O POVO - Qual a avaliação que você faz diante da sua experiência e do produto que você oferece do mercado imobiliário de Fortaleza?
Ronaldo Barbosa - O mercado imobiliário de Fortaleza não vai mudar tanto quanto o resto do Brasil. O mercado imobiliário realmente cresceu muito a partir dos anos de 2006 e 2007, grande parte desse crescimento foi por conta de oferta de crédito. Um determinado consumidor que tinha uma determinada renda, com uma oferta de crédito passou a conseguir comprar um imóvel mais caro, maior, mais novo, mais moderno. Enfim, o que aconteceu é que quando a crise começou a assolar a economia brasileira, os bancos começaram a pisar no freio, nessa oferta de crédito, então esse foi um dos grandes problemas. O segundo problema foi a taxa de juros que cresceu. A gente saiu de uma taxa de 8,25% e fomos até uma taxa de 14,25%. Para um trabalhador que tem uma renda, e essa renda não se mexeu, quer dizer, nem cresceu, nem decresceu, teve uma perda do poder de consumo. Por conta, simplesmente, do aumento da taxa de juros. Para dar um exemplo numérico, se antes, com os juros a 8,25%, esse cara conseguia tomar um financiamento de R$ 500 mil reais para compra de um imóvel novo, com a taxa de juros que nós tínhamos até ano passado de 14,25%, esse cara só vai conseguir financiar R$ 300 mil. É uma diferença muito grande. Isso trouxe um impacto negativo para o setor. Primeiro nas vendas novas, porque, quando a gente vai fazer a avaliação de crédito dele, a gente vê que ele não tem capacidade de pagar aquilo que ele precisaria para adquirir o seu imóvel. E o pior, isso gera um segundo problemas que são nas vendas já realizadas. Porque se um determinado cliente me comprou um imóvel há dois anos e ele foi à gerente do banco dele, e ele tinha capacidade de tomar um financiamento x. Agora, um cara com a mesma renda, com o mesmo comprometimento, nada mudou na vida dele, não consegue mais tomar esse mesmo valor, forçando a gente, e a ele, a tentar encontrar uma solução, um imóvel mais barato ou, em último caso, até rescindir o seu contrato.
OP - O que pode ser a solução para a retomada do setor?
Ronaldo - A gente hoje, na verdade, já vê que o setor está na curva de melhora de crescimento. Economistas de vários bancos informam que no final do ano os nossos juros já vão ser de um dígito. Muitos apostam aí em uma Selic de 8,5%. A gente vai voltar para um cenário de que o consumidor estará em uma economia boa. É claro, para quem conseguiu manter seu emprego. A gente sabe que durante essa crise, muitas pessoas perderam seus empregos ou aqueles que não eram funcionários da iniciativa privada e eram empresários, muitos também viram suas empresas perderem patrimônio. Nós estamos acostumados a ver comerciante fechar lojas. Enfim, pelo menos no quesito capacidade da pessoa tomar crédito ela vai ter, pelo menos para quem conseguiu ter seu emprego mantido.
OP - A Colmeia atua em Fortaleza, Natal, Manaus e Campinas. O poder de compra aqui está melhor?
Ronaldo - Olha, eu diria que, das praças que nós atuamos, Campinas ainda é melhor. Lá, a renda da população caiu menos. Mas Fortaleza está bem melhor que Natal, com certeza, e também está um pouco melhor que Manaus. Manaus foi muito afetada, o distrito industrial, a zona franca. Lá, o pico em 2015 chegou até 130 mil trabalhadores. Hoje tem 80 mil. Então, você vê aí o universo de pessoas que hoje estão nas ruas procurando emprego. OP - Quem está com poder de compra hoje? Ronaldo - Hoje, o que a gente vê no mercado imobiliário que está vendendo bem são dois extremos. Ou é o extremo de baixa renda e a colmeia não trabalha nesse perfil, mas a gente acompanha outras empresas que trabalham, como MRV, como Curi, e empresas que estão vendendo cada vez mais ano a ano. Empresas que no ano de 2016 venderam mais do que o ano de 2015. Quer dizer, é algo surpreendente. E o outro nicho que está vendendo bem, é o de altíssimo padrão. Nós aqui da Colmeia só fizemos dois lançamento no ano passado, o que é pouco para uma empresa do nosso porte, acostumada a fazer, seis a oito lançamentos por ano. Mas ainda assim foram produtos que tem um ticket em torno de R$ 3 milhões, e o outro também é um ticket alto, apartamento de R$ 1.800 milhão, de avaliação.
OP - Na capital?
Ronaldo - Um em Fortaleza e o outro em Campinas. Foram dois empreendimentos que renderam muito bem. Mas, por outro lado, se eu tivesse lançado um produto voltado para classe média, apartamento de R$ 600 a R$ 800 mil, tenho certeza que nós teríamos fracassado. OP - Há têm previsões para futuros lançamentos? Ronaldo - Temos. A gente ainda tem um banco de terrenos grande. A gente tem banco de terrenos que dá para propiciar lançamentos para os próximos, quatro ou cinco anos. Se a gente parasse de comprar terreno hoje, ainda conseguiria fazer lançamento para os próximos quatro, cinco anos. Mas realmente a gente só vai lançar, se a gente ver que tem espaço e tem demanda. Porque é muito arriscado colocar um empreendimento no mercado, e as vendas não acompanharem como você precisa. Você cria uma obrigação de construir um empreendimento, tendo vendendo ou não vendendo. A responsabilidade cai no nosso colo e a gente primeiro olha se o empreendimento vai ser bem sucedido.
OP – Qual modelo de gestão tem dado certo?
Ronaldo - Olha, aqui na Colmeia, eu tento fazer duas coisas ao mesmo tempo: me comportar como uma empresa pequena e familiar, e que o cliente se quiser falar com o dono, a minha porta está aberta, o cliente quando chega aqui no escritório tem um janelão de vidro que todo mundo me vê, que entra aqui sem nenhuma cerimônia. Isso dá um pouco de pessoalidade na relação empresa-cliente. Mas ao mesmo tempo, eu gosto de me comportar como uma grande incorporação. Há mais de 20 anos nós somos uma empresa S.A, de capital fechado. Temos auditoria externa, a gente publica nosso balanço em jornais de grande circulação, participamos de outros prêmios que são colocados. Inclusive, no ano passado, nós ficamos em 5° lugar no estado do Ceará no prêmio Great Place to Work, que para gente foi o primeiro ano de participação e já ter conseguido tamanha colocação foi uma grande vitória pra gente. Então é essa dualidade. Ao mesmo tempo que eu tento ter as melhores práticas de governança corporativa, que não deixa a desejar em nada para uma grande corporação que tem capital aberto na bolsa, eu por outro lado gosto de me mostrar como uma empresa pequena, familiar, em que os donos podem conversar com o cliente e ter essa proximidade.
OP - Qual é o futuro da construção?
Ronaldo - O mercado imobiliário tem um limite, tanto para baixa renda, como para alta renda. O que a gente espera é que a Colmeia esteja entre as melhores empresas. Ou seja, quando o cliente quiser escolher um imóvel de altíssimo padrão, ele vai querer escolher uma empresa que tenha tradição, que tenha qualidade, que tenha renome, que tenha marca. E não são muitas as empresas que se encaixam nesse perfil. Por isso que a gente acha que é um mercado que por si só se regula. Mas o mercado imobiliário como um todo, já o macro, no País, no Brasil, eu entendo que a gente precisa passar por um modelo que alguns países desenvolvidos têm. Em que um consumidor está comprando um imóvel, ele já está comprando definitivamente o imóvel. Ele não está prometendo comprar. Para entender melhor, hoje, quando um imóvel está em construção, a gente faz uma promessa de compra e venda, em que eu prometo vender e ele promete comprar. Então, só quando o imóvel fica pronto, que aquilo se torna uma compra e venda efetiva. E isso traz uma insegurança para o mercado, traz uma insegurança para mim, porque eu estou vendendo e, durante a obra, o contrato pode ser rescindido, traz insegurança para outros clientes meus, porque um determinado comprador de um prédio, ele pode ter a sua obra prejudicada porque um determinado vizinho rescindiu o seu contrato antes da obra ficar pronta. Isso impacta no fluxo de caixa do empreendimento. Então vários países desenvolvidos adotam um mecanismo que mesmo um empreendimento em construção, o cliente já assina um contrato definitivo com o incorporador e com o banco financiador da obra. O Brasil precisa caminhar, em busca desse modelo, se não o mercado imobiliário sempre vai ser algo que possa trazer um certo risco, tanto para o incorporador, tanto para o comprador.
OP - O setor está melhor com o Temer?
Ronaldo - Olha, o setor está melhor agora. Eu não sei se é por causa do Temer, mas com certeza o mercado está melhor sem o PT no governo. Eu não sei se outro governante estaria melhor ou pior, mas definitivamente, sem o PT, está melhor.
OP - Então você apoiou o impeachment?
Ronaldo - Sim, com certeza, não esperando a melhoria da economia, mas apoiei o impeachment por ser contra a corrupção.
OP - Você teria um candidato para 2018?
Ronaldo - Não. Eu acho que hoje a política está tão dinâmica, que, em questões de semanas, o cenário político pode mudar de ponta-cabeça. Por isso, eu acho um pouco precipitado a gente ter uma preferência por um candidato. Eu acho que daqui até lá, muita coisa vai acontecer, para poder formar nossa opinião. Mas uma coisa é certa, eu acho que o brasileiro está um pouco mais maduro depois da operação Lava Jato. Acho que amadurecemos um pouco, mas ainda estando longe do que democracia precisa, mas com certeza, conseguimos identificar alguns políticos que não têm um bom passado.
OP - A Colmeia tem 37 anos e você 35. Cresceu aqui?
Ronaldo – Basicamente. A Colmeia sempre esteve na minha família. Mesmo criança, o papai me trazia ao escritório. Enquanto ele ficava trabalhando, eu ficava sentando, brincado com alguma coisa na mesa. Quando eu fiquei um pouco mais velho, com 10, 11 anos, às vezes, ele me levava para viagens de negócios. Não pude aprender o meu ofício, enquanto empresário da construção civil com meu pai, dentro do ambiente empresa, mas pude aprender dentro do ambiente da minha casa. Onde ele sempre falou sobre o mercado. Meu pai faleceu eu tinha 13 anos. Quando eu comecei a trabalhar mesmo, todos os meus conhecimentos foram os que ele deixou enquanto vivo. Hoje, eu até gosto de fazer um parâmetro. Eu tenho essa foto aqui na minha sala (levanta e pega o porta retrato ao lado da mesa), meu pai tirou essa foto em 1993, em um lançamento de um empreendimento. E aqui do lado sou eu, já na minha geração, também em um lançamento de empreendimento. É para mostrar o que é um cartão de visita do meu pai, que eu scaneei e digitalizei e o meu cartão de visita. Qual era a abelha utilizada no nosso marketing e a nossa abelhinha hoje, nosso mascote. A pessoa, naquela época, fantasiada de abelha, com uma pessoa fantasiada. E o Ronaldo da época e o Ronaldo de agora.
OP - Qual é a principal mudança que você vê?
Ronaldo - Meu pai era um grande empreendedor, um grande visionário. Os princípios que ele nos deixou é o que nos norteia até hoje. Na verdade, a gente tenta, no nosso dia a dia, ser uma empresa que cumpra seu papel com a sociedade, ao mesmo tempo em que atenda aos nossos interesses como acionistas. Mas o papai tinha o sonho de ser um grande empreendedor, de ser a maior construtora do País. Hoje nós não temos mais esse sonho, de ser o maior. A gente tem o sonho de ser um dos melhores e ser reconhecido no mercado onde nós atuamos como um dos melhores.
OP – O que ele lhe ensinou que vez ou outra você precisa resgatar da memória? Ronaldo - Ele sempre dizia que ética está acima de tudo. Ou seja, você deve fazer o correto, não é porque tem alguém olhando para você ou porque tem alguém lhe fiscalizando, mas porque aquilo é simplesmente o correto a ser feito. Conseguir fazer mais com menos, aí vai da cabeça de cada engenheiro mesmo. A questão de produtividade. A questão da austeridade, que ele também falava muito. A honestidade. O nome e a palavra dele ele valorizava como algo muito mais importante do que qualquer papel. Independente do que tivesse escrito em um determinado contrato ou um determinado documento que gerasse uma obrigação, na cabeça dele, o mais importante era a obrigação que ele tinha assumido com alguém. Mesmo que ele tivesse assumido um compromisso com alguém e não tivesse assinado nem um papel, ele cumpria. Isso é uma coisa que ficou na minha cabeça e hoje é assim, eu perco dinheiro mas eu não perco minha moral. Não tem como fugir disso. Eu posso perder dinheiro, negócios, mas a minha moral, a minha palavra e a minha honestidade jamais.
OP - Quando ele morreu, você só tinha 13 anos. Quando você entrou de fato na Colmeia? Como foi a transição? Ronaldo - Quando papai faleceu, em 1995, eu tinha apenas 13 anos, e a minha mãe não queria participar do dia a dia da empresa, do corpo executivo. Então, ela transformou a Colmeia em uma empresa S.A. e ficou no conselho da administração, participando da empresa estratégica. Ela chamou duas pessoas para serem nossos sócios. O Romel, irmão do meu pai, na época ele era coordenador de obra, e o Otacílio (Valente), que na época que papai faleceu, já era diretor da empresa e um grande amigo do meu pai. Com isso ficamos em três sócios e cada um tocava uma parte da empresa. Nós tínhamos um executivo contratado que cuidava da parte financeira. O Otacílio tomava conta de obras e o Romel tomava conta de vendas. E isso funcionou. Em 2000, eu entrei na empresa e participei de um processo de trainee. Fiz estágio dentro de canteiro de obra, no setor de compra, de engenharia, de contabilidade, pessoal, tesouraria etc. Passei cinco anos trabalhando em todos os setores da empresa. Em 2005, eu passei a ser diretor financeiro. Em 2013, o nosso sócio Romel saiu da empresa e ficamos eu e minha família, junto com o Otacílio. Hoje eu tomo conta da parte financeira e da parte de vendas, e o Otacílio toma conta da parte de obras e de novos negócios.
OP - E da sua família, só você? Ronaldo - Isso. Nós temos uma regra dentro da empresa que vem desde que meu pai faleceu. Familiar de sócio, não pode trabalhar aqui dentro. Quando eu fiz 18 anos, eu pude trabalhar na Colmeia, porque minha mãe não ocupava um cargo executivo, ela ocupava um cargo na administração. Então eu pude entrar. Mas, por exemplo, se uma das minhas irmãs quisesse trabalhar aqui, ou uma das filhas do Otacílio quisesse trabalhar aqui, nós teríamos que sair da diretoria e ser apenas conselheiro, ficar no conselho de administração. É uma medida de governança corporativa, que a gente entende que é fundamental para perpetuidade do negócio e evitar conflito de interesse.
OP - O possível mandante do assassinato do seu pai ainda não foi preso. Qual é a versão do caso em que você acredita?
Ronaldo - O caso não tem versão. Ele tem a verdade. Infelizmente, no Brasil, a justiça é muito morosa e os mandantes do crime até hoje continuam em liberdade, se fazendo valer de brechas na lei, se fazendo valer dessa morosidade. Do excesso de recursos que eles podem entrar e sempre conseguindo contratar advogados de bancas caríssimas. Hoje, o processo já tem 22 anos. E a gente conseguiu colocar atrás das grandes os pistoleiros e o intermediário que contratou os pistoleiros. Mas os mandantes de colarinho branco, esses ainda estão em liberdade porque realmente ficam se aproveitando disso. Para nós da família é algo que machuca, nos traz um sentimento de injustiça, mas nós somos religiosos, acreditamos na justiça divina, e esse crime será pago.
OP - Mas vocês vão querer que a justiça seja feita até...
Ronaldo - Apesar de sermos religiosos, nós somos de carne e osso. O sentimento dentro do nosso coração ainda corrói. A gente continua batalhando, acompanhando na justiça. Recentemente, o júri popular do Egberto (Carneiro) foi mais uma prova da culpa. O júri o condenou pela segunda vez pelo crime. A gente fica triste porque a justiça no Brasil ainda não conseguiu fazer com que esses mandantes de colarinho branco fossem para trás das grades. Mas nos consola saber que um dia, mais cedo ou mais tarde, Deus fará sua justiça, seja aqui na nossa vida, seja no pós-vida.
OP - Depois de 22 anos, o coração dá uma acalmada. Mas você já quis vingança? Teve momento de revolta?
Ronaldo - Momentos de revolta sim. Meu pai era uma pessoa muito boa, com muitos admiradores, mas vingança nunca. A gente entende que vingança só nos faria a ser iguais aos mandantes. Quem seríamos nós se fossemos atrás de vingança? Mas revolta sim. Dá revolta porque meu pai nunca fez mal a ninguém. Dá revolta porque ele era uma pessoa muito admirada, dá revolta porque eu, enquanto criança, cresci sem a figura do meu pai. Mas como você disse o tempo sempre é o melhor remédio. O tempo me ajudou e ajudou minha família a conviver com a falta do meu pai. Na verdade, a gente sempre se adaptou. A gente sempre pensa: o quê que o Ronaldo faria? Quais eram as palavras dele? Quais eram as suas recomendações? Então, apesar de não ter tido um pai na minha adolescência, eu tinha suas palavras, eu tinha seus ensinamentos. Eu tinha suas recomendações e vivi pautado nisso. Inclusive sou um homem bem mais maduro, por conta disso. Eu precisei amadurecer mais cedo por causa da falta que eu tive dele.
OP - Qual é a melhor lembrança que você tem dele?
Ronaldo - As melhores lembranças que eu tenho dele é quando viajávamos para a nossa casa de praia. Era um momento que eu, como filho, tinha para ficar só com ele, sem outras pessoas da família ou os seus amigos. Ele gostava muito de trabalhar. Quando íamos para casa de praia, era uma experiência que proporcionava tudo isso dentro de um final de semana. Tínhamos o momento que era eu ele, que andávamos de bugre pela praia, sem mais ninguém dentro do carro. E era uma conversa homem a homem. Quando a gente voltava para a casa, era o nosso núcleo, eu, mamãe, e as meninas e ele na piscina. À tarde, ele chamava os amigos dele e eu convivia com os filhos dos amigos dele. E quando chegava à noite, eu olhava para um pequeno escritório, ele já estava trabalhando. Ele era um homem equilibrado. Nem só trabalho, nem só diversão. Ele sabia equilibrar todos esses momentos. E era lá na casa de praia que eu via todos esses momentos. O Ronaldo pai, o trabalhador, o amigo, o marido...enfim, era nessas horas que eu podia ver todas as qualidades do papai sendo colocadas em práticas.