A prática é quase uma unanimidade entre os organizadores de eventos, com o argumento de não só reduzir o número de convidados pagantes, mas também de dar aos pais uma noite para se divertir sem os pequenos. Mas o convite restrito aos adultos nem sempre é bem recebido. Ofendidos por terem seus filhos excluídos daquele momento, muitos se recusam a comparecer ao casamento. Como a questão é delicada, é recomendado um pouco de sensibilidade dos noivos para cada caso.
Fazendo um panorama geral é notório que muita coisa mudou em relação a cerimônias e recepções de casamentos. Uma das principais mudanças reside no fato de que, hoje, são os noivos que escolhem, contratam e pagam pelos serviços que, por sua vez, aumentaram consideravelmente.
Além disso, o convite social, meramente político, que contemplava parentes distantes, figuras públicas e demais pessoas aleatórias e ausentes da convivência com o casal tem sido progressivamente abolido. O casamento tem um custo e o filtro de convidados veio para ficar, assim como cerimônias mais enxutas e intimistas.
Tendo em vista os argumentos acima, somados ao fato de que as casas de evento começam a cobrar o valor por cabeça dos pequenos, além do aumento de itens e duração das recepções, os noivos cada vez mais optam por deixar claro no convite que preferem que as crianças compareçam somente à cerimônia, deixando a festa para os adultos.
E como fazer isso sem parecer indelicado com os parentes e convidados? Segundo o cerimonialista Flavio Liffeman, com mais de 30 anos de experiência no mercado, a dica é ser sincero e direto. “Não há como atenuar o teor do comunicado. Alguns casais preferem fazê-lo pessoalmente ou através de mensagens privadas, já outros preferem deixar o aviso impresso nos convites. Um casal de noivos que assessorei optou por inserir no convite o seguinte comunicado em destaque: ‘CONVITE EXCLUSIVO PARA MAIORES DE 6 ANOS´. Nem preciso dizer que foi um festival de mensagens chegando para o cerimonial. Principalmente dos familiares mais próximos. Mas nessas horas precisamos ser firmes e, com muito tato e educação, cuidar para que o desejo dos noivos seja respeitado”, conta Flavio.
Para o cerimonialista, a realidade é que as festas de casamento mudaram e não são mais, salvo exceções, um ambiente propício para as crianças (muitas vezes acompanhadas de suas babás – o que demanda um custo ainda maior para os noivos). “Há de se levar em conta muitos detalhes: as festas hoje são até o amanhecer, regadas a bebidas alcóolicas e com muitos itens que podem ser um perigo para crianças, como peças e jarros de vidro e estruturas com iluminação. Sem contar que a maioria dos espaços de eventos não conta com fraldário, suítes ou brinquedotecas para os pequenos”.
Flávio não enxerga essa postura dos noivos como incorreta. “Eles são os provedores e, portanto, os donos da festa. Não são os convidados que pagam a conta. É preciso levar em consideração o que o casal deseja. Isso é bom senso. As pessoas tem de entender que os tempos mudaram. Cito um exemplo bem recente: no casamento Real, entre o príncipe Harry e Meghan Markle, as crianças compareceram somente à cerimônia, devidamente acompanhadas de seus próprios pais, e não das babás. As duas festas que se seguiram foram destinadas somente aos adultos.”
Todavia, para os noivos que optam por receber a todos, adultos e crianças, uma dica que pode tornar a experiência mais segura e agradável para todos são os serviços de recreação infantil. “Além disso, é importante separar uma área de descanso apropriada para os pequenos. Dessa forma todos ficam mais tranquilos: os pais, os noivos e, claro, as crianças.”, finaliza.