qualquer vontade de ficar marcando lugar. Aliás, vou pra minha última eleição agora.

OP –É a última?

Ciro – É a última.

OP –O que o senhor achou do gesto de apoio público ao seu nome como candidato à presidência do governador Camilo Santana, inclusive comprando uma briga dentro do partido dele, o PT?

Ciro – Eu tenho é pedido ao Camilo que ele deixe de ser tão generoso, que cuide de governar, que é a grande tarefa dele. Está fazendo um grande governo, sério, respeitado, se esforçando para corrigir imperfeições do governo do Cid, está tentando ampliar nossa interlocução. Estou feliz da vida em ver o Ceará bem entregue, tentando superar esse problema de segurança pública, acho que o secretário que ele escolheu (André Costa) está acertando a mão, é importante restaurar esse limite entre autoridade e fraqueza. Segurança também tem um elemento psicossocial importante, ao qual não se vinha dando a relevância necessária, ele está botando a mão no pior câncer que poderia haver dentro de um aparelho na área, que é a partidarização, a tomada de espaços relevantes de poder dentro da hierarquia e da disciplina violados da Polícia por milícias. Inclusive milícias ligadas ao narcotráfico, isso tudo está sendo resolvido e é um desafio presente, que fará do Camilo um governador para ser reconhecido por todos os cearenses.

OP –Seus críticos tentam defini-lo, a partir de vários episódios nos quais o senhor se envolveu na política, como alguém arrogante, prepotente, até destemperado. Como o senhor responde a eles?

Ciro – Quero ser julgado pela minha prática. Sou uma pessoa indignada com a situação do País, não quero me acomodar, acho que a essa altura, vou fazer 60 anos, é muito improvável que, para além da maturidade que chega, da serenidade que chega, da experiência que se acumula, só vou mudar nisso, no que é resultado da sedimentação da maturidade, da experiência. Mas, a Hannah Arendt dizia que uma sociedade precisa de pessoas que se arrisquem a falar o que precisa ser falado. Acredito que em alguns momentos fiquei praticamente sozinho no debate nacional falando o que precisava ser mudado. Agora estão entendo por quê! Quando se chama um Eduardo Cunha de ladrão, qualquer pessoa pode dizer que você é um destemperado. ‘Olha como ele se dirige a um colega dele etcetc’ Agora, eu padeço da lucidez, conheço as coisas, não tenho rabo de palha. O que não dizem de mim é que eu respondi inquérito, 37 anos de vida pública poderia ter 20, 30 inquéritos, pois eu não tenho nenhum. O que nada mais é do que a minha obrigação. Por exemplo, estou contando agora que não aceitei receber as pensões, como ex-governador do Ceará, ex-deputado por três mandatos, ex-prefeito de Fortaleza, nunca aceitei receber um centavo. Tem ex-governador de dias que recebe, ex-deputado de meses que recebe, então, eu sou meio diferente mesmo. Não é porque quero ser diferente, é porque cultivo uma certa decência para poder enfrentar... A minha geração, que é também a sua, sou um pouco mais velho mas é a mesma geração, nós nascemos confrontando a ditadura. Como é que a gente fazia? Assim! E eu vou mudar agora? De jeito nenhum! A hipocrisia é parte do problema brasileiro.

OP – Outra crítica recorrente, mesmo que mais sutil e até elogiosa, é a de que o senhor defende, sustenta números e informações nem sempre verdadeiras. O senhor se reconhece com esta competência?

Ciro – Ai é o seguinte, é manipulação de marketagem do (José) Serra. Lembro perfeitamente que disse que se fosse presidente da República iria restaurar o salário mínimo de 100 dólares, porque já tínhamos pago o valor durante o governo de Itamar Franco. Ele disse que era mentira etc e,de fato, o salário mínimo da época era de 97 dólares e 70 centavos. Eu tambémdisse que minha vida inteira tinha estudado na escola pública, me lembro desses episódios, e o Serra de novo veio com a história de mentira. Lembro que o ElioGaspari noticiou que eu tinha estudado numa espécie de Santo Inácio, colégio dos barões de São Paulo, que era o Colégio Sobralense, de Sobral. Quando, na verdade, fiz o primário no colégio do professor Arruda; ginásio no Colégio Estadual Dom José Tupinambá da Frota, fiz o Científico no Colégio Sobralense e depois, finalmente, a Universidade Federal do Ceará. Portanto, minha vida como estudante quase toda ela foi em escola pública. Mas se fica em imprecisões, por exemplo, quando se diz que o Brasil investe 1,5% do PIB, enquanto está entregando 12,5% para banca, ai é 1,6% na verdade, era 11,4%. Vá ver se não é isso? Pegue um exemplo prático. E tem várias coisas, por exemplo, denunciei aqui milícias dentro da Polícia, vieram com história, não sei o quê, questão eleitoral, e ai está, 50 presos. É duro falar sozinho, às vezes. Sabe quantos policiais me processaram?37 policiais. O juiz unificou o processo, teve lá a audiência, todos eles ao meu redor, a imprensa nem aparece, e eu disse: ‘doutor é isso mesmo, acho que quem faz motim armado e submete a população ao constrangimento de ficar bandido não é policial, é marginal!’ Encarei todos eles.

OP –Há em sua trajetória, momentos, situações e decisões dos quais o senhor se arrependa? Falamos da candidatura à Câmara em 2006...

Ciro – Não, o que não dizer que não há erros. Há. Mas, nunca fiz de má fé, de intenção ruim, uma coisa que hoje possa imaginar como erro. Agora, chega alguém e diz quem quer ser candidato à presidente da República não pode chamar alguém de filho da puta. Pode, pode. Agora, conte a história direito, contextualize. Você está dormindo, de madrugada, como fazem as pessoas que trabalham, toca o telefone e sua cunhada, chorando, diz que vão matar o seu irmão na porta de casa, impedindo que ele entre. Então, pego o carro e vou até lá...Chego e vejo exatamente o que ela descreveu, um grupo de covardes, sete, oito, 12, cercando o meu irmão e ele ali naquele jeito pacífico dele, tentando se explicar. Vão pra puta que pariu, rapaz! Que conversa é essa! Ah, direito de manifestação, tal.. Na porta do cidadão? A Constituição afirma que o domicílio é inviolável. Constranger fisicamente, cuspir nele, jogando coisas nele e outras coisas? Felizmente nenhum repetiu nada naquela hora, porque senão sairia do filho da puta prum tapa.Assim, como estou lhe dizendo, agora, sou pessoa física, não carrego a majestade de cargo nenhum, fui governador, fui ministro, fui prefeito, vê se alguma vez portando um cargo fiz alguma coisa que comprometa o decoro? Nem de bermuda há foto minha, vocês chegaram para entrevista e eu estava de chinelo e, ao saber que haveria filmagem, fui lá dentro e coloquei sapato. Sei me comportar, agora, você vai deixar seu irmão ser ameaçado fisicamente, porque quer ser presidente da República. Porque quer ser presidente da República cai ser um verme e mais tarde ser acusado de se omitir? Ela poderia ter chamado a polícia? Ok, poderia, mas fui a mim que ela chamou e achei que tinha de ir.

OP –Quem deixou marca mais forte de gestor como governador do Ceará, Ciro ou Cid Gomes?

Ciro – O Cid, sem dúvida. Fiz mais estrada do que ele, mesmo tendo menos de quatro anos de mandato, contra oito dele. Acho até que ele pode ter passado no fim do seu mandato, mas só o que ele fez na educação. Fiz muito na educação, dobrei o salário dos professores, fiz os professores da rede pública ganharem mais que os da rede privada, os mais antigos que estão se aposentando ou aposentados sabem do que estou falando, fiz muito na saúde, mas o Cid duplicou a quantidade de leitos no Ceará, introduziu as Upas e Policlínicas, ele é um homem muito além do seu tempo. Aqui no Ceará, não no meio do povo mas em relação a uma certa elite, há um pacto de mediocridade segundo o gosto da qual o povo cearense deve viver pescando em jangada e costurando renda. Você pega o Centro de Eventos, qual é a questão: nós temos três meses de turismo forte, que empregam muita gente, sem treinamento por ser mão-de-obra temporária, e depois, ao longo de seis, sete meses do ano, uma estrutura ociosa ou de uso baixo. Com o Centro de Evento nós equalizamos a demanda o ano inteiro e ai toda classe média brasileira já veio a Fortaleza. Encerrou-se um ciclo e tem muita gente produzindo novas coisas, crescendo, quando surge a ideia de fazer um aquário, equipamento cultural...

OP –O senhor defende a obra do Acquario? Acha que é um acerto?

Ciro – Um acerto dramaticamente urgente. É o pacto de mediocridade de que falo... Quando fui fazer o Dragão do Mar, que o Tasso depois se gabou ter feito, porque foi ele que concluiu, mas quem fez fui eu! Enfrentei esse debate, lembro bem, a história de que estávamos errados, como íamos gastar aquele dinheiro num museu, num centro de diversão, num planetário. O que quero para o Ceará é o que o mundo tiver de melhor.

OP –Porém, comparada uma à outra, a obra do Dragão era bem mais barata do que o Acquario.

Ciro – Depende da proporção. Quanto é que custou o Teatro José de Alencar ao seu tempo? E que Ceará tínhamos na época? Isso é uma completa estupidez e obscurantismo. A classe média brasileira não vem mais ao Ceará, já foi ao Dragão, ao (shopping) Iguatemi,ao Beach Park, e se não tiver todo ano uma coisa nova, uma nova atração. E estamos falando de milhões de empregos numa área que não terá mais indústria, Fortaleza não terá mais indústria. Há essa maluquice de não deixar a indústria naval se instalar num local inteiramente degradado, cuja consequência urbana é nenhuma, porque o input da indústria naval vem pelo mar e o output sai pelo mar, não há qualquer problema de caminhão, coisa nenhuma. Por outro lado, emprega 10 mil pessoas só na construção, outras 7 mil, 6 mil na operação, e as pessoas ficam brincando porque estamos ai no nosso ar-condicionado, bom salário, nosso carrinho, e o povão que se ferre. No subemprego, ali na rua José Avelino, submetido àquela demagogia rasteira e barata que está destruindo a Monsenhor Tabosa. O que é que nós queremos para o povo do Ceará, enfim? Eu quero o melhor, o Cid quer o melhor. Podia não ser o Acquario? Podia, mas alguma coisa precisa ser feita, sistematicamente há necessidade de equipar a estrutura urbana porque a identidade de um povo vem da sua formação cultural. E a formação cultural não é menino pobre de seis anos ser expulso de Shopping Center, posto pra fora, que é o que resta pra nossa meninada. Faz um museu que preste, faz um aquário, para ver se não desperta vocações.

OP – O problema da obra da Acquario é o alto custo, o fato de estar paralisada, a inexistência aparente de uma parceria para sua manutenção...

Ciro – Pacto de mediocridade, puro e simples. Fizeram inclusive crédito externo, vinculado ao financiamento dele, é uma discussão pusilânime. Do tipo porque faz isso e não um hospital, quando a linha de crédito é específica para financiar exportação do produtor do Acquario, um empreendedor americano. Por que Melbourne tem, por que Sidney tem, porque Nova York tem, Paris, o Rio de Janeiro acabou de fazer, Boston, por que todas as cidades relevantes do mundo têm Museu de História Nacional, zoológico, tem aquário, e a gente não quer ter. Sabe por quê? Explico: por que o baronato cearense vai visitar o aquário de Nova York, vai visitar o oceanário de Lisboa, e o nosso povo que se ferre com esse pacto de mediocridade, tendo que ouvir um forró de quinta categoria!

OP –O senhor defende a volta de Cid à vida pública.

Ciro – Sim, claro. É um quadro absolutamente extraordinário.

OP – Já em 2018?

Ciro – Sim, pelo meu gosto, como candidato ao Senado.

OP – Ele está resistindo?

Ciro – Sim, mas é natural.

OP –Há ainda um terceiro irmão, o Ivo, que está prefeito de Sobral. Sempre ouvi que seria o mais preparado dos três, até pelo fato de ter estudado no exterior.....

Ciro – Sob o ponto de vista formal é. Tem o mesmo título do Barack Obama, mesma universidade, com os mesmos professores, três anos depois dele, apenas.

OP – Qual é a expectativa do senhor em relação à gestão dele em Sobral?

Ciro – Teve uma experiência parlamentar muito boa, transitou no Governo do Estado como assessor do Cid,foi secretário de Educação em Fortaleza e agora vai estrear como administrador solo, chefe, vai experimentar a solidão das decisões do poder real. É preciso entregar uma grande administração em Sobral para se credenciar a ser um quadro para o futuro do Ceará.

OP –Pode se transformar no terceiro filho da dona Mazé e seu Euclides a governar o Ceará?

Ciro – (risos) Está muito longe, ainda. Na fila tem outros à frente. Roberto Cláudio (prefeito de Fortaleza), por exemplo, fatalmente está construindo um caminho que faz dele o predileto nessa fila.

OP –Para ser o próximo?

Ciro – Não digo o próximo, porque será, naturalmente, o Camilo. Se depender de mim, evidentemente.

PERFIL

Ciro Ferreira Gomes nasceu no dia 6 de novembro de 1957, em, Pindamonhangaba (SP), mas foi criado em Sobral (CE), terra do pai, Euclides, para onde a famíla se mudaria em 1962.É advogado, formado pela Universidade Federal do Ceará, e acumula um longo histórico de cargos públicos: deputado estadual, deputado federal, prefeito de Fortaleza, governador do Ceará, ministro da Fazenda e da Integração Nacional. Prepara-se para a terceira candidatura à presidência da República e promete, com ela, se despedir da vida pública.

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