"Olha, presidente, se tu não ganhar esse título, tu não sai daqui vivo". Esta foi uma das mensagens recebidas por João Paulo Silva ao fim do primeiro tempo entre Ceará e Sport, na final da Copa do Nordeste, quando o Vovô foi dominado e partiu para o vestiário perdendo por 1 a 0. Depois de muita pressão, o Ceará segurou o resultado e levou a decisão para os pênaltis.
Do alto de um dos camarotes instalados na Ilha do Retiro, no Recife, o dirigente alvinegro olhava para o gramado com tensão. Lá no campo estava prestes a começar a cobrança de pênaltis.
Naquele momento, passava um filme na cabeça do presidente do Vovô. Ele concentrava todos os seus pensamentos na vitória, no título. Não havia espaço para qualquer ideia negativa. E João Paulo é assim: acredita no poder das palavras.
O mandatário tentou descer até o gramado para acompanhar dali, junto ao time, os pênaltis, mas seu acesso ao campo não foi permitido. Voltou ao camarote. Teve uma rápida conversa com as mulheres de sua vida, a mãe Francisca das Chagas Silva e a esposa Katianne Menezes. Religioso, fez preces à Nossa Senhora.
Minutos depois, a tensão deu lugar à euforia quando Erick converteu o último pênalti e carimbou o tri do Ceará na Copa do Nordeste.
Com os olhos marejados, João Paulo Silva narrou em detalhes ao O POVO como foi a memorável noite do tri no Recife para um presidente recém-eleito. "Eu pensei, botei na minha cabeça que a gente não iria perder. O que te deixa na história são títulos. Eu sabia que dali a gente iria sair tricampeão".
Em mais de uma hora de entrevista, o dirigente abriu o coração, relembrou a trajetória da infância até o cargo de comando mais alto do Ceará, detalhou a troca de Gustavo Morínigo por Eduardo Barroca, contou sobre os planos para o Alvinegro, como o desejo de ter um treinador longevo e o acesso para a Série A, e revelou que pensou em desistir da eleição presidencial do clube.
João falou ainda sobre o esquema de apostas no futebol brasileiro e como o Ceará busca coibir internamente, relatou a conversa com Nino Paraíba, o engajamento do clube em pautas sociais e as diferenças de comprometimento do elenco de 2022 com o de 2023.
O POVO - Como foi sua infância? Qual era a realidade da sua família naquela época?
João Paulo Silva - Sou filho de mãe solteira. Naquela época, a gente passou muitas dificuldades. Minha mãe tinha renda baixa. Ela não é daqui, é do Estado do Piauí. Ela veio morar no Estado do Ceará, conheceu meu pai. Depois, meu pai decidiu... arranjou outra mulher. Minha mãe me criou sozinho. Nós tivemos a ajuda de duas tias. Depois elas seguiram a vida, casaram, tiveram filhos. De 1985 para 1986, a minha mãe conheceu meu padrasto. Aí, sim, foi um pai pra mim, sempre me tratou bem. Sou muito grato pela criação que ele me deu. Eu tenho uma mãe e um pai que me ensinaram o fundamental: o caráter. Minha mãe me ensinou sempre isso. Minha mãe sempre dizia: não negocie o seu caráter.
Sempre fui uma criança feliz. A condição financeira te ajuda, mas não mensura o que é felicidade. Eu sempre fui muito feliz. Procurei viver com o que tinha. Eu tinha uma escolha: ou vou vencer na vida ou vou ser refém de um problema que não meu. Eu não tive culpa de que meu pai não quis ficar com minha mãe. Eu tinha que escolher o que era certo ou o que era errado. Sempre fui esforçado, comecei a minha vida profissional aos 15 anos de idade. Estudava de manhã, trabalhava à tarde e estudava à noite. Entreguei meu esforço por aquilo que eu queria alcançar. Trabalhei nesse primeiro banco que comecei, o BicBanco, tinha 15 anos. Meu primeiro dia foi como ascensorista do elevador.
Na época, minha mãe era auxiliar de um dentista famoso na cidade. Um dos donos do banco, o coronel Adauto Bezerra, era paciente dele. Minha mãe falou com ele (coronel): 'Tenho filho único, queria muito que ele trabalhasse para me ajudar'. Ele pediu para ir lá com minha mãe. Deve ter sido em dezembro de 1993, tinha 14 anos. O coronel disse para minha mãe: 'Ele vai fazer uma prova. Não vou dar emprego para ele. Eu não sei quando será essa prova, mas ele vai fazer'. Ele me mandou para o RH, peguei o conteúdo da prova. Abdiquei das minhas férias daquele período para eu me preparar para uma prova que não sabia quando ia ser. Fiquei estudando nesse período de férias. Quando foi em março de 1994, tinha 15 anos, fui chamado para fazer essa prova. Eles ligaram, dois dias depois era a prova. Fiz e, depois de um mês, o departamento de RH do banco me ligou comunicando que eu tinha sido aprovado. Eu guardo muito essa data de 2 de maio de 1994, que foi quando eu comecei a minha história.
Tem um fato curioso: eu assumi essa função no banco, de menor estagiário, e meu primeiro dia foi no elevador. No dia 20 de maio de 1994, o Brasil estreava na Copa do Mundo contra a Rússia. Meu período era à tarde e o jogo era 16 horas. Eu, apaixonado por futebol, pensei: 'Vou embora'.
Eu fiquei como ascensorista um dia. Quando foi no segundo dia, não sei por que, o RH me chamou e avisou que eu trabalharia no departamento de câmbio e de crédito, fazendo a função de menor estagiário. Em outras palavras, eu iria ser o contínuo, fazer pagamento, ir a bancos.
Eu nunca esqueci desse dia 20 de maio de 1994. Recebi todos os pagamentos para fazer. Dia 20 era o quando o banco pagava o salário dos funcionários. Tinha muita coisa para fazer. O banco liberou todos os funcionários. Só ficamos eu e um caixa para ele autenticar. Desci de escada, deixei os pagamentos na ponta da escada. (se emociona) Mas quando eu desci aquelas escadas, eu lembrei da minha mãe. Não é justo eu fazer isso comigo e com minha mãe. Eu voltei e fiz história ali. Fiquei nesse banco 11 anos, saí por pedido para ir para outros bancos e continuar crescendo.
Com 21 anos, me promoveram a assistente de gerente. Isso nunca tinha acontecido dentro do banco. Nas promoções, todo mundo tinha que passar para ser escriturário ou ser caixa. E eu pulei. Saí do atendimento da recepção como estagiário para assistente gerente. Um ano depois fui promovido como gerente. Eu tenho muito orgulho disso. Foi muito mérito do meu esforço, do meu trabalho e da minha relação com as pessoas. Fiquei no banco até 2005, quando recebi oportunidade para ir para outro banco. Ainda voltei para o Bic em 2009. Encerrei minha carreira como bancário no final de 2013. Tudo pra mim foi muito difícil, com muito esforço e muita dedicação. O meu caráter e as minhas convicções são inegociáveis. Depois disso ainda trabalhei em fundos de investimento.
OP - E de que forma o futebol e o Ceará entram na sua vida? Quais as primeiras lembranças?
João Paulo - Como era só eu, minha mãe e duas tias, não tinha ligação com ninguém, com presença paterna, de me encaminhar a gostar de futebol. Eu nasci na rua Assunção, no José Bonifácio, perto do Centro. Passei minha infância lá. Tinha três amigos do bairro: Fred, Júnior e Erivan. Quem gostava de futebol éramos eu e Fred. Júnior e Erivan gostavam de jogar videogame, eu detestava.
Eu ganhei time de botão, não lembro de quem, e era do Atlético-MG, preto e branco. Gostei muito dessas cores. Eu não me via torcendo por um time que não fosse preto e branco. Naquela época, a minha geração torcia por três times: um daqui, um de São Paulo e um do Rio (de Janeiro). Meus outros times, quando era menino, todos os dois eram preto e branco: Vasco e Corinthians. Depois passei a torcer, obviamente, só Ceará.
Em 1986, o pai de um dos meus amigos, Seu Adolfo Pereira de Sousa, era muito torcedor do Ceará, mas o filho dele não gostava. Ele chamou o filho para ir ao estádio. Como morávamos no José Bonifácio, era perto do PV e dava para ir andando. Ele nos convidou para ir ao estádio pela primeira vez. O Júnior, filho dele, relutou para ir. Eu pedi a minha mãe e ele me levou.
O Ceará ganhou nesse dia por 2 a 0. O Júnior ficava brincando no estádio, mas eu não. Fiquei encantado, 'é esse o time que vou torcer'. Foi aí que começou minha paixão pelo Ceará. Tinha muita vontade de ficar indo ao estádio mais vezes. Sempre fui muito acanhado, nunca gostei de pedir muitas coisas às pessoas. Eu via que o pai do meu amigo ia com frequência. O Campeonato Cearense era o ano todo, a maioria dos jogos era no PV. Quando ele (Adolfo) me fazia o convite, eu ia.
Quando foi em 1993, 1994, o genro do meu padrasto torcia Ceará e me levava aos jogos. Naquela Copa do Brasil, que fomos vice-campeões em 1994, eu fui a todos os jogos. Lembro de assistir àquele jogo contra o Grêmio espremido nas arquibancadas do Castelão. Depois daí eu passei a acompanhar o Ceará com frequência. Já tinha começado a trabalhar, tinha meu dinheiro. Passei a ir, muitas vezes sozinho.
Na minha infância, não tinha muitas oportunidades de viajar, de conhecer vários lugares. Meu padrasto tinha condição financeira melhor, nossa vida começou a melhorar. Aos 13, 14 anos, passava minhas férias no Icaraí, que era o point na época. Minha cabeça era voltada para o futebol. Sempre fui muito tranquilo.
Uma coisa que minha mãe me ensinou e sou grato a ela, que é a questão da religião. Sou muito católico, devoto de Nossa Senhora. Todo domingo eu vou à missa. Tenho muito orgulho da minha mãe porque me ensinou tudo. Sou parecido com ela: humilde e simples. Nada vai mudar a minha cabeça. Meu pensamento no Ceará é que estou presidente. Sou torcedor de arquibancada. Vou carregar comigo até o último dia. Minha infância foi simples.
OP - Quando era mais novo, o senhor já imaginava um dia ser dirigente ou presidente do Ceará?
João Paulo - Não. Eu tinha vontade de ser jogador de futebol. Eu gostava muito de jogar, comecei no colégio, aquela coisa toda. Mas as oportunidades eram mais difíceis. Cheguei a jogar no sub-15 do Ceará. Conseguimos ser vice-campeões do Cearense. Como já tinha começado a trabalhar, resolvi seguir minha vida de estudar e trabalhar. Ainda bem que fiz a escolha certa, de não insistir em ser jogador de futebol. Quando comecei a trabalhar, eu dizia: 'Um dia vou ser diretor do banco e presidente do Ceará'. Não sei de onde tirei isso de ser presidente do Ceará. Até então eu não tinha nem pisado aqui.
Uma vez até me decepcionei, quando vim num sábado comprar ingresso de um jogo importante. Geralmente comprava o ingresso no próprio dia de jogo. Eu tentei entrar (no clube), mas o segurança não deixou. Foi algo que me chamou a atenção. Eu comecei a realmente ir em todos os jogos, mas não conhecia como funcionava o Ceará. Sempre coloquei na minha cabeça que um dia eu iria trabalhar para ser presidente do Ceará. As coisas aconteceram de forma natural.
Em 2009, eu assistia jogos em um restaurante que o Eudes Bringel assistia. Sou muito fácil de fazer amizade. Naquela época, eu o conheci. Até brincava com ele: 'Eudes, não deixa de vir que está dando certo'. Todos os jogos nós assistimos lá. Eu contei para ele que era gerente do banco, formado, tinha vontade de ajudar o Ceará. Eu não tinha noção de como era esse meio. Ele disse que conversaria com o Evandro (Leitão), presidente na época. Achava o Evandro um cara muito comunicativo, simples, carismático. Era fã do Evandro. Esse cara era o presidente que a gente precisava ter naquele momento. Nunca cobrei o Eudes, como falei, não gosto de pedir nada a ninguém. O tempo é de Deus, não é nunca o nosso.
Fui me aproximando com Eudes, fazendo uma amizade. Quando o Ceará subiu, eu fechei o restaurante que a gente assistia aos jogos e fiz uma festa lá. Cheguei para os proprietários do restaurante e disse: 'Se o Ceará subir, eu vou fechar a rua e vocês se viram. A gente vai fazer a festa do acesso, vou chamar meus amigos'.
Eu disse para o Eudes: 'Chama os jogadores, vê se consegue levar'. Mas era final de temporada, último jogo do ano, jogador quer ir embora e curtir suas férias. Ele levou o Evandro. Foi aí que o conheci pessoalmente. Acabei me aproximando.
Em 2010, um amigo de infância conseguiu um patrocínio para o Ceará. Ele tinha direito a um camarote. Como sabia do meu amor pelo Ceará, ele me levou. Foi quando comecei a andar aqui.
Eu ia a todos os eventos do clube. Ceará fazia jantar que você pagava R$ 1.000, ganhava os sócios. Minha esposa nunca soube disso (risos). Eu queria me engajar no dia a dia do clube. Quando foi em 2012, eu acompanhava o Danilo Ferreira pelas redes sociais. Ele disse que queria assumir o projeto Ceará 2000. A lembrança que tinha do projeto eram das rifas. 'É aqui que vou entrar'. Vim para a primeira reunião, tinham umas 80 e poucas pessoas. Na segunda reunião, veio menos da metade dessas pessoas. A partir da terceira, eu comecei a me posicionar e me coloquei à disposição. Queria ajudar. Tinha 33 anos, estava consolidado na minha profissão, era casado, minhas filhas já haviam nascido.
O Danilo me chamou numa segunda-feira junto com outras pessoas. A gente foi montando uma chapa. Entrei no projeto Ceará 2000 como tesoureiro. Conheci uma pessoa que me ajudou muito, o Seu Batista de Oliveira, grande alvinegro. Nós fizemos bons trabalhos, voltado mais para o lado social.
Comecei a me aproximar da diretoria. Em 2014, me tornei conselheiro do clube. Quando foi em 2015, o Danilo disse que não iria continuar no projeto e me perguntou se eu queria ser presidente do Ceará 2000. Falei para ele que topava, era orgulho pra mim.
Com pouco tempo que eu estava no Ceará 2000, as pessoas já me identificavam como um presidente do projeto. Comecei a construir o meu ciclo dentro do Ceará. Fui conhecendo como funcionava. A gente tinha muita dificuldade, mas sempre fui muito habilidoso. Eu pareço com Evandro, porque sempre tentei ser uma pessoa carismática. Procuro fazer com que as pessoas me respeitem pela reciprocidade. Vim para somar no Ceará.
Quando foi no fim de 2015, um diretor na época disse que o Evandro iria me chamar para ser diretor financeiro. Fiquei na minha. Não cobrei, não gerei expectativa, acompanhando. Nunca critiquei a diretoria. Imaginava que era muito difícil. Hoje tenho a real noção do que é. Procurei respeitar e entender o momento de cada pessoa à frente do teu trabalho. O Robinson foi eleito. O Evandro, no dia da votação, passou e disse: 'Eu te indiquei para ser o diretor financeiro'.
O Robinson me ligou alguns dias depois, domingo à noite, e fez o convite. Eu era empregado na BSPAR, trabalhava o dia todo. Não tinha muito tempo. Ele disse que precisava de uma pessoa de confiança. Eu disse que ia pensar para dar uma resposta. Na segunda de manhã, fui deixar minhas filhas no colégio e ele me ligou para saber se eu já tinha pensado. Eu aceitei. Foi um desafio maior, na minha cabeça, de ser financeiro do que presidente. Quando resolvi me colocar à disposição para presidente, já conhecia o clube, tinha noção. Mas quando me chamou para ser diretor financeiro, eu não tinha nenhuma noção. Nós estávamos na Série B, aceitei independentemente do que fosse acontecer. Queria ajudar o Ceará.
Não sei fazer as coisas pela metade. Ou me dedico ou não entro. Comecei a trabalhar, a entender como funcionava o clube, o futebol, fui ganhando confiança e respeito das pessoas. Passamos por momentos muito difíceis. Fico feliz porque participei, de certa forma, da construção do clube. Cresceu muito nos últimos anos, principalmente quando fomos para a Série A. Sempre tive a vontade de me tornar presidente, só não esperava que isso foi acontecer agora. Conhecendo o Robinson como conheço, jamais imaginei que ele iria renunciar ao mandato dele. Se ele fosse até o final (do mandato), de fato, eu poderia ser possível sucessor, mas só a partir de 2025.
Quando assumi o clube, sabia que tinha dificuldade pela minha ligação com o Robinson. Alguns ainda pensam que sou da mesma linha de trabalho dele. Sou um cara experiente, comecei a minha vida profissional muito cedo. Eu sempre falava que se fosse presidente do Ceará, iria fazer a gestão do meu jeito. Claro que estou aberto a ouvir as pessoas, mas quem tem que ter a palavra convicção sou eu. Isso começou sendo um grande desafio pra mim.
O outro é pegar o time num momento que estava consolidado financeiramente na Série A e você ir para uma Série B, desmontar o elenco que você tinha. Fizemos um trabalho muito grande, de tirar jogador, fazer acordo e montar um time para a Série B com orçamento menor. Foi muito difícil todos esses passos. Tenho desafio muito grande, que é voltar esse clube para a Série A. Falei isso para os atletas. Peguei o clube como presidente e estávamos em duas finais. Eu tinha por obrigação de não deixar as duas passar. Se não fossem as duas, tinha que ser uma para resgatar a confiança do torcedor. Graças a Deus fomos tricampeões da Copa do Nordeste. Tenho sentimento muito grande em relação às pessoas. Sei da força que o clube faz na vida das pessoas. Por isso que não vou cansar de dizer que trabalharei como uma das últimas coisas que quero na minha vida, que é colocar o Ceará de volta na Série A.
OP - Como presidente, a pressão sobre as decisões é bem maior. Como o senhor lidou com isso no momento da troca de treinador, do Morínigo pelo Barroca?
João Paulo - Eu sei bem administrar pressão. Lógico que é ruim, ninguém gosta. Também não sou um cara que precisa do caos para me motivar. Algumas pessoas gostam do caos para se motivar. Eu assisti ao filme do Neymar, ele falava isso, que precisava do caos para se empolgar. Sei lidar com pressão, com a crítica. Eu estou com a consciência lima de que estou fazendo o melhor de mim. O clube não é só o presidente. É o conjunto de pessoas que fazem o andamento do clube. A responsabilidade sempre vai ser do presidente da instituição. Quero trabalhar para dar exemplo para as pessoas de humildade e respeito. Eu não aceito aqui que as pessoas faltem com respeito com os demais. Eu não trato ninguém desta forma. Busco muito o respeito e a ética.
Quando me propus a ser presidente, eu sabia de tudo isso. Eu tinha uma coisa comigo, que se chama atitude. Quando resolvi fazer uma loucura de tirar treinador na véspera de uma final, fiz isso não pensando em mim, mas pensando no clube. No momento que fiz essa ação, eu trouxe toda a responsabilidade pra cima de mim. Quem está aqui no dia a dia sou eu. Eu respeito o torcedor do Ceará, tenho carinho gigante do torcedor do Ceará. Ele faz o lado dele: quando está feliz, ele elogia; quando está triste, critica. O líder não perde os seus seguidores por errar, ele perde por se calar. Acho que todo esse momento à frente como presidente, sempre dei minha cara e sempre vou dar a minha cara. Não tenho vaidade de ser o melhor presidente do Ceará, nem quero fazer comparações com os ex-presidentes. Cada um teve o seu momento a sua história. É isso que quero, quero deixar meu legado. Eu sei que a responsabilidade, eu trouxe ela pra mim. Estava convito que as coisas iriam acontecer.
OP - Em algum momento o senhor teve dúvida sobre a decisão de troca de treinador em meio à pressão?
João Paulo - Não. Dúvida, não. Você fica um pouco receoso. 'Será que fiz a coisa certa?' Mas como falei, o presidente tem que tomar atitude porque acha que aquilo é o certo. Não posso achar que fiz a coisa errada. Independentemente do que acontecesse, procurei fazer a coisa certa. Se ia dar certo ou não é outro processo. Sei que futebol é injusto. A pessoa que senta nessa cadeira não pode esperar reconhecimento de ninguém. Quero fazer uma gestão participativa, de trazer (o torcedor), eu, mais do que ninguém, sei o quanto um resultado é importante na vida das pessoas. Sempre fui muito observador.
Tenho um fato curioso. Trabalhava no Banco Bic, em 2010. Tinha um cliente que mal falava comigo, me atendia olhando para o computador. Eu nunca consegui quebrar o gelo com ele. Era muito 'sim' ou 'não'.
Fomos jogar, em 2010, na Série A, contra o Atlético-MG, no Castelão. Estava 1 a 1. Acho que era Atlético ou Cruzeiro. Fizemos o gol aos 49 minutos do segundo tempo. Eu estava próximo a ele por coincidência. Na hora do gol da vitória do Ceará, ele me deu um abraço. Ele não sabia nem quem era. Você vê assim um cara que era totalmente fechado, jogou pra fora a alegria de uma vitória do Ceará. Isso não tem preço. Para estar aqui dentro do Ceará, temos que ter esse pensamento. Tem que ser todas as pessoas que fazem o Ceará, não só o presidente.
Eu sempre falei que se não estivesse preparado, se surgisse dúvida na minha cabeça, jamais teria me proposto a isso porque eu jamais iria brincar com o sentimento das pessoas. A pior coisa é brincar com o sentimento das pessoas. Todo presidente que sentar nesta cadeira, ele tem que ter esse sentimento, de saber o real significado do Ceará na vida das pessoas.
OP - Em 2022, o comportamento dos jogadores do elenco era muito criticado. Houve uma mudança de perfil para 2023 e também na relação com os atletas?
João Paulo - Falando rapidamente de 2022, nosso elenco era muito bom. Prova disso é que todos os jogadores que saíram daqui estão na Série A, e 80% são titulares. Infelizmente, no ano passado, houve erros de vaidade, zona de conforto. Este ano, a gente montou time dentro da realidade financeira e com jogadores que realmente estão comprometidos. Por eu estar dentro da gestão do ano passado, eu ressaltei muito isso, que este ano nós não cometêssemos os mesmos erros do ano passado. É um elenco que tem mais vontade de entregar. Tanto que jogadores que ficaram do ano passado, nós resolvemos manter exatamente aqueles que queriam. No final do ano, fizemos reunião com atletas que tinham contrato, e que eram do ano passado pra dizer a realidade do clube. Conversei individualmente com cada um. Todos me disseram que estavam comprometidos com o projeto e iam trabalhar para voltarmos à Série A.
OP - O ex-presidente Robinson de Castro deu uma entrevista à Rádio O POVO CBN que existia ciumeira no elenco de 2022. O que mais chamou a atenção no comportamento daquele grupo?
João Paulo - A vaidade que existia em alguns atletas acabou criando um rompimento. Os atletas vinham, não vou dizer todos, mas alguns vinham para o clube para 'bater o ponto'. É ruim para qualquer profissional e para a instituição. Se você não tem mais prazer de trabalhar naquela instituição, você tem que ter honra e dizer que não quer. Acho que para estar aqui as pessoas têm que estar de corpo e alma, gostar do clube, das pessoas que fazem o futebol. Ano passado faltou muito isso. Tinha jogador que vinha realmente bater o ponto, fazer seu treino e ir embora. Neste ano, a gente colocou em prática uma metodologia de trabalho, que o atleta tem que chegar cedo, fazer refeição no clube, vivenciar mais o dia a dia do clube juntamente com seus companheiros. Hoje, eu sinto que os jogadores são mais próximos, muito mais do que os do ano passado.
OP - Qual avaliação o senhor faz do trabalho do Barroca até aqui? Pela pressão da torcida, pensou em trocá-lo em algum momento?
João Paulo - Um dos pontos que eu queria muito para minha gestão era ter um treinador que passasse dois anos dentro do clube. Acho que isso é a virada de chave para ter bons resultados. Quando eu trouxe o Barroca, eu peguei boas informações dele com várias pessoas. Ele é um treinador jovem, com vontade de crescer junto comigo, que estou chegando à frente da presidência do Ceará. Quando você tem uma vontade de vencer, você já dá um passo muito à frente. É um treinador jovem, veio sozinho, não trouxe a família dele, é um cara trabalhador, vive e respira o dia a dia do clube. Tenho certeza que ele vai fazer um bom trabalho. Te confesso que não passou na minha cabeça em tirá-lo, em hipótese alguma.
Infelizmente, os treinadores no futebol precisam ter resultado, mas em momento algum pensei nisso. Sabia que o trabalho estava sendo feito. No futebol nem sempre a virada de chave é de um dia para outro. Ele assumiu o clube numa terça-feira, no domingo tínhamos uma decisão contra o ABC, que precisávamos ganhar, e em seguida uma final de Copa do Nordeste. Não houve tempo de colocar o trabalho em prática porque tinha que dar continuidade ao que foi formado até aquele momento. Eu torço muito para que o Barroca dê certo. Ano passado até comentei com Robinson que um grande erro foi tirar o Tiago Nunes, porque era o treinador que iria virar a nossa chave. Eu lamentei muito a saída do Tiago naquele momento.
OP - E como o senhor descreve aquela noite do tri da Copa do Nordeste, num jogo emocionante decidido nos pênaltis?
João Paulo - Ali passou um filme de muitas coisas na minha cabeça, de tudo na minha vida. 'Estou disputando meu segundo título em pouco tempo, eu não vou perder'. A palavra tem poder. Existe uma coisa na vida da gente e das instituições que é a crença limitante. As crenças têm que ser quebradas. Eu sabia que, naquele dia, a gente ia ser campeão, não sabia como, mas tinha esse sentimento. Eu desci para o vestiário no intervalo do jogo muito mal. Não queria pensar no amanhã, queria pensar naquele momento. A gente precisava desse título até para aqueles 3 mil torcedores que saíram daqui para ir a Recife, que gastaram, que foram para comemorar. Não achava justo que aquele resultado não fosse nosso.
OP - E o clube ainda vivia um jejum de títulos...
João Paulo - O clube do tamanho do Ceará não pode ficar três anos sem ganhar nada. O Barroca mudou o time, o Sport não veio pra pressão, a gente conseguiu controlar.
OP - Como era o clima no vestiário no intervalo?
João Paulo - O clima era de tentar tranquilizar. Alguns jogadores entraram nervosos, sentiram a temperatura do jogo. No segundo tempo, tivemos um equilíbrio maior na partida. Foi uma final digna entre dois grandes clubes. Aqui nós poderíamos ter feito resultado muito maior. E o Sport poderia ter feito isso na Ilha do Retiro. A decisão mais justa foi nos pênaltis. Por que falo da crença limitante? O Ceará vinha de cinco competições perdendo nos pênaltis. Eu pensei, botei na minha cabeça que a gente não ia perder. Fiquei muito mais feliz pela alegria que a torcida passou a ter ao comemorar o título, principalmente as pessoas que estavam ali. Todo mundo estava querendo muito esse título. O que deixa na história são títulos. O futebol, infelizmente, é ingrato. O que te deixa na história são títulos. Eu sabia que dali a gente iria sair tricampeão.
OP - E o senhor estava onde no momento dos pênaltis?
João Paulo - Eu tentei descer, mas ninguém permitiu naquela hora. Voltei para o camarote e assisti bem acima onde estava a torcida do Ceará. Me peguei na Nossa Senhora, liguei para minha mãe, para minha esposa, e eu disse: 'É agora'. E foi, graças a Deus. Engraçado que teve um torcedor que mandou uma mensagem. Alguns descobriram meu número. 'Olha, presidente, se tu não ganhar esse título, tu não sai daqui vivo'. Mas eu sabia que, de uma forma ou de outra, iria dar certo e deu.
OP - O Robinson de Castro mandou mensagem parabenizando pelo título?
João Paulo - Mandou. Ele me parabenizou, sabe o quanto é difícil ganhar um título. O Evandro também me mandou. Passa muita coisa, principalmente da forma como foi. O momento turbulento que o clube estava passando. Muita gente me mandou mensagem. Acho que consegui responder todo mundo dois, três dias depois. Fica o registro desse campeonato que o Ceará mereceu. Ganhou dos principais clubes que enfrentou, nosso rival, o Sport.
OP - O senhor se empolgou no vestiário após o título conquistado? Aumentou a premiação?
João Paulo - Me empolguei. Na verdade, eu acho que é uma forma de reconhecimento do esforço dos atletas. Acabei fazendo aquilo ali para fazer uma graça. A gente tinha conseguido receita a mais pelo título. Resolvi dividir com eles, tínhamos um acordo com o patrocinador.
OP - Como é a cabeça do senhor ao lidar com a pressão e qual é a importância do apoio da família neste momento?
João Paulo - Você pode ter todas as pressões na tua vida. Mas no teu lar, você precisa ter paz. Isso é inegociável, a paz. Antes de me casar, eu morava com minha mãe. O ambiente melhor da minha vida é a minha casa. Assim eu educo minhas filhas. Minha esposa tem um perfil parecido comigo. Sou um cara que busco muito minha energia na minha família e em Deus. Não abro mão de rezar todos os dias. E tem uma coisa comigo. Quem planta o bem, colhe bem. Quando você tem uma linha religiosa, isso ajuda muito. Meu equilíbrio passa muito pela minha fé.
Sei administrar a pressão porque busco ter o meu equilíbrio. Não é fácil. Como eu digo, o futebol é cheio de altos e baixos, como tudo na vida. Sempre pensei em duas coisas: nos momentos ruins, nós precisamos ter humildade e paciência e aproveitar os momentos bons, mas ter humildade, respeitar sempre as pessoas. Já passei muitas dificuldades, tanto na vida profissional quanto na vida pessoal. Mas sempre numa linha de condução, sem perder meu equilíbrio, minha paz e minha fé em Deus.
Vou até falar uma coisa para vocês, não falei isso para ninguém. No período que eu estava me candidatando a presidente, eu cheguei na minha casa e disse para minha mulher que ia desistir. Era todo mundo batendo e eu dizia: 'Vou desistir'. Foi ela que disse: 'Não, você vai. Você quer, você é homem'. Minha esposa foi quem me deu força para não desistir. Eu pensei em desistir, não disse isso para ninguém. Estava um ambiente tão pesado... Não era que eu achasse que não ia conseguir mudar, mas se era um ambiente favorável para eu estar dentro. Pedi a Deus que me desse luz. E minha esposa foi Deus que falou para eu não desistir.
OP - O que ela falou para virar a chave?
João Paulo - Ela falou: 'Você não é homem de desistir, você é homem de Deus e forte. Você vai conseguir'. Isso me deu forças.
OP - O senhor falou que o objetivo agora é a volta para a Série A. E o que senhor sonha para o Ceará daqui a cinco anos, o que quer deixar de legado como presidente?
João Paulo - Acho que o legado que eu gostaria de deixar dentro do Ceará é um time campeão. Isso que deixa na história. E formar outras pessoas para que possam dar continuidade ao trabalho no clube com seriedade, que tenha o DNA do clube, que saibam o sentimento do torcedor. O clube cresceu muito nos últimos anos. O Ceará é instituição de muito respeito e credibilidade. O principal legado é colocar na cabeça de cada um ter esses pensamentos. Vai chegar o final do meu ciclo, quando eu entender que chegou ao fim, vou voltar para a arquibancada e torcer para os presidentes que assumirem façam uma boa gestão. Não estarei aqui me comparando com A, B, C. São momentos diferentes. Daqui a dois anos, não vou me comparar com o presidente que estiver aqui, nem com os anteriores. Quero dar ao Ceará a minha cara, meu jeito simples, de humildade, de respeito às pessoas. É isso que eu gostaria que ficasse para as pessoas que vão tocar o Ceará.
OP - Em 2023, o clube está menos tolerante com situações de vaidade do elenco ou deslizes de indisciplina de jogadores?
João Paulo - Na verdade, o que a gente está fazendo é colocar em prática a metodologia de trabalho que foi passada para os atletas, no início da temporada. Para mim, o que foi acordado não sai caro. Foi tudo apresentado aos atletas e estamos colocando em prática o que foi dito.
OP - Como vocês estão se preparando para esta janela, tanto em relação a possíveis saídas quanto chegadas?
João Paulo - A gente já está pensando em algumas posições. Me sentei com o Barroca, conversamos muito sobre isso. Estamos buscando alguns nomes no mercado para reforçar o time para a sequência da temporada.
OP - Receberam alguma procura por jogador do elenco?
JP - Até agora não recebemos nada, inclusive para o Erick. Não chegou nenhuma proposta para nenhum atleta. Pelo menos para mim, não. Acho que tem que chegar para mim.
OP - Recentemente, clube se posicionou em caso de racismo contra o Vinicius Júnior e também no Dia contra a LGBTFOBIA. Vai ser uma linha do Ceará, em sua gestão, de se posicionar sobre esses temas?
João Paulo - Claro. É um tema importante. Acho que a gente não pode fazer distinção das pessoas por conta de escolhas. O que me distingue de uma pessoa para outra é o caráter, não as escolhas. Enquanto eu estiver dentro do Ceará, eu vou estar me posicionando em apoio.
OP - Como o clube se prepara para tentar coibir que ocorram episódios de esquema de manipulação de resultados?
João Paulo - Na verdade, a gente tomou conhecimento pela imprensa. No início do ano, eu tive uma reunião com o presidente do Vila Nova, Hugo Bravo (responsável por denunciar o esquema). Ele que iniciou essa investigação sobre o esquema. Na época, perguntei para ele se tinha jogador do Ceará. Ele falou que estava sendo investigado, mas que depois me dizia. E aí depois nós tomamos conhecimento de dois atletas (Nino e Richard). Fiquei muito triste, principalmente pelo Nino, que sempre se mostrou um cara de Deus, de família, comprometido com o clube.
Infelizmente, têm profissionais que se vendem sem muita necessidade, porque são muito bem pagos. A gente fica triste, espero que realmente sirva para os demais atletas como exemplo. O futebol não pode perder a graça. O futebol, principalmente no Brasil, para o país. Num dia de jogo na Copa do Mundo, o país para. São poucos países que param para assistir jogo de futebol. As pessoas têm uma creditação muito grande no espetáculo.
É uma falta de respeito para pessoas que fazem com seriedade um trabalho de gestão no clube. Ano passado fizemos muitos esforços para colocar a cada em ordem, todos os compromissos em dia. Depois a gente fica sabe que jogador fica se vendendo por resultado, por cartão, é muito preocupante. Espero que essa investigação iniba quem pensa em fazer isso.
OP - Vocês tiveram algum momento de conversa com o elenco sobre esse tema?
João Paulo - Tivemos uma conversa com o elenco, pedimos ao Jurídico para fazer uma cartilha. A gente conversou de forma breve para explicar. Não sabemos como vai ser a punição, mas deve acontecer, até para moralizar. Tem que existir punição, e atletas ficarem um ano, dois anos parados por conta disso é complicado. O futebol é muito físico, competitivo. Jogador tem que pensar bem para acabar aceitando uma situação dessa.
OP - O senhor chegou a falar com o Nino?
João Paulo - O Nino me ligou, pediu desculpas. Não seria eu que iria julgá-lo. Eu disse pra ele que fiquei muito triste. Se fosse fazer uma lista do elenco do ano passado, ele seria um dos que jamais iria imaginar que fizesse. Mas infelizmente aconteceu. Espero que a Justiça cumpra o seu papel.
OP - Como está o caso de suspensão por doping do Cléber?
João Paulo - Eu falei com ele esta semana. Liguei para ele para passar meus sentimentos da perda do pai dele, que faleceu no último fim de semana. Conversei com a advogada que está no processo dele, que foi contratada por ele. Ela me falou que o julgamento deve ocorrer agora no meio do ano. A expectativa dela é que ele pegue só seis meses. Temos que aguardar e ver o que será feita. A defesa está pronta. Ele está treinando, não pode se apresentar ao clube. Vamos esperar o que vai acontecer.
OP - E sobre a Liga Forte Futebol, como está o andamento deste processo?
João Paulo - Nos próximos dias, estaremos assinando as minutas do contrato para as liberações saírem até o meio de julho. Isso é uma realidade, vai acontecer e ajudar muitos clubes do futebol brasileiro.
OP - O senhor falou muito de família. Gostaria que o senhor falasse um pouco das suas filhas, qual a importância delas no seu dia a dia no futebol.
João Paulo - Tenho três filhas. Uma é muito ligada no futebol (Laís). Ela é minha assessora de comunicação, fica olhando. Ela até brinca: 'Pai, estão falando do senhor. Vou responder'. Eu digo para ela: 'Não faça isso. Deixa o torcedor jogar para fora o sentimento dele'. A gente tem relação muito boa, todo mundo lá em casa. Minhas filhas são bênçãos de Deus. Tenho uma filha, a Lara, que é especial, tem uma síndrome. A Lívia, a mais velha, é muito comprometida, sabe o que quer, muito dedicada no dia a dia. A Laís e a Lara são muito novas. Vão fazer 12 anos ainda. Procuramos educá-las de forma simples, colocando no caminho de Deus. A Laís é mais alvinegra. Realmente gosta do Ceará, acompanha, vibra. A Lívia não liga muito. Torce mais por minha causa. A Laís acompanha, assiste a todos jogos, quer saber de tudo que está acontecendo.
Ligação
ANTES do início da entrevista, o presidente alvinegro avisou à reportagem que aguardava uma "ligação importante" e, por isso, deixaria o celular próximo. Cerca de 20 minutos depois, o telefone tocou, João Paulo interrompeu a resposta, resolveu um assunto do clube e retomou o raciocínio.
Emoção
AO LONGO dos cerca de 90 minutos de conversa, João Paulo Silva embargou a voz e encheu os olhos de lágrimas em quatro momentos, entre relatos da vida pessoal e episódios no Ceará
Gabinete
A SALA da presidência do Ceará fica no prédio administrativo da sede, mais próximo à Avenida João Pessoa, com vista para o campo e para a quadra. João Paulo explica que dá expediente integral no clube, realizando reuniões e despachando temas de todas as áreas, mas também costuma se instalar em um gabinete do departamento de futebol em algumas ocasiões.