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Trajetórias em trânsito de Jeferson Tenório
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Trajetórias em trânsito de Jeferson Tenório

| Literatura | Vencedor do prêmio Jabuti de 2021 com o livro "O Avesso da Pele", escritor reflete sobre sua produção literária, traça um panorama da literatura atual e aborda projetos futuros em entrevista
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Jeferson Tenório tem uma biblioteca em casa com centenas de títulos (Foto: Carlos Macedo/ Divulgação)
Foto: Carlos Macedo/ Divulgação Jeferson Tenório tem uma biblioteca em casa com centenas de títulos

A literatura sempre esteve na vida de Jeferson Tenório, mesmo que ele tenha criado o hábito da leitura somente quando já era adulto. Desde criança, sentia a necessidade de contar histórias e, enquanto crescia, anotava pensamentos e reflexões em um diário. Quando adentrou na faculdade de Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, começou a ter maior contato com os livros. Primeiro, conheceu aqueles que foram considerados cânones - em sua maioria, homens brancos e europeus. Somente depois, a partir de Mia Couto, descobriu escritores que falavam sobre as realidades brasileiras e as questões da raça.

Apesar do contato tardio com os livros, o doutorando em teoria literária pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul mantém uma espécie de biblioteca particular em sua casa com centenas de títulos. Não só: ele também se tornou um dos escritores mais proeminentes da literatura brasileira atual. Há nove anos, estreou com seu romance "O beijo na parede", que conta a história de uma criança que se muda com o pai para uma cidade no Sul do Brasil. Assim, mostra a solidão e o desamparo de um garoto que tenta se adaptar a um novo cotidiano. Na época, o trabalho foi eleito o livro do ano pela Associação Gaúcha de Escritores.

Em 2018, inspirado pela vida da própria mãe, publicou "Estela sem Deus", que narra a trajetória de uma adolescente negra que migra de Porto Alegre para o Rio de Janeiro. De uma família pobre, a menina é submetida a várias violências. As duas primeiras obras de Jeferson Tenório possuem uma conexão: elas apresentam narradores em trânsito. "Entendi que narrar essas trajetórias nesses períodos de peregrinação talvez fosse um modo de enxergar as fragilidades desses personagens e como eles se tornam fortes a partir dessas fragilidades", explica.

Seu último lançamento foi "O avesso da pele", romance vencedor do Prêmio Jabuti de 2021. O narrador é Pedro, um homem que enfrenta o luto após seu pai ser assassinado em uma abordagem policial. A partir de fragmentos de sua memória, o personagem tenta reconstruir os laços paternos e compreender um familiar que já não está mais presente em seu cotidiano. Na história, o autor ressalta as consequências de uma sociedade racista e repleta de desigualdades sociais nas vivências de uma família brasileira.

No momento, Jeferson Tenório escreve um livro que extrapola o foco na violência. Com previsão de lançamento para os próximos dois anos, o trabalho evidencia a trajetória intelectual de três jovens negros na universidade. "Acho que é uma história que precisa ser narrada, que precisa ser contada, e talvez eu ainda não tenha visto essa narrativa sobre a produção intelectual das pessoas negras no Brasil", reflete. De acordo com ele, o enredo tem relações com o afrofuturismo, movimento cultural que imagina futuros afrocentrados.

Ainda neste ano, seus livros ganharão novas edições pela Companhia das Letras. A editora está publicando os primeiros títulos do escritor com o objetivo de alcançar um público maior. "Depois de eu ter lançado 'O Avesso da Pele', a Companhia das Letras fez a proposta de relançar meus outros livros. 'Estela sem Deus' vai ser lançado em agosto e 'O Beijo na Parede' deve ser lançado até o fim do ano", cita.

Em entrevista para O POVO, Jeferson Tenório aborda sua trajetória profissional, reflete sobre o espaço dos escritores negros na literatura brasileira e defende o incentivo da leitura desde a infância. Leia:

O POVO - Você teve a ideia de "Estela sem Deus" antes de "O Beijo na Parede". Por que você decidiu escrever o livro somente depois de já ter um primeiro romance?

Jeferson Tenório - Eu acho que faltava um pouco de vivência, de experiência de vida. Também tinha algumas discussões da pauta feminista que, para mim, ainda não eram suficientemente elaboradas para que eu pudesse compreender e criar uma personagem que não fosse um estereótipo. Eu tinha que tomar um cuidado ainda maior porque estava narrando a trajetória de uma personagem negra, uma adolescente que vive de seus 13 anos até os 16 anos. Conto a história dela nesses três anos em que ela enfrenta uma série de questões. Não me sentia apto o suficiente para conseguir escrever uma história em que eu pudesse convencer o meu leitor de que, de fato, era uma menina de 13 anos que estava narrando. O processo de escrita tem a ver com as leituras que fui fazendo a partir de 2012. Comecei a ler Angela Davis, Toni Morrison, bell hooks e Grada Kilomba… Fui, de certo modo, tendo esse letramento que faz uma intersecção entre gênero e raça. A partir dessas leituras, das minhas vivências, e olhando mais de perto para minha família, para minha mãe, para minhas irmãs, para minhas tias, para minhas avós, me senti um pouco mais confortável para conseguir fazer uma narradora como essa.

O POVO - A Estela é uma menina que migra de Porto Alegre para o Rio de Janeiro. Na sua trajetória, você saiu do Rio de Janeiro para Porto Alegre. Você traça esses paralelos entre sua história pessoal e a da personagem?

Jeferson Tenório - Ela se cruza com minha história porque, na verdade, a Estela tem um pouco da história da minha mãe. A ideia de escrever "Estela sem Deus", em um primeiro momento, era para recontar ficcionalmente a história da minha mãe, que sai do Rio Grande do Sul com 16 anos, vai para o Rio de Janeiro e fica por lá por muitos anos. Acho a história da minha mãe tão incrível que eu pensei em recontá-la ficcionalmente. O livro tem mais a ver com essa ida da minha mãe para o Rio de Janeiro do que propriamente a minha vinda para o Rio Grande do Sul. Mas, de certo modo, o que a gente tem é esse trânsito entre Rio de Janeiro e Porto Alegre, que acontece em "O Beijo na Parede" e em "Estela sem Deus". Gosto muito de trabalhar com esses personagens em trânsito. Nos meus dois primeiros romances, conto as histórias dos personagens em um tempo muito curto. "O Beijo na Parede" acontece em dois anos e "Estela sem Deus" em três anos, mas são personagens que estão caminhando de um lado para o outro. Eu gosto da construção desse tipo de personagem.

O POVO - Por que você gosta de trabalhar com personagens em trânsito?

Jeferson Tenório - Acho que é um momento desses personagens em que eles estão mais frágeis. Talvez esse trânsito, esse não-lugar, esse entre-lugar, demonstre esse lugar da fragilidade, da precariedade, porque você é uma pessoa que não tem raízes. E as raízes que você vai criando são móveis. É quase uma contradição: são raízes moventes que esses personagens vão criando nas suas trajetórias. Mas também, na minha infância e na adolescência, minha família teve essa peregrinação. A gente não tinha lugares fixos. E são justamente nesses momentos em que vivemos coisas muito fortes e violentas. Entendi que narrar essas trajetórias nesses períodos de peregrinação talvez fosse um modo de enxergar as fragilidades desses personagens e como eles se tornam fortes a partir dessas fragilidades.

O POVO - "O Avesso da Pele" é seu livro mais recente. Na história, você apresenta um personagem que tenta compreender a história de seu pai. A partir disso, você mostra as violências que as pessoas negras sofrem no Brasil. Qual a importância de falar sobre essas violências, principalmente, no cenário em que vivemos atualmente?

Jeferson Tenório - Acho que "O Avesso da Pele" é um pouco do reflexo do que vivemos na sociedade. O autor é aquele que observa a sociedade e, de certo modo, cria-se essa sensação de que a literatura antecipa as coisas. Na verdade, a literatura não antecipa, ela mostra o que está acontecendo. Pelo fato de a gente ter esse olhar observador, faz com que alguns assuntos se tornem urgentes nas nossas narrativas. Escrever sobre essas violências nada mais é do que um reflexo do que tem acontecido nos últimos anos no Brasil. Aliás, tem acontecido desde sempre. A literatura também tem esse papel de, em um certo sentido, representar aquilo que nos afeta cotidianamente. Isso tem a ver com as violências que as pessoas negras sofrem todos os dias.

O POVO - Ainda neste livro, o narrador tem um vínculo forte de compreensão com seu pai, também um homem negro, mas ele tem dificuldades de entender a mãe, uma mulher negra. O que você quis mostrar com esse distanciamento do filho com sua própria mãe?

Jeferson Tenório - Eu queria personagens que fossem heterogêneos, no sentido de terem personalidades diferentes, de não idealizá-los e de mostrar que são personagens negros que pensam diferente. Eles têm uma visão diferente do próprio racismo e da discussão racial. Eu coloco um narrador que tenta se aproximar do pai, mas há um distanciamento afetivo imposto por esse pai, que é um pai que tenta conversar com o filho sobre questões mais voltadas para o intelecto do que propriamente para o afeto. Ao mesmo tempo, esse narrador tenta se distanciar da mãe justamente pelo excesso de afeto. Há um jogo desse narrador, que busca uma coisa no pai e uma outra coisa na mãe. Para mim, foi interessante construir esses personagens, porque é assim que a gente consegue ter a complexidade das relações. São personagens contraditórios, que têm problemas, que erram e que não são idealizados.

O POVO - Em suas obras, você trata de assuntos profundos, como o racismo, com uma linguagem bastante acessível. Essa maneira de escrever é intencional?

Jeferson Tenório - Há uma estratégia de propor uma linguagem que seja mais fluente, que não ofereça essas barreiras linguísticas ao leitor. Talvez eu tenha escrito livros que eu gostaria de ter lido na minha adolescência e na minha juventude, mas não tenha encontrado. Escrever um livro que tenha essa proposta de não oferecer dificuldades linguísticas ao leitor é uma proposta pessoal de tentar encontrar um livro que faz uma conexão entre aquele que não é leitor e que, ao entrar em contato com uma leitura mais fluente, ele pode se tornar um leitor. Eu tenho recebido muitos relatos de professores sobre alunos dizendo que foi o primeiro livro que eles leram na vida, tanto "Beijo na Parede" quanto "Estela na Parede" e "O Avesso da Pele". São livros em que eles acabam se colocando nesse lugar de fazer a conexão entre aquele que não é leitor e aquele que pode se tornar leitor a partir dos meus livros. Isso, para mim, já é um grande êxito.

O POVO - Não podemos deixar de falar sobre as ameaças de morte que você recentemente enfrentou por falar sobre literatura e o "O Avesso da Pele" em uma escola na Bahia. Na sua perspectiva, como essa situação que você viveu representa o Brasil atual?

Jeferson Tenório - O Brasil foi fundado a partir da violência, da colonização dos portugueses, do apagamento dos povos originários, do sequestro dos corpos negros, dos estupros, dos assassinatos… A origem do povo brasileiro inicia com a violência e está na nossa gênese enquanto organizadora de uma sociedade. O que acontece é que, quando você tem um governo que é eleito e defende essas práticas violentas contra as minorias, você dá licença para que determinados grupos se coloquem no direito de fazer ameaças. O que penso é que chegamos em um momento em que essas pessoas se sentiram autorizadas para fazerem ameaças. O que, na verdade, elas querem é instaurar o terror para que a gente se sinta imobilizado. Mas, por outro lado, penso também que, se os textos literários incomodam, é porque eles estão cumprindo seu papel, que é o de justamente incomodar e dizer que nós não aceitamos tudo que está sendo colocado. E há uma reação, e essa reação vem em forma de literatura, de arte. Esse é o contexto que temos hoje no Brasil.

O POVO - Vivemos em um Brasil contraditório. Da mesma forma que regredimos em alguns aspectos, também avançamos em outros. Desde que você começou a escrever, em 2013, até agora, em 2022, quais as diferenças que você percebe no mercado literário em relação a histórias escritas por negros e com protagonismo negro?

Jeferson Tenório - Quem olha o cenário literário hoje pode ter a sensação de que temos muitos autores negros com bastante visibilidade, ganhando prêmios, aparecendo na mídia… É uma sensação mais do que uma materialidade do que de fato acontece, porque, se a gente for olhar a história da literatura, raramente você vai encontrar essa visibilidade de autores e autoras negras. Mas, se compararmos os anos de hoje com 2013, vejo que houve uma mudança significativa. Em 2013, seria impensável, por exemplo, a gente ter autores negros como a gente vê hoje, ganhando prêmios, sendo lidos e estando na lista dos mais vendidos. Isso é um reflexo de uma mudança social. A gente tem uma mudança de mentalidade na sociedade, no mercado editorial e na academia. Existe uma demanda por outras narrativas que não sejam aquelas que estávamos acostumados a ouvir.

O POVO - Você sempre fala que começou a ter o hábito da leitura na vida adulta. Como começou esse primeiro contato com a literatura?

Jeferson Tenório - Penso que a gente já nasce com a literatura. A gente já nasce com essa ideia de narrar as coisas. Eu nasci com a literatura sem saber que ela andava comigo, porque a vontade de narrar sempre esteve comigo. Sempre gostei de escrever diários e histórias. Mas eu não era um bom leitor. Tinha vontade de escrever, mas não lia. Só depois, na universidade, é que começo a me tornar um leitor literário. Tenho acesso, primeiro, a esses textos mais canônicos, como Don Quixote, Shakespeare e Cervantes, que são autores de um cânone branco e europeu. A partir desse contato com a leitura literária é que eu começo a entender o que significa escrever. Eu entendi que escrever era mais grave do que eu achava. Até então, a escrita, para mim, era algo muito próximo da brincadeira, de brincar com as palavras e as frases. Não tinha aquele compromisso quase que existencial. Lembro de, depois de ter lido "Grande sertão: Veredas", do Guimarães Rosa, eu tive uma espécie de paralisia. Eu não achava que eu poderia escrever alguma coisa, em termos literários, que valesse a pena depois de ter lido "Grande sertão: Veredas".

O POVO - Abordando um pouco suas pesquisas, seu mestrado foi focado em Mia Couto. O que lhe atrai na literatura desse escritor?

Jeferson Tenório - O Mia Couto talvez tenha entrado em um momento muito importante na minha vida acadêmica por pensar as questões raciais em sua literatura. Quando me apresentaram, no começo da faculdade, o conto "Cada homem é uma raça", foi a primeira vez que vi um autor declaradamente dizendo que estava falando sobre raça. Para mim, isso foi muito forte e significativo. Meu letramento racial começa com a leitura desse livro, ao entender que literatura e raça poderiam estar dentro de uma mesma discussão. Isso me encantou bastante e entendi que poderia trabalhar com as questões identitárias a partir do que Mia Couto colocava. Foi uma relação de muitos anos, porque fiz a graduação, participei de grupo de pesquisa e fiz o mestrado relacionado com as discussões do Mia Couto.

O POVO - Para além de ser escritor, você também é professor e costuma defender o incentivo à leitura desde a infância. Qual a importância desse estímulo à leitura?

Jeferson Tenório - Nos trabalhos que tenho visto em sala de aula, para as crianças, passando um pouco desse período da alfabetização, é relativamente fácil você conseguir que as crianças criem o hábito e o amor pelos livros. Os professores dos primeiros anos conseguem fazer esse bom trabalho que vai para além da alfabetização. Eles criam essa vontade de ler. A grande questão começa quando esses alunos vão crescendo. A gente sabe que, às vezes, esses alunos não têm as necessidades básicas atendidas. Você querer que um aluno leia Shakespeare sem ele ter o que comer é até injusto. Além disso, chega a fase da adolescência. É nesse período que a gente meio que perde os leitores. Talvez a gente precise de um programa de governo que efetivamente consiga dar continuidade a programas de incentivo à leitura, que não sejam ações esporádicas e que não dependam exclusivamente da vontade do professor ou de uma direção de escola, mas que seja, de fato, um projeto de estado fazer com que as pessoas se tornem leitoras.

O POVO - O que a sociedade brasileira tem a ganhar com mais pessoas leitoras?

Jeferson Tenório - Acho que a sociedade ganha um espaço mais humano, onde a gente possa pensar mais na sociedade enquanto coletivo. A literatura lhe permite se colocar no lugar do outro. Ela dá essa possibilidade para você viver uma vida que não é a sua. Então, quanto mais se lê, mais sensível você fica em relação ao outro. Talvez esse seja o grande problema ou talvez a grande tragédia humana: a gente não consegue se colocar no lugar do outro, não consegue perceber o outro. Talvez a indiferença seja o maior mal desse século. Quanto mais você lê, mais humano você pode se tornar. Claro que não é nenhuma garantia que as pessoas se tornem mais humanas lendo, mas há uma grande probabilidade de que elas sejam tocadas em suas subjetividades.

O POVO - Para além dos lançamentos da Companhia das Letras neste ano, no que você está trabalhando no momento?

Jeferson Tenório - Eu tenho trabalhado, desde o ano passado, no próximo romance que deve ficar pronto em 2023 ou talvez em 2024. Pretendo sair um pouco dessa narrativa da violência em relação aos negros e entrar em uma narrativa sobre a trajetória intelectual de três jovens negros dentro da universidade. Acho que é uma história que precisa ser narrada, que precisa ser contada, e talvez eu ainda não tenha visto essa narrativa sobre a produção intelectual das pessoas negras no Brasil.

O POVO - Por que você decidiu fazer essa mudança de narrativa?

Jeferson Tenório - Talvez tenha um pouco a ver com essa ideia do afrofuturismo. O afrofuturismo no sentido não apenas de a gente imaginar no âmbito do especulativo e do tecnológico em que as pessoas negras estão inseridas, mas de pensar o afrofuturismo também como uma espécie de esperança. O objetivo é você conseguir deslumbrar outros futuros que não sejam apenas o da violência e o da morte, mas que a gente possa pensar as trajetórias negras de outro modo. "O Avesso da Pele" me marcou muito e continua me marcando talvez porque eu tenha escrito um livro muito próximo da realidade. Então, praticamente todos os dias sou tocado por essas questões da violência policial, as pessoas negras continuam morrendo. Isso é muito impactante para mim enquanto escritor. Por isso, acho que preciso de um projeto que possa me revelar outros futuros possíveis que não seja apenas pela via da violência.

O POVO - O afrofuturismo é um movimento que vem ganhando espaço no Brasil nos últimos anos. Qual a importância de pensar esses futuros afrocentrados?

Jeferson Tenório - A importância é para que a gente possa criar mecanismos para enfrentar o presente. Se uma realidade é muito dura, a gente precisa sonhar essa realidade. Ela tem que ser imaginada e inventada. Isso também serve para manter a nossa sanidade mental, porque, se a gente ficar apenas nesse ambiente da lamentação e da reivindicação, a gente não consegue avançar muito enquanto pessoa. Apostar no afrofuturismo, nesses futuros possíveis, é um modo de nos tornar mais humanos.

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