Primeira brasileira negra a ser doutora em Física, Sônia Guimarães começou a ministrar aulas no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) na época em que estudantes mulheres não eram admitidas.
Apesar do feito, Sônia só ganhou projeção quando o filme Estrelas Além do Tempo, sobre uma equipe da Agência Nacional de Espaço e Aeronáutica dos Estados Unidos (NASA) formada exclusivamente por mulheres afro-americanas, virou sucesso.
Na procura pelas cientistas negras brasileiras, o nome de Sônia surgiu - e com ele uma história de vida profissional marcada pelo racismo e machismo. Em entrevista ao O POVO, a pesquisadora discute sobre acesso à universidade para mulheres e negros. Confira os principais.
O POVO - Quando criança, como foi a sua experiência na escola? A senhora se sentia motivada?
Sônia Guimarães - Eu sempre gostei muito de estudar, nunca tive dificuldade na escola. Matemática eu era apaixonada, adorava os meus professores de matemática, ficava sempre apaixonada por eles - mesmo que fosse uma mulher. Quando eu era pequenininha, eu pedia, por exemplo, kits de Química de presente pro Papai Noel, entendeu? E no meu tempo perguntar "por que?" era muito feio. Os mais velhos ficavam zangados. Aí minha mãe ficou de saco cheio porque não sabia responder os meus porquês e me matriculou em uma escolinha quando eu tinha quatro anos de idade. Então, desde pequenininha, eu sempre estava empenhada em estudar, aprender, pesquisar, responder os meus porquês. Até o penúltimo ano do (ensino) Fundamental 2 eu era uma das melhores alunas da classe, sempre fui. Aí naquele ano, a filha da faxineira, que era branca, queria estudar de manhã e só os melhores estudavam de manhã. Quem foi que eles tiraram da melhor classe? A única pretinha que tinha lá. Fui estudar à tarde, com uma turma que não era tão aplicada, mas no final do ano houve um vestibulinho e eu fui a segunda colocada de toda a escola nesse vestibulinho para entrar no Ensino Médio. Eu fiquei muito chocada com essa história de ter sido trocada para a tarde e fui muito mal na prova de Física. E aí minha professora de Física disse "você nunca vai aprender Física". Queria tanto que ela me visse hoje (risos). O meu pai tinha um lema: visto que eu não trabalhava, a minha profissão era ser estudante. E eu tinha que ser uma das melhores estudantes da classe. Isso era ponto final, ele não abria mão disso. Até o primário, ele chegava do trabalho e ia ver minha lição para ver se a nota estava boa, se a letra estava bonitinha, se eu tinha feito lição de casa. Quando eu entrei no ginásio, aí ele já não sabia de mais nada, ele não fez o ginásio. "Você está por sua conta, mas mesmo assim você tem que continuar sendo a primeira!"
OP - A senhora acha que a importância que os seus pais davam aos seus estudos influenciou no gosto pela ciência?
Sônia - O apoio que meus pais deram não só me influenciou como me ajudou. Foi minha mãe que me manteve na graduação durante os quatro anos - bom, depois eu consegui uma bolsa de estudos. Eu estudava o dia inteiro, eu não conseguia trabalhar. Em um dos anos houve um estágio. Eu sou técnica em Edificações e eu acabei fazendo um estágio nisso, já fazendo a graduação em Física, e aí eu consegui um monte de dinheiro. Mas, a parte disso, minha mãe que me ajudou. Ela sempre trabalhou, ela tem um buffet de festas há mais de 50 anos e ela quem me manteve na escola, com o dinheirinho que ela ganhava. Os meus pais não entendem muito bem a minha ciência. Às vezes, minha mãe pede para eu pegar uma forma de bolo, eu vou lá e me queimo. Aí ela diz: "É física! É inteligente! E não sabe tirar uma forma de bolo?" Então, tudo isso que eu estudo para eles e para a maior parte da minha família - eu sou a segunda que entrei na faculdade -, todo esse conhecimento que eu tenho para eles é grego. Para eles essa ciência toda que a gente estuda é uma ciência sonho, porque não serve para nada, entendeu? "A Soninha? A Soninha não faz nada o dia inteiro, e agora ela só viaja", ela diz. Para ela, esse meu trabalho é uma coisa estranha. Por exemplo, ontem eu pude ficar de manhã lá com ela em São Paulo. Hoje eu tenho aula à 13h30min, mas eu posso, por exemplo, estar respondendo às tuas perguntas. Para ela, trabalhar é entrar às 8 horas, sair às 17 e trabalhar que nem uma louca o dia inteiro. Esse tipo de trabalho que eu faço não é trabalho.
OP - Apesar da sua família não entender bem, eles se orgulham da senhora?
Sônia - Muito orgulho, muito orgulho. Se eu fico mais de três dias em um congresso, eu levo a minha mãe, porque ela ama hotéis e restaurantes maravilhosos. Aí eu chego (no congresso) e ela vê o meu prestígio, pessoas que me admiram, o número de fotos que as pessoas querem tirar comigo, os estudantes vêm me abraçar… Gente que eu nunca vi na vida me abraça, já sabe toda minha história, essas coisas. E na hora que eu apresento minha mãe, todo mundo diz "muito obrigada por ter colocado a Sônia no mundo", e abraça minha mãe também. Numa palestra que eu dei num banco, o banco tava começando a colocar negros dentro da empresa, inclusive em níveis de Jovem Aprendiz. Porque o atual presidente do JPMorgan aqui no Brasil começou assim, ele entrou com 15 e agora ele é presidente. E ele queria começar a fazer isso com negros e queria que eu convencesse todos os brancos desse banco por quê eles tinham que dar boas-vindas aos negros. Eu fui dar uma palestra lá e levei minha mãe. Eu começava a contar toda a minha história e não sei o que aconteceu uma mulherada toda começou a chorar e abraçar minha mãe. Mulher branca, algumas judias, chorando no ombro da minha mãe. Aí a minha mãe consegue perceber que, de alguma forma, o trabalho é importante. Eu posso não trabalhar que nem uma louca o dia inteiro, como minha irmã, por exemplo, que agora é a dona do buffet. Mas quando ela vê meu prestígio, ela começa a talvez pensar que sim, a Sônia é importante. Quando a revista Raça fez oito anos eu saí na capa da revista. E nessa época meu pai não morava mais com a minha mãe, ele morava em Araraquara (SP). Nossa, ele comprou revista para ele e todos os amigos dele. Meu pai também era muito orgulhoso de mim!
OP - No decorrer da sua carreira, qual foi o momento que mais marcou a senhora em relação ao acesso à Ciência por mulheres negras?
Sônia - Já faz algum tempo, acho que desde 2017, parou essa história de que "eu sou a primeira pessoa negra na Universidade". Eu dei uma palestra na federal de São Carlos, lá em 2017 ou 2018, e vários dos meninos que estavam fazendo faculdade de Física ou Engenharia, os pais também são formados, os pais também fizeram faculdade. Um deles o pai se formou no ITA, negro. E agora no primeiro dia de fevereiro, eu conheci uma menina negra que entrou na faculdade e no mesminho dia a mãe dela começou a fazer doutorado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Quer dizer, agora é o momento. Não importa o que esse presidente… O atual presidente (Jair Bolsonaro) está querendo cortar as cotas, porque agora já tem 56% de negros nas universidades, o que é uma falácia porque em Medicina, Direito, Engenharias e exatas o percentual ainda é perto de 20% ou menos. Então, ainda não está na hora de tirar as cotas. Mas mudou. Agora não tem essa história de "sou a primeira menina negra da minha família a entrar na faculdade". Não. Tem gente que está entrando na faculdade e a mãe está entrando no doutorado, que é uma coisa, sabe? Doutorado! As duas negras, as duas mulheres. Essa inserção da mulher negra nas Ciências é… Eu nunca tinha nem sonhado. As coisas eram sempre muito complicadas. Com as ações afirmativas, inicialmente as cotas eram econômicas, né, então a maioria que entrava ainda era branco - mesmo sendo pobre, ainda era branco. Agora, com o percentual racial? Uau. A coisa está mudando e há de mudar daí para frente, porque agora não tem mais como parar. As pessoas que estudaram agora têm melhores empregos, podem colocar suas crianças em escolas melhores, que vai dar melhores condições de fazer melhores faculdades… Enfim, é um ciclo. E agora não dá mais para parar.
OP - O índice de mulheres e negros nas áreas de exatas e biológicas, como a senhora comentou, ainda é baixo . Mas a senhora acredita que apenas as ciências exatas representam essa exclusão de mulheres e negros?
Sônia - Não, todas posições de prestígio. Medicina, você conhece algum médico negro ou alguma médica negra? No último dia 6 eu dei uma palestra para o primeiro coletivo negro da faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Coletivo negro. 126 anos da faculdade de Medicina e esse é o primeiro coletivo negro que eles têm lá. A coisa está mudando. Mas se tem algum prestígio, aí eles impedem que os negros entrem. Mesmo porque são profissões que você tem tendência de ganhar um belo salário, e ninguém quer negro nenhum ganhando um belo salário. As cotas são extremamente roubadas, tem branco estudando como negro nessa faculdade de Medicina. Direito também. Tem cotas na USP em Direito e muita vaga de negro tem branco e (os brancos) não saem, porque eles têm advogados fantásticos e não saem. Ocupam vaga que não é deles e não tem ninguém que os tire dali. Engenharias todas são bem poucos negros. Existe um problema também com as exatas para as meninas. Ninguém quer uma filha engenheira, física, química ou matemática. Porque as pessoas não entendem como são essas profissões e acham que "ah, você vai dar aula depois para o Ensino Médio e morrer de fome com o salário de um professor?" Todo mundo quer uma filha médica, uma filha advogada. Uma filha advogada é muito mais chique que uma advogada engenheira. Então a procura é pequena, é menor. É difícil de entrar, as cotas são roubadas e a procura é menor. Porque já vem aquele estigma: "Você não vai conseguir". Então também tem isso. Tem negro que gostaria de estar fazendo uma Física, uma Química, mas todo mundo diz que não, não vai, e ele ou ela está fazendo qualquer coisa que nem gosta… Logo pequenininha a pretinha diz: "Quero ser médica". E a professora e mãe diz que não vai conseguir de jeito nenhum. Aí ela não vai nem tentar, se não vai conseguir… Mas até isso está mudando. Isso há de mudar rápido num número bem grande.
OP - Em 2017 foi criado dentro do Instituto de Física da USP o Coletivo Negro Sonia Guimarães, um ambiente de acolhimento a estudantes negros da instituição. Como a senhora recebeu essa notícia? Por que é tão importante que existam espaços de acolhimento para estudantes negros nas universidades?
Sônia - Adorei. Primeiro eles me ligaram e perguntaram se eu deixaria. É lógico que eu deixo, pelo amor de Deus, coloque! Aí a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) também quis e a Universidade Estadual de Guaraú também quis, as Engenharias. E tem uma escola média em algum lugar que também está colocando o meu nome…. Mas aí o Ensino Médio é Grêmio, uma coisa para todos os estudantes. Eu adorei, e tem uma coisa. Você entra em uma universidade só de branco e o povo fica falando: "Cotista! Lá vem a cotista". Fica te olhando atravessado, aquela de cabelo grande, comprido e liso fica jogando o cabelo para trás porque a "cotista" tem cabelo crespo. "Ai, os meus pais são da Alemanha, são belgas", enfim… E a menina, lógico, tem no máximo uma mãe empregada doméstica ou sei lá. Esse tipo de coisa é feito para que a negadinha toda desista. Então, ela precisa de um apoio ali. Ela poderia ir para a casa da mãe - vai saber onde mora a mãe nesse momento - e chorar no ombro dela. Mas não necessariamente ela vai poder fazer aquilo naquele momento. Então, é muito importante ela ter grupos de apoio dentro da universidade. As universidades mais conscientes têm centros já na parte da iniciação. Eu estive no Instituto Federal de Volta Redonda e eles têm uma sala na parte da administração só para isso. Mas nem todos têm. Nem toda menina tem coragem de ir lá para pedir esse apoio. No entanto, para outra menina negra em um coletivo que só tem negros, que provavelmente todos estão passando pela mesma coisa, ela vai ter um apoio ali pertinho. Então, esses coletivos negros são, mais do que tudo, necessários. Existe toda a briga contra o pessoal branco que está entrando em cota negra. O coletivo é quem vai brigar. Não adianta você sair gritando lá na hora da matrícula impedindo que uma pessoa branca entre na cota negra. Mas se você tiver um coletivo que vai frente ao reitor, frente ao responsável, e diz em coletivo o que está acontecendo e denuncia, a resposta é toda outra. Esses coletivos são fundamentais, eles têm que se fortificar. A meninada toda tem que aderir, porque quanto mais melhor. Eu achei a ideia muito boa, mas muito boa mesmo.
OP - Dos 700 alunos que ingressaram no ITA entre 2013 e 2018, apenas 60 eram mulheres. Quais os impactos para a sociedade e para o desenvolvimento científico brasileiro relacionados à pouca representatividade feminina e negra no ITA?
Sônia - Isso é difícil de responder, porque é o mesmo impacto de não ter mulheres e negros em todas as áreas. Agora, com toda essa evolução tecnológica, as mulheres e os negros, e as mulheres negras, foram esquecidas nos softwares de alguns bancos, por exemplo. Neles, homens negros são vistos como suspeitos e não podem nem entrar no banco. A cara dele, o biotipo, "ops, não pode entrar". Aí tem que tirar celular, tem que tirar tudo, porque provavelmente ele é ladrão. Isso acontece porque não tem nenhum negro trabalhando nesse software para incluir o biotipo negro no reconhecimento facial que eles têm lá. A mulher é sempre considerada uma que talvez não vá conseguir abrir uma conta de, por exemplo, um milhão de reais. Ow, acabou esse tempo! Se ela chega lá com um milhão de reais ela é suspeita de ser ladra, ou fraudadora, ou alguma coisa. Em todo lugar, não só no ITA, não só nas Engenharias, com essa evolução, com toda essa tecnologia, toda essa revolução digital que está acontecendo, se as mulheres, negros e negras continuarem sendo excluídos vai ter muito problema pela frente para usar essas tecnologias. No Brasil, por exemplo, 56% da população tem biotipo negroide. Como é que eles vão fazer, se eles nem colocaram no software essa parte? Quando tudo isso estiver já automatizado. Então, não é só para o ITA. É para o Brasil, para o mundo. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), enquanto não tiver diversidade de gênero e raça em tudo - tudo - não vai ser possível um desenvolvimento sustentável. Toda vez que você exclui qualquer coisa, um ser humano, uma cor, uma raça, ele vai ser excluído. E vai agir dessa forma. E quando ele age dessa forma não é com amor, nem com carinho. Ele foi excluído! As consequências vão ser, estão sendo já, porque a exclusão já ocorre há séculos, a coisa só vai piorar muito.
OP - Ano passado a senhora escreveu um relato de todas as formas que os servidores do ITA e de outras instituições a excluíram como uma profissional mulher e negra, a ponto de impedir até que os seus alunos tivessem trabalhos publicados ou desenvolvidos. O que continua motivando a senhora a ministrar no ITA, apesar de tantas violências cotidianas?
Sônia - O ano passado foi o primeiro ano de cotas raciais e eu queria dar aula para a negadinha. E eu só pego o primeiro ano no segundo semestre, então eu fiquei. E foi um desastre. A partir de hoje, eu vou dar aula para todos eles, e vou ver realmente quem é negrinho, quem não é. Vou ter contato direto, porque no semestre passado o bloqueio foi tão terrível que… Bom, foi horrível. Então agora é a minha segunda oportunidade. Mas deixa eu te dizer… Todo lugar que eu vou, eles arranjam um motivo para me impedir de trabalhar. Quer dizer, não dá para eu parar de trabalhar, por exemplo. Porque se eu desisto, eles dizem assim: "Ah, não falei que ela não conseguia?" Então, eu me motivo porque eu não tenho outra opção. Não desisto, não desisto, não desisto. E apesar do boicote e tudo o mais, dois alunos que se declaram negros trabalharam comigo no projeto deles, uma amiga minha tem uma revista científica e está insistindo para eu publicar (o projeto dos alunos). Então, eu vou falar com eles, ver se eles estão interessados. Pode ser que, mesmo com o boicote e tudo o mais, a gente consiga alguma coisa! Talvez esse ano nós tenhamos uma boa notícia.
OP - Em 2019, o Governo aprovou uma medida provisória que mudaria a governança do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) da Finep para o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Muitos órgãos científicos ficaram preocupados de a decisão provocar a extinção do fundo, principalmente em tempos de contingenciamento.
Como a senhora analisa as medidas do atual governo em relação à ciência?
Sônia - O atual governo quer destruir tudo o que demorou todo esse tempo até agora para ser construído. Ele quer que se compre as coisas lá fora, ele quer que nada seja feito aqui, ele quer acabar com a pesquisa, ele quer… Porque no momento que você tira o recurso para a pesquisa, nenhuma empresa brasileira investe um tostão em pesquisa. Ninguém quer, as empresas só querem ganhar, nada de investir. Se o governo não investir também, como que faz? E a coisa é tão antiga e tão arcaica que, caso uma empresa tenha um recurso e queira colocar dentro de uma universidade para qualquer pesquisa, a burocracia é tão tamanha que o dinheiro que no final vai para a pesquisa é muito pouco. Todo o dinheiro fica em toda a administração de todas as coisas que eu não entendo muito bem como é. Por exemplo, a Microsoft queria que o pessoal do ITA desenvolvesse um certo software e tinha um recurso bárbaro, de U$ 2 milhões, para que o pessoal desenvolvesse esse software. 35% desse dinheiro iria ficar na administração dessa coisa. A Microsoft caiu fora, foi procurar um lugar que não fosse assim. O que se está fazendo não é só com o MCTI, é com todas as universidades. Porque além de tudo o presidente (Bolsonaro) diz que as universidades só têm gente de esquerda, então ele não quer investimentos em um lugar que só tem gente de esquerda. As melhores cabeças estão indo embora, porque além de tudo não tem recurso nem para continuar a pesquisa que já estava em andamento! Então, essa política é péssima. Seria maravilhoso se isso já fosse motivo para fazer um impeachment, porque… Sabe? É um absurdo. E, infelizmente, a maioria da população brasileira não sabe o que a gente faz nas universidades. Eles concordam quando o presidente diz que nas universidades só faz balbúrdia. Porque o nível das pesquisas é tão alto, e quem entende esse nível são tão poucas pessoas, que quando o presidente fala isso a população concorda. Para quê gastar dinheiro na faculdade se eles não estão fazendo nada lá dentro? No entanto, foi dentro da Bioquímica da USP que duas pesquisadoras já sabem como é que funciona o coronavírus. Elas dividiram já o coronavírus em 15 dias. As universidades pelo mundo duram mais de 40. E duas pesquisadoras negras, na USP, já abriram todo o coronavírus e sabem como ele funciona. É a partir daí que você pode criar uma vacina só para ele, é a partir daí que você consegue a cura ou acabar com ele. E isso não é balbúrdia. Mas quem é que sabe que essas duas fizeram a pesquisa? A desinformação é tão tamanha que parece que ninguém está fazendo nada nas universidades, o que é uma mentira imensa. E esses cortes de verba vão acabar com tudo e, de novo, a luz no fim do túnel está fraquinha.
Prêmio
Em 2019, Sônia Guimarães foi indicada ao Prêmio Sim à Igualdade Racial, na categoria "Intectualidade Negra". O prêmio do Instituto Identidades do Brasil busca reconhecer os principais nomes e iniciativas que atuam pela Igualdade Racial no Brasil. A professora competiu com nomes de peso, como o antropólogo Kabengele Munanga (vencedor) e a filósofa Sueli Carneiro.
Denúncia
Em carta, Sônia denunciou represálias dos servidores do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e de outras instituições às aulas dela. No documento, ela relatou que técnicos de laboratório se recusavam a auxiliar as classes da professora. Ainda, Sônia nunca foi promovida no ITA e sequer recebeu condecoração adequada para o currículo dela.
Incentivo
Sônia Guimarães é mantenedora da Faculdade Zumbi dos Palmares (Unipalmares), no bairro paulistano Ponte Pequena. A instituição voltada para estudantes negros foi fundada em 2004 e contava em 2012 com aproximadamente 1.600 alunos e mais de 1.400 formados.