Em um contexto de tantas indefinições - não apenas sanitárias, mas também políticas -, 2020 surge como um ano curioso para o cineasta Wolney Oliveira. Em meio à pandemia do novo coronavírus e à escalada do esvaziamento das políticas do audiovisual por parte do governo federal, o Cine Ceará - festival dirigido por ele e criado por seu pai, Eusélio Oliveira (1933-1991) -, chega à 30ª edição. Além disso, a Casa Amarela - espaço formativo para cinema e audiovisual da Universidade Federal, também criada por Eusélio - está nos preparativos para o aniversário de 50 anos, que chegará em 2021. Junto a tudo isso, Wolney completou 60 anos no último mês de maio. Apesar de encarar "com tristeza" a forma com que o governo trata o audiovisual, Wolney faz questão de ressaltar a importância da indústria para a economia e leva como lema palavras que ouviu do professor Antônio Martins Filho (1904-2002), fundador da Universidade Federal do Ceará: "Sou um otimista convicto e inveterado". Em entrevista às Páginas Azuis do O POVO, o cineasta dividiu memórias da trajetória de vida e obra, desde o início no cinema, passando pelas experiências formativas fora do País e pelo retorno ao Ceará, chegando aos movimentos de continuidade dos legados do pai.
O POVO - Qual era a relação que você nutria com o cinema na infância e adolescência? Houve influência do seu pai para surgir esse interesse que virou trajetória profissional?
Wolney Oliveira - Meu pai e minha mãe se divorciaram em 1964, eu tinha 4 anos, então minha convivência com ele dentro de casa foi até esse período, são pouquíssimas recordações. De cinema, nada. Retomo mesmo o contato com ele aos 19 anos. Antes disso, costumo dizer que a minha relação com o cinema tem a ver com os aquários. Meu primeiro "trabalho", digamos assim, aos 16 anos, foi uma fábrica de aquários, eu vendia numa feira no Jardim América. Minha primeira relação com o retângulo, o enquadramento, com a parte visual era através do aquário, pelo "quadro" dele ser o mesmo que o do cinema. Quando me reaproximei do meu pai, em 1979, ele dizia, com um senso de humor incrível, "deixa essa história de peixeiro! Vem fazer cinema!". Então, me aproximei do Cinema de Arte Universitário e da Casa Amarela, onde fiz meu primeiro curso de cinema com ele, que foi durante muito tempo o único professor de lá. Foi um curso pioneiro na Cidade, responsável pela formação de muita gente boa como Glauber Filho (diretor de "Bate Coração" e "Bezerra de Menezes - O Diário de um Espírito"), Joe Pimentel (diretor de "Homens com Cheiro de Flor" e "Bezerra de Menezes - O Diário de um Espírito"), Jane Malaquias (diretora de "Restos de Deus Entre os Dentes")… Os cursos da Casa Amarela estão completando 50 anos em 2021 e tiveram um papel fundamental. Imagina, o que existia até 1971 de curso de audiovisual? Zero. Lá havia o Projeto Mascate - Cinema na Comunidade, que dava cursos de fotografia e exibia filmes na periferia de Fortaleza e no interior do Estado. Uma vez, fui incumbido de ir a Irauçuba (município da microrregião de Sobral, a 157,3 km de Fortaleza) fazer as exibições em 16mm - a Casa Amarela tinha uma mini-cinemateca que foi doada pela antiga Embrafilme (Empresa Brasileira de Filmes S.A., criada em 1969 com o intuito de ser responsável por produção e distribuição no Brasil, executando a tarefa até ser extinta no governo Collor em 1990). Ele (Eusélio) disse: "Leva essa câmera e faz umas fotos". Fiz, comecei a gostar, me apaixonei pela fotografia e comecei a trabalhar profissionalmente, primeiro em casamento, batizado, e depois já fotos mais elaboradas. Depois que concluí o curso na Casa Amarela, comecei a fotografar em Super-8 alguns trabalhos do meu pai. Ele era procurador do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e criou o departamento de audiovisual lá, no qual trabalhei filmando e fotografando os projetos. Disso vem a paixão por fotografia e cinema, nasceram as duas conjuntamente. Em 1981, pintou a primeira oportunidade de fazer um curso de cinema fora do Brasil, no Ateliers Varan, em Paris. É uma escola de cinema documental dos discípulos do Jean Rouch (documentarista francês, 1917-2004). Meu pai era apaixonado por esse gênero, então minha paixão pelo documentário tem muito a ver com a paixão dele. Além de ser meu pai, ele foi também meu primeiro professor de cinema.
OP - Você mencionou a oportunidade de estudar em Paris, mas sei também que você foi para a Escola Internacional de Cinema e Televisão de San Antonio de Los Baños (EICTV), em Cuba. Quais foram os contextos dessas experiências formativas?
Wolney - Em Paris, foi um curso de três meses. Foi a primeira vez que viajei para fora do País e foi uma experiência sensacional, meses estudando cinema, vendo filmes e também produzindo. Dirigi um curta-metragem junto com o Carlos Normando (professor e diretor), também cearense, que se chamava "Um dia de Tito", sobre dois argentinos que cantavam no metrô de Paris para sobreviver. Acompanhamos eles durante vários dias, filmamos dentro do metrô. Depois, voltando de lá, continuei fotografando, tinha conseguido comprar uma câmera VHS moderníssima para a época. Em 1986, eu concluí o curso de Administração de Empresas na Universidade Estadual do Ceará (Uece) em setembro e, em novembro, fui estudar cinema em Cuba. Eu havia feito a prova de entrada da escola meses antes. Naquele contexto, existia um comitê de cineastas da América Latina e quem representava o Brasil nele eram Geraldo Sarno (cineasta baiano, diretor de "Viramundo" e "Coronel Delmiro Gouveia"), Cosme Alves Netto (pesquisador de cinema manauara), Sílvio Tendler (cineasta carioca, diretor de "Utopia e Barbárie"), Nelson Pereira dos Santos (cineasta paulistano, diretor de "Vidas Secas" e "Memórias do Cárcere")... O comitê decidiu que as seis primeiras vagas do Brasil para a Escola de Cinema de Cuba, que seria inaugurada naquele mesmo ano, seriam para a região Nordeste, quatro para o Ceará e duas para o Piauí. Daqui fomos eu, Amaury Cândido (produtor audiovisual e tradutor), Jane Malaquias e Marcus Moura (diretor de "Iremos a Beirute") e de lá foram Dácia Ibiapina (diretora de "Entorno da Beleza" e "Cadê Edson") e Valderi Duarte (diretor de "Povo Favela"). Imagina estudar cinema em uma escola novíssima e com tudo pago! Naquela época, meu pai não tinha condição financeira de pagar um curso de cinema para mim. A gente sonhava em estudar na Federal Fluminense, na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo ou na Universidade de Brasília, os três cursos superiores de cinema do País, mas minha família não podia pagar para eu passar quatro anos em um deles. Para todo mundo que passou pela EICTV, (ir para Cuba) foi a oportunidade de fazer um curso de três anos e meio com uma experiência fundamental do ponto de vista humano e com acesso a grandes nomes do cinema latino-americano e mundial. Tivemos uma semana de curso de roteiro com o Coppola (Francis Ford Coppola, cineasta norte-americano, diretor de "O Poderoso Chefão" e "Apocalypse Now"), que ainda cozinhou para a gente um nhoque (risos). Depois era aula com o Walter Lima Jr. (cineasta fluminense, diretor de "Menino de Engenho" e "A Ostra e o Vento"), Fernando Solanas (cineasta argentino, diretor de "Tangos - O Exílio de Gardel" e "A Viagem"), Fernando Pérez (cineasta cubano, diretor de "Clandestinos" e "Suíte Havana"), Fernando Birrí (cineasta argentino, diretor de "Los inundados" e "Um Senhor Muito Velho com as Asas Enormes"), Gabriel García Marquéz (escritor colombiano, autor de "Cem Anos de Solidão" e "O amor nos tempos do cólera"). Foi uma experiência de formação, de me reconhecer latino-americano, de conviver com personalidades do cinema mundial. No último ano de curso, me especializei em direção de fotografia. Dirigi na escola os curtas "Gilberto & Yayá" e "O Invasor Marciano", que recebeu o primeiro prêmio internacional da história da EICTV no Festival de Bilbao, na Espanha. Concluindo o curso, já havia casado com a Margarita Hernández (cineasta cubana radicada no Brasil, diretora de programação do Cine Ceará), com quem fui casado por 25 anos, e tive o interesse de ficar mais um ano em Cuba. Na época, o Orlando Senna (cineasta baiano, diretor de "Iracema - Uma Transa Amazônica") era o diretor da EICTV. Ele e outro professor, Octavio Cortázar, me convidaram para projetos. O do Orlando era um documentário para o Memorial da América Latina sobre a identidade latino-americana a partir do bolero. Decidi fazê-lo por ser um trabalho do meu País. Resultou no documentário "Sabor a mí", filme que me "introduziu" no cinema brasileiro. A escola foi fundamental na minha formação não só do ponto de vista humano e técnico, mas também do ponto de vista profissional.
OP - O Cine Ceará foi criado em 1991 pelo seu pai. Como foi, quando você retornou ao Brasil, o processo de assumir o festival? E você falando das experiências na França e em Cuba me lembra do caráter internacional que o evento adquiriu em 2006. De onde veio essa ideia?
Wolney - Quando saí do Ceará para Cuba, fiquei quase seis anos fora, somando o tempo na EICTV e as autorizações que a Universidade me deu para seguir lá em uma especialização em fotografia e depois para o "Sabor a mí". Conheci gente do mundo todo, filmei em Maputo, na Argentina, no Panamá. Foram muitos contatos. Os atuais ministros da Cultura da Argentina e do Panamá conheci a partir da Escola de Cinema de Cuba. Quando retornei ao Brasil, em 1992, fazia um ano que tinha acontecido o assassinato do meu pai. Assumi a direção da Casa Amarela. Quando assumi em 1993 a direção do Cine Ceará - que até então era a Vídeo Mostra Fortaleza -, comecei a me preocupar com a conexão com a América Latina. Me afligia muito o fato de que, apesar de ser um país latino-americano, no Brasil não se via filme ou se escutava música em língua hispânica. Essa conexão acabou vindo em 2006. O Brasil tinha quase 400 festivais de cinema ativos e o Cine Ceará procurava um diferencial. Ele já era importante no contexto brasileiro, mas sentimos necessidade de abrir o leque para o cinema ibero-americano - incluindo então Portugal e Espanha. Convidamos o Fernando Birrí para ser nosso presidente de honra e receber o Troféu Eusélio Oliveira como homenageado. A competitiva de longas passou a ser de obras ibero-americanas. Depois, em Gramado, criaram uma competitiva latina, mas separada da brasileira. No Cine Ceará é todo mundo junto e misturado competindo. Nos últimos cinco anos, a programação do festival se fortaleceu muito e tivemos grandes filmes que nos escolheram para o lançamento no Brasil, como "O Clube", do Pablo Larraín, que tinha ganhado um Urso de Prata em Berlim, e "Uma Mulher Fantástica", do Sebastián Lelio, que também foi premiado em Berlim e acabou ganhando o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro depois. No ano passado, tivemos "A Vida Invisível", do Karim Aïnouz, que havia acabado de ganhar a mostra Un Certain Regard em Cannes.
OP - O Cine Ceará acompanhou bastante o crescimento do cinema cearense.
Wolney - No ano passado, nós tivemos quase 300 longas inscritos e quase 1000 curtas. Dos longas, dez foram do Ceará. É histórico. Quando a produção cearense teve dez longas por ano? Quando voltei de Cuba, não tinha quase nenhum! Em 1993, foram três filmes produzidos no Brasil todo e, entre eles, "A Saga do Guerreiro Alumioso", do nosso decano do audiovisual nordestino Rosemberg Cariry. Além dos dez longas inscritos em 2019, tivemos 102 curtas do Ceará. Na minha época, eu não podia estudar cinema aqui para além do Curso Básico da Casa Amarela. Hoje tem o curso superior de Cinema da Universidade de Fortaleza, o da UFC, a Vila das Artes, continuam os cursos da Casa Amarela, o Porto Iracema das Artes… Ou seja, não tem problema se quiser estudar cinema aqui.
OP - De 2019 para cá, a produção cearense e brasileira vinha em trajetória positiva, iniciativas de formação no Estado se estabeleceram, mas ao mesmo tempo em que viam-se os frutos das políticas públicas construídas anteriormente, as mesmas políticas começaram a ser esvaziadas e questionadas pelo governo federal. Como você enxerga o desacordo entre a posição do governo e o momento do audiovisual no País?
Wolney - Com muita tristeza. Até 2018, no final do governo Temer, o audiovisual estava voando em céu de brigadeiro. No cinema brasileiro, a gente vive renascendo das cinzas. O período que falei do Rosemberg Cariry foi logo depois que o Collor acabou com a Embrafilme. O Ipojuca Pontes (cineasta, escritor e produtor teatral, secretário Nacional da Cultura em 1990), com uma canetada, acabou com uma empresa criada pelos militares. A Embrafilme produzia entre 100 e 120 longas por ano e resolveu um problema que até hoje a Ancine (Agência Nacional do Cinema, atual órgão regulador do setor no País) não resolveu: a Embrafilme distribuía e vendia os filmes brasileiros internacionalmente. O período do começo dos anos 1990 foi muito triste e esse agora também é. O grande problema do País - além de toda a questão política-ideológica que está aí - é que a economia está muito ruim, precisa gerar emprego. A indústria audiovisual brasileira até 2019 empregava mais do que a indústria farmacêutica e do que a de celulose. Mais de 400 mil empregos. É uma indústria fortíssima. No ano passado, dois filmes de nordestinos ganharam prêmios no Festival de Cannes - "A Vida Invisível" e, na competição principal o Juliano Dornelles e o Kleber Mendonça Filho ganharam um prêmio importante com "Bacurau". Antes meu filme "Os Últimos Cangaceiros" ganhou oito prêmios no Brasil, no México, em Cuba, e muitos outros - principalmente fora do eixo. São Paulo e Rio deixaram de ser as catedrais do cinema, você tem Ceará, Pernambuco, Bahia produzindo filmes, a Globo reprisando "Cine Holliúdy" e aumentando a audiência em São Paulo. Espero que o governo saia dessa questão ideológica, porque isso não cria emprego, e passe a ver que a indústria audiovisual brasileira emprega milhares de pessoas que estão perdendo os trabalhos. Além de sermos uma indústria que emprega muita gente, também divulgamos a imagem do País no mundo todo. O cinema brasileiro não consegue sobreviver sem o Governo Federal, então esperamos que ele passe para a etapa de enxergar o audiovisual como a indústria que é. As "gorduras" dos editais anteriores, de 2016, 2017, estão terminando. Temos um grupo com os festivais de Brasília, Gramado, Cine Ceará, Rio e Recife que está abrindo uma interlocução com o ministério do Turismo e os secretários de Cultura do Brasil, incluindo o Fabiano Piúba (titular da Secretaria da Cultura do Ceará), também tiveram reunião com o ministro (Marcelo Álvaro Antônio, atual titular) para discutir a implementação da fundamental Lei Aldir Blanc (lei de emergência cultural sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro em junho). Acredito que até o ano que vem teremos uma safra razoável do cinema brasileiro, mas se a gente não tiver um reaquecimento, se a Ancine não contratar novos projetos… A grande fonte de arrecadação da agência é a própria atividade, não tira dinheiro de setor nenhum. A arrecadação é de R$ 1,3 bilhão por ano, com o governo ficando com uma metade e liberando a outra. Em março, foram R$ 200 milhões depositados e até o fim do ano vão depositar mais R$ 550 milhões. Então teremos mais R$ 750 mi na produção audiovisual brasileira - claro, se a Ancine desenganchar. Atualmente está nessa crise, mas a gente precisa, pelo bem do País, viabilizar que o audiovisual brasileiro volte a funcionar como vinha muito bem funcionando.
OP - O Cine Ceará chega à 30ª edição neste ano, depois de uma edição de 2019 histórica, mas com um contexto bem desafiador. Como estão os preparativos?
Wolney - Neste ano, está acontecendo uma coisa maravilhosa que já aconteceu antes, mas nunca como agora. Nós temos cerca de 20 filmes, inclusive alguns importantes do Brasil, que nos procuraram interessados em estrear no Cine Ceará. O festival está sendo consolidado como um dos principais do cinema brasileiro - ao lado de Gramado, Brasília, do Rio. É um evento que chega em 2020 à 30ª edição seguida. É bom que se diga que é o evento cultural mais longevo do Estado e chegamos aqui graças a parceiros fundamentais, como a Universidade Federal do Ceará, a Secretaria da Cultura e grandes empresas parceiras. Claro que 2020 é um ano totalmente atípico, sem precedentes e desesperador em alguns momentos. O evento terá que modificar a estratégia de como chegará ao público. Nós definimos que o formato será presencial e digital. As mostras competitivas de longas ibero-americanos e de curtas brasileiros aconteciam no Cineteatro São Luiz e o secretário da Cultura Fabiano Piúba teve uma interlocução com o dr. Cabeto (secretário da Saúde do Estado), que recomendou que eventos presenciais fossem adiados para depois de outubro. Assim, o 30º Cine Ceará vai ser realizado de 28 de novembro a 4 de dezembro de maneira presencial e online. É a história de fazer do limão uma limonada. Vamos ter que seguir as orientações da Sesa e da Secult e reduzir o número de lugares do São Luiz, que originalmente tem 1050 lugares. Mas, em contrapartida, o Canal Brasil Play (plataforma do Canal Brasil) vai fazer exibições únicas das competitivas de longas e curtas no mesmo horário que estivermos exibindo no Cineteatro São Luiz. Os filmes da Mostra Olhar do Ceará serão exibidos nas páginas do YouTube do Canal Brasil, do Dragão do Mar, do Cineteatro São Luiz e do próprio Cine Ceará.
OP - Momentos importantes estão chegando para o Cine Ceará, com as 30 edições, para a Casa Amarela, que chega aos 50 anos em 2021 com um projeto de expansão. São coisas que vêm sendo construídas há anos e chegam nesses marcos em contextos de indefinições sérias - tanto relacionadas às questões sanitárias, como à situação das políticas públicas culturais. Pensando nesses passos importantes em um futuro nebuloso, que possibilidades de saída você vê para que o Cine Ceará e a Casa Amarela - e o próprio audiovisual brasileiro - sigam?
Wolney - Vou evocar a figura do professor Antônio Martins Filho, fundador da Universidade Federal do Ceará - que em 2020 completa 65 anos como uma das principais instituições de ensino do País. Tive a oportunidade, com meu pai, de entrevistar o professor Martins Filho na casa dele e ele falou uma frase que gosto muito e uso como lema: "Sou um otimista convicto e inveterado". Encaro com otimismo. Apesar de tudo que a gente está vivendo nessa pandemia, nessa loucura de saúde, política e economia, trato de ter pensamentos positivos e projetos. No começo do ano, eu, o secretário (estadual da Ciência, Tecnologia e Educação Superior) Inácio Arruda, o secretário Fabiano Piúba, os professores (do Departamento de Arquitetura e Urbanismo e Design da UFC) Romeu Duarte e José Sales e o (técnico em audiovisual da Casa Amarela) Nonato Neves apresentamos ao reitor Cândido Albuquerque o projeto do Memorial do Cinema Brasileiro, que seria uma ampliação definitiva da Casa Amarela através de uma verticalização do prédio, unindo o moderno e o tradicional. É um projeto caro e pedimos autorização do reitor para seguir em frente. Ele recebeu com bons olhos e deu sinal verde. É um projeto caro? Sim. Ele é viável? Sim. A curto prazo? Não, muito menos nessa situação. A longo prazo, os caminhos que se colocam são o mecenato estadual, o mecenato federal, tem vários. Apesar da crise, até os 50 anos da Casa Amarela no ano que vem teremos concluído um projeto de digitalização do Acervo Eusélio Oliveira, com revistas históricas do cinema dos anos 1940, 1950, 1960, pesquisas, trabalhos. A professora doutora Ana Carla Sabino está comandando essa digitalização e vamos disponibilizar online. O momento é difícil para todo mundo, mas você tem que continuar acreditando. Apesar dos pesares, a gente tá conseguindo concluir projetos.
Modernização
O Cine Benjamin Abrahão, que faz parte da estrutura da Casa Amarela Eusélio Oliveira, será modernizado e tem previsão de reinauguração em 17 de junho do ano que vem, marcando os 50 anos da CAEO.