Era agosto de 2018 quando o ator baiano Antonio Pitanga veio à sede do jornal O POVO para uma entrevista de Páginas Azuis concedida a mim e ao hoje editor de Cultura e Entretenimento Renato Abê. O artista era um dos homenageados daquele ano com o Troféu Eusélio Oliveira no 28º Cine Ceará, principal festival de cinema do Estado. A conversa foi carregada de memórias da trajetória de Pitanga, da história do País, de ancestralidade. Na ocasião, o Brasil estava envolto na campanha presidencial e o ator declarou: “Eu sou otimista, eu sou Lula”. Quase exatos quatro anos depois, a atriz carioca Camila Pitanga veio a Fortaleza no início de outubro para receber o mesmo troféu que o pai no 32º Cine Ceará, que foi realizado de 7 a 13 deste mês, entre o primeiro e o segundo turnos do pleito de 2022. Camila também foi direta: “Eu espero Lula presidente”. São inúmeras as ligações — simbólicas e concretas, em citações diretas ou indiretas — entre a entrevista de quatro anos atrás e a de 2022. Natural que seja assim, afinal Camila cita pertencimentos e ideias que são fruto direto da ancestralidade que adquiriu do pai e, também, da mãe, a atriz Vera Manhães. Com mais de 30 anos de carreira e voz ativa em prol de causas nas quais acredita, a artista construiu um caminho de sucesso na TV, no cinema, no teatro e, mais recentemente, encara desafios à frente e atrás das câmeras no streaming. Pitanga pai, em 2018, se declarou como “um negro em movimento” por querer “ter o direito de ir, avançar, recuar, parar, olhar, desistir”. Em um diálogo — que supera tempo e espaço — com o genitor, Pitanga filha atestou: “Assim como meu pai construiu, eu também quero construir, eu também sou uma mulher em movimento”.
O POVO - Você nasceu em um contexto de contato com a arte a partir do pai e da mãe já serem artistas, mas como e quando veio o estalo de você querer também enveredar na atuação?
Camila Pitanga - Digamos que a arte me buscou. Diferente de muitos filhos de atores, eu não tinha essa coisa assim de “ah, eu quero ser atriz!”, “vai ser a minha busca desde pequena”. Não era, pelo contrário. Eu queria ser advogada — acho que já tinha essa coisa meio ativista quando a gente nem sabia o que era ser ativista —, mas eu me imaginava em outros espaços. Mas já tinha essa coisa lúdica de alguma maneira em casa, intuitivamente, brincando, compondo, criando cenas, dançando muito. Minha mãe é da dança, meu pai é ator, minha mãe também atuou, minha mãe cantou. Então, sem dúvida que eu tenho esse esteio familiar das artes, mas eu fui criança. Na minha adolescência, comecei a trabalhar, a fazer alguns testes, e quando vi eu virei conhecida. Muito cedo, eu acho. Eu diria que isso que você falou, onde acendeu essa chama no sentido do “eu quero”, foi quando eu escolhi a minha faculdade, foi quando eu fui fazer artes cênicas na Unirio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro). Lá, eu fui afirmando cada vez mais. Comecei como aluna de interpretação e depois eu passei pra teoria teatral, porque eu queria ter base. Eu tinha dezenove anos, mas eu já era muito conhecida. Com 16 anos, eu virei musa do verão. Eu virei “sex symbol” antes mesmo de ser atriz, antes mesmo de me entender como gente. Isso pra mim não era legal, não me satisfazia. Eu me cobrava internamente por ter uma bagagem. Então, procurei na UniRio esse esteio, essa bagagem, porque eu não ia brigar com a vida, já que a vida me trouxe esses trabalhos — eu já estava trabalhando, já tinha feito Tablado (escola de teatro do Rio de Janeiro fundada em 1951 pela escritora Maria Clara Machado), já tinha feito nessa época pelo menos duas ou três novelas, já tinha iniciado e era uma pessoa conhecida. Eu falei: “Não, não me satisfaz ficar sendo célebre, sendo uma pessoa conhecida, eu quero saber do meu ofício”. Esse insight da carreira foi sendo uma coisa realmente construída passo a passo na faculdade, nas peças de teatro, nos trabalhos — também na televisão, sem dúvida, porque ela também foi me trazendo novos desafios, foi me dando musculatura. A gente tá falando de uma caminhada, né? Mas (querer ser atriz) não foi nesse início de carreira propriamente dito. Eu comecei a trabalhar, me tornei célebre, mas acho que a minha escolha de artista se deu quando eu afirmei isso. “Então tá bom, vida, eu não vou brigar com você, então vamos estudar”.
OP - Fazendo um paralelo com agora, sua filha, Antônia, também está em um contexto de crescer no universo artístico. Não sei se ela quer ou não enveredar por aí, mas que peso você vê na arte enquanto ferramenta transformadora não para “ser artista”, mas “ser humano”?
Camila - Não à toa, eu sempre pude oferecer isso para a Antônia não só através da escola dela, que valoriza muito essa formação artística, entende que o que vem no caminho do conhecimento que é cobrado em todas as escolas está no mesmo patamar, na mesma escala de potência, que as artes, a música, o teatro, que a cultura de uma maneira mais abrangente. Isso me traz, na verdade, muito do meu pai, porque ele sempre fala que cinema e o teatro deram régua e compasso pros passos dele. É isso que eu aplico, que eu tento oferecer para Antônia. Foi algo que meu pai cavou, entendeu muito jovem, quando estava no internato fazendo uma formação muito ampla. Ele fala sempre isso, ele fez trabalho de tipógrafo, xilogravura, aprendeu a ser alfaiate ou seja, naquela época, ele muito jovem entendia que todas as culturas e os saberes poderiam alargar a possibilidade dele ser no mundo. E a gente tá falando de um jovem de menos de 18 anos, pobre, da periferia de Salvador, que entendeu que conhecimento dava passaporte para ele ir além do caminho que dariam para um jovem negro naquela época. Isso naturalmente está em mim, porque ele me ofereceu, sem dúvidas. Eu sempre tive essa coisa de estudar. Meu pai sempre falava: “Pode tudo, mas a gente não economiza em saúde e educação”. Meu pai é artista, vida mambembe, mas fazia questão da gente ter uma estabilidade, com prioridade para saúde e educação como uma coisa só.
OP - Antes da TV e da faculdade, você já tinha feito teatro antes e tem um crédito de um filme do Cacá Diegues, “Quilombo” (1984)...
Camila - Eu tinha feito escola de teatro antes de entrar na faculdade, com 12 anos. No “Quilombo”, eu tinha cinco anos. Tem uma cena com umas pernas de crianças e ali eu estou. Acho muito simbólico, porque é falando do Quilombo dos Palmares, um set de filmagem onde tinha Zezé Motta (atriz fluminense), Tony Tornado (ator paulista), Antônio Pompêo (ator paulista, 1953-2016), meu pai Antônio Pitanga e eu criança, muito pequenininha, com cinco ou seis anos. Já tinha ali um nascedouro muito simbólico, mas eu gosto de falar também de um que não é tão comentado, que é meu início no cinema com Rogério Sganzerla (cineasta do cinema marginal, 1946-2004). Participei de “Signo do Caos” (2003), um longa-metragem que ele demorou anos para fazer. Quando eu fiz, morava no Chapéu Mangueira (comunidade do Rio de Janeiro localizada no Morro da Babilônia), descia a Ladeira Ary Barroso e ia para um estúdio. Eu não sabia quem era Rogério Sganzerla, não sabia. Eu sabia que tinha sido chamada para fazer um filme e era do lado da minha casa. “Vou lá ver!”. Ele era uma figuraça, me deu três frases e eu tinha que repeti-las várias vezes com uma bandeira do Brasil, uma bola de cristal na mão e brincar com aquele texto. Quase 10 anos depois, foi o lançamento do filme, eu já sabia quem era o Rogério Sganzerla. Foi uma conexão incrível, achei lindo esse “batismo” com um cara que é totalmente a ver com o meu pai, quando a gente pensa em cinema novo, em filme que quer desbravar, que quer pensar cultura, de uma geração que realmente acredita na força do cinema, na força da arte como poder de transformação. O Rogério era o cara marginal, o cara que veio pra quebrar com a narrativa, romper tudo. Então foi muito emocionante reconhecer ali — eu já tinha, sei lá, quase 30 anos, já era outra Camila — o início no cinema. Aos cinco ou seis anos, no “Quilombo”, estava ali no lúdico, mas com o Rogério eu me experimentei no cinema sendo chamada por ele. Estou fazendo essa ponte porque tenho o maior carinho por esse início simbólico no “Quilombo”, mas gosto de dar esse crédito de algo mais consciente do meu trabalho, do meu ofício de atriz, com o Rogério Sganzerla.
OP - Trouxe isso para falar sobre os vários formatos possíveis para atuar: novelas, minisséries, cinema, teatro. Para cada uma das experiências, o que você acessa no seu arsenal enquanto atriz?
Camila - Eu sou intérprete e vou com o meu vigor, minha inquietude e minha curiosidade, independentemente do espaço, porque também não é só a linguagem que determina se é mais ou menos inventivo. Depende de com quem você está fazendo. Eu tenho a sorte de, tanto no teatro como no cinema, na televisão, ter tido lindas, profícuas parcerias. O cinema e teatro tem um ambiente, uma coisa de família, de artesania, que me instiga muito como instrumento para eu me desenvolver no meu ofício, porque a demanda é por essa coisa mais laboral, artesanal, de pesquisa, de investigação. Isso não quer dizer que na televisão eu economize as minhas ambições artísticas. Muito pelo contrário. Agora estou numa etapa de vida muito interessante, que o audiovisual, as novas tecnologias e o streaming estão me dando passaporte para outro lugar como criadora. Se antes eu era criadora na frente das câmeras, agora eu vou poder ser criadora também atrás das câmeras. Eu já tinha tido a experiência como codiretora do “Pitanga” (documentário codirigido por Camila em 2016), com o Beto Brant (diretor de “Eu Receberia as Piores Notícias dos seus Lindos Lábios”, 2011, protagonizado por Camila), mas agora como produtora executiva na Warner Bros. Discovery (novo conglomerado de mídia que fundirá as plataformas HBO Max e Discovery+), estou tendo essa aposta mútua de poder me exercitar como criadora. Como é isso? A gente está falando do começar de um projeto, da folha em branco, até o roteiro para ser produzido. Eu tô engendrando, falando de projetos que me movem, falando de projetos em que eu acredito, não só de conteúdos que eu quero que sejam abraçados pelo público, mas também de parcerias. Parceria é tudo no teatro, no cinema e na televisão. Estou desenvolvendo ao mesmo tempo três projetos e cada um tem um escopo de trabalho, de criação. Em um deles, a gente está na última entrega dos roteiros, então a gente agora já está começando a pensar em elenco. Na primeira etapa, as perguntas são: como é que forma essa sala de roteiro? Com quem você vai desbravar do papel em branco até o roteiro propriamente dito? Isso foi um processo. Agora a gente está começando a pensar equipe técnica, modelo de produção. É muito trabalho, uma grande responsabilidade, mas é um desafio que eu estou tendo com um prazer, com uma gana. Eu estou ávida por isso, porque é a possibilidade que tenho de emprestar a minha voz de outra forma, botando na conta a representatividade, a diversidade, conteúdos com relevância, mas para comunicar. Não é pra ser pra “minha galera”. Estou querendo falar para o grande público. É bem diferente. Se antes eu já tinha uma “responsa” de poder querer me comunicar através dos personagens, acho que agora a “responsa” é um pouco mais complexa, é outro escopo, escalou mais, mas eu estou adorando.
OP - Aproveitando a discussão da representatividade, vivemos em um país com maioria de mulheres e pessoas negras, mas historicamente mulheres negras não conseguiram sempre se ver nas imagens construídas. Você passou um bom tempo sendo uma representante desse perfil na TV. Como você vê o espaço para atrizes negros comparando com seu início e hoje, os avanços e as faltas?
Camila - Tem que multiplicar. A gente tem história, tem voz e acho que agora o mercado entendeu que a gente também é mercado, que a gente também é capital. A questão não é só de relevância, é unir as duas coisas. É um pouco o que a Viola (Davis, atriz) está fazendo com o filme dela, “A Mulher Rei” (longa lançado em 2022 e produzido pela artista, com direção de Gina Prince-Bythewood). É entender que além da relevância, a gente pode alimentar um imaginário que fale da luta antirracista, da pretitude e da branquitude, também! A nossa ancestralidade tem muita potência, muita força. A gente pode construir coisas muito mais potentes quando a gente pode diversificar as histórias, as vozes, fazer essa fricção. Não é à toa que o mercado está abrindo espaço. Claro que é um espaço que Ruth de Souza (atriz carioca, 1921-2019), Milton Gonçalves (ator mineiro, 1933-2022), Antonio Pitanga, historicamente, foram desbravadores, mas agora a gente tem nomes como Glenda Nicácio (cineasta mineira radicada na Bahia, codiretora com Ary Rosa de filmes como “Café com Canela”, de 2018), Joyce Prado (cineasta paulistana, diretora do documentário "Chico Rei entre Nós", de 2020), Sabrina Fidalgo (cineasta carioca, diretora dos curtas “Alfazema” e “Rainha”), uma mulherada contando, dando cor e materialidade às nossas histórias e vozes. Isso não é por nós, é para pensar um projeto de Brasil, de identidade cultural que pode ser muito mais harmoniosa e rica quando a gente vê essa diversidade nas telas. Ao mesmo tempo, entender que isso é mercado, não um favor. Isso é renda, isso rende frutos maravilhosos.
OP - Seu pai é alguém essencial na luta pela democracia, pelo movimento negro, e a deputada federal Benedita da Silva (PT), esposa dela, também é essencial na política institucional. Você é uma figura de posicionamentos políticos abertos, diretos, e não de hoje. O que te faz desejar usar sua plataforma em prol de causas que você acredita?
Camila - Primeiro, a inconformidade com o disparate da desigualdade social, e acho que isso tem muito a ver com pertencimento. Estou falando de ser nota de dona Maria da Natividade, lavadeira que paria e ia voltar a trabalhar. Eu venho dessa mulher, assim como também da Caridade, mãe da minha mãe, uma mulher negra retinta que tinha já uma estrutura muito mais favorecida do que a da minha avó por parte de pai. Mas são duas mulheres batalhadoras. O que meu bisavô, Antônio Pereira Manhães, como médico, não deve ter enfrentado? Tem essa ancestralidade que, claro, se reflete no meu pai, na minha mãe. Minha mãe sempre foi uma contestadora. Ela teve uma carreira que acabou se esvaindo por questões de saúde, mas talvez porque ficou pesado brigar pelas coisas que ela acreditava, sabe? O meu pai — por questões da vida, não vou saber adjetivar — teve de fato um acolhimento e um pertencimento no Cinema Novo que o fizeram ficar um “negro em movimento” muito fortalecido por estar fazendo parte de um corpo, de uma geração. Para a minha mãe foi bem diferente. Não à toa meu pai se casa com a Benedita, essa mulher fantástica, desbravadora, que está lá na Constituição de 1988, essa mulher que no campo institucional e na própria história de vida representa tanta coisa. Então, de fato, tenho um background incrível, fantástico. Esse estalo talvez foi mais aos olhos dos outros, porque pra mim era natural. Quando eu falei, com 17 ou 18 anos, “tenho orgulho de ser negra”, eu não estava falando isso pra ser uma bandeira. Era eu, falando do meu orgulho, do meu pertencimento, da minha identidade. Anos depois, podendo conversar com Sueli Carneiro (filósofa e ativista paulistana), ela me deu esse feedback: “Olha, você não tem ideia o quanto naquele momento falar o que você estava falando significou para muitas meninas, muitas mulheres”. Não era um projeto, era algo natural, algo que eu sentia, que eu sinto. Não é algo para o outro, para o mundo. Na questão da luta pela democracia, eu estava lá ao lado do Lula, muito nova, no “Se liga, 16!” (movimento criado na redemocratização do Brasil para atrair adolescentes para as eleições), participando de comícios. Não era um projeto, foi se tecendo com naturalidade. Eu só não neguei essa jovem de 17, 18 anos. Fui amadurecendo com ela, ela está dentro de mim.
OP - Nossa conversa acontece no Cine Ceará, festival que está há mais de 30 anos existindo e resistindo, fruto de apoios públicos e privados, incentivos fiscais. Nos últimos seis anos, o cinema e a cultura no geral tiveram muitos esvaziamentos institucionais, ataques. Estamos entre o primeiro e o segundo turno da eleição presidencial deste ano. Pensando no simbolismo de um evento, fruto das políticas públicas, acontecer nesse contexto, que diagnóstico você faz dos últimos anos e o que espera que possa vir?
Camila - Bom, de saída, eu espero Lula presidente. Sendo bem direta. E não estou falando pela cultura apenas, não, eu estou falando pela educação, falando pela saúde, para que a gente volte a respirar, pela nossa dignidade como povo brasileiro, para a gente respirar a democracia, para a gente inclusive ter possibilidade de criar terceiras vias. A gente precisa de cara, de saída, de Lula presidente. Agora, eu tenho uma história com o Ceará. Fiz uma peça de teatro, “O Duelo”, com o (ator, produtor e diretor teatral) Aury Porto, cearense. Percorri Arneiroz, Lavras da Mangabeira, Iracema, fazendo o processo criativo desse espetáculo na relação com as comunidades. A gente morava em casas de família, toda sexta-feira apresentava o nosso material e conversava. Essas conversas afetaram muito esse trabalho. A gente estreou em Fortaleza e, depois de viajar inclusive para a França, para a Escócia, para o Brasil todo, voltamos para essas mesmas cidades e apresentamos a nossa peça, o nosso circo armado. Foi uma das coisas mais gratificantes, porque vi o Brasil sem filtro. Um Brasil que se ama, um Brasil que tem muita dignidade e um Brasil que precisa ser valorizado, e não ser transformado em outra coisa. Em Arneiroz, tem festival de teatro pegando vários (municípios). O nosso primeiro ensaio aberto foi em um assentamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em Arneiroz. Quando a gente voltou pra fazer a peça, estava rolando um festival de teatro do MST. A gente estava ensaiando a nossa peça e se organizava para ver as peças deles, foi uma troca. Esse é o Brasil que eu acredito, esse é o Brasil possível. Quando a gente pensar em cultura, eu não quero mais que a gente só seja resistência. Eu quero que a gente tenha valorizada a dimensão de potência que temos, que eu vi no Cariri, que vejo aqui em Fortaleza, lá no Sul, no Rio de Janeiro. Esse festival tem uma vocação incrível quando faz essa conexão da América Latina, mostra essa conexão que nós temos, que isso é exemplar para o mundo. Estou me reportando a uma coisa de Arneiroz, com esses festivais de teatro, e uma coisa daqui, que faz esse cruzamento de pessoas, de realizadores, de ideias, de pessoas que pensam sobre a nossa sociedade, sobre o que queremos construir. O cinema e a arte têm essa vocação. Poder estar aqui nesse momento histórico do Brasil, recebendo essa homenagem, é uma das maiores emoções da minha vida. Espero honrar não só hoje, mas ao longo da minha vida. Aqui é como se fosse assim uma injeção de ânimo do que a gente quer construir. É o reconhecimento dessa pequena trajetória — quando eu comparo ao meu pai, minha carreira é bem mais modesta em termos de realização que a dele (risos). Mas (em termos) de verdade, de inteireza, estou com ele. Eu sou muito comprometida com o meu trabalho, então fico muito honrada de estar aqui como um incentivo para o que quero construir também. Assim como meu pai construiu, eu também quero construir, eu também sou uma mulher em movimento.
Local
A ENTREVISTA com Camila Pitanga aconteceu no Hotel Sonata de Iracema, onde a artista estava hospedada, horas antes da cerimônia de abertura do 32º Cine Ceará e da homenagem a ela no palco do Cineteatro São Luiz
Atuação
Entre trabalhos de destaque de Camila estão as novelas "Mulheres Apaixonadas", "Paraíso Tropical", "Lado a Lado" e "Velho Chico", as séries "Sessão de Terapia" e "Aruanas" e os filmes "Saneamento Básico, o Filme", "Eu Receberia as Piores Notícias dos seus Lindos Lábios" e "Uma História de Amor e Fúria"
Vermelho
Já na homenagem, Camila afirmou que usava um vestido vermelho "não à toa", em referência à cor comumente ligada ao Partido dos Trabalhadores. No palco, ela também fez o "L" de Lula e conclamou o público a repetir o gesto.