Você sabe o que é e para serve o coaching para crianças e famílias? Da mesma forma que ele auxilia na busca por objetivos pessoais para adultos, dentro de uma abordagem apropriada ele se volta especificamente para pais e filhos. Quem inicia sobre o assunto é Cecília Portela, há cinco anos coach desta área. Cecília também possui formação em Psicopedagogia, que a ajuda a compreender melhor os resultados. Mas que resultados?

O que esperar ou exigir de alguém ainda em fase de aprendizagem? Como e qual caminho seguir para que a criança cresça consciente de si, assumindo ser ela mesma, estimulando forças e depositando confiança no seio familiar? A resposta pode vir de algo que, talvez, descubra com mais certeza agora.

O coaching infantil visa ajudar crianças e famílias a viverem de forma mais harmoniosa e feliz. O processo, segundo a especialista, ocorre a partir da construção de objetivo e, como antecipado anteriormente, por meio de uma abordagem apropriada.

"Ele leva o sistema familiar que se constituiu a um grau de reflexão, favorecendo novos entendimentos e novas atitudes. Possibilita a transformação de aspectos que precisam de mudança, buscando formas mais produtivas e funcionais, trazendo uma maior conexão entre a família, gerando relacionamentos mais significativos e de qualidade", detalha Cecília, que também atua como analista comportamental.

Mas para que o coaching surta efeito é necessário ter uma metodologia de fácil acesso às crianças para que reajam aos estímulos brincando, de forma leve, porém compromissada, como direciona a coach. É assim que ela trabalha aspectos atitudinais, comportamentais, a partir de vivências, brincadeiras e dinâmicas individuais e em grupos. "As crianças serão estimuladas a desenvolver habilidades como a autocrítica, a lidar com a frustração dentre outras possibilidades", diz Cecília.

Na prática, o coaching para crianças, segundo a especialista, pode ser benéfico em casos de ansiedade, medo, timidez, falta ou excesso de autoconfiança e em relações de convívio com os outros. Em situações de bullying, alimentação, organização de horários e comprometimento com os estudos.

As meninas Valentina e Sophia Melo Maia, de 11 e 10 anos, recebem a "Ceci" em casa desde os três e dois anos de idade. A mãe é a médica Carla Melo, 49, que investiu no apoio de uma profissional para acompanhar a rotina das filhas e ajudá-las em seu rendimento, de acordo com a idade de cada uma. O encontro, que antes era semanal, ocorre duas vezes por semana.

"Minhas filhas têm autonomia, fazem a própria agenda, têm um vocabulário rico, enfrentam desafios, leem livros e não encaram estudar como algo chato", relata a mãe sobre a experiência agora com foco na inteligência emocional. Carla também atenta para o perfil do coach, qualificado, como algo decisivo para a contratação do tipo de serviço. "Não houve uma terceirização da educação! Nós pais temos esta obrigação, mas se eu posso ter uma profissional que nos auxilie nesta tarefa tudo fica melhor", comenta.

Manuela Cysne, 37, empresária, também é mãe de duas meninas e, assim, como Carla, recorreu à coach infantil. A Valentina, de 1 ano e meio, na época, foi a razão da busca por orientação. "Ter buscado uma coach infantil me ajudou muito em relação a diversas questões do dia a dia, até em relação às orientações com babás e também brincadeiras e atividades adequadas para cada fase, até a escolha da escola ela participou e visitou comigo", conta.

A maneira simples, prática e direta com que Cecília atuou a deixou tranquila e segura e foi capaz de produzir resultados significativos e duradouros e que puderam ser usados nas mais diferentes situações. "O processo é realizado com os pais e também com a criança, uma vez que é o desenvolvimento em conjunto que possibilita que ambas as partes possam trabalhar seus pontos de melhoria, potencializar seus pontos fortes e somar forças para que os resultados positivos sejam alcançados plenamente", recomenda Manuela. A empresária permaneceu com a coach por um ano. Hoje ela a solicita em momentos pontuais.

A mãe, dentista e professora universitária Karina Pontes, de 41 anos, também viu sentido no coaching. Quem recebeu a orientação foi a filha Clara que, na época, estava com quatro anos. A procura, segundo a mãe, não se relacionava a fatores cognitivos, mas comportamentais.

"Ela tinha ainda muito aquele movimento de birras, de transformar o momento de alimentação em um momento de estresse", conta ela que só entendeu depois que seria possível melhorar e que a situação não era um bicho de sete cabeças ou tão grave quanto pensava inicialmente. "Só estava faltando uma maneira de encarar e agir diferente, por parte de mim e do meu marido", extraiu das sessões de resultado aos finais de semana. "Foi tranquilizador. Evitou até em levar em psicólogo. A coach me serviu como uma 'Super Nanny'", avalia Karina.

Base para uma vida feliz

Para Nayane Queiroz, coach infantil desde 2016, a aplicação do coaching é um processo onde os ganhos são diversos. Uma maior conexão com o ambiente familiar ou escolar é um deles. Mas quando a presença de um coach pode ser realmente necessária? Também em diversas situações, a depender do objetivo traçado pela família junto com a criança, pré ou adolescente. Ele pode auxiliar na automotivação para alcance de desafios e isso envolve os pequenos que, desde cedo, segundo a coach, podem sim receber orientação de uma profissional da área. Por meio do coaching a criança ou até os pais (dependendo da idade dos filhos, trabalha apenas com eles) também pode ganhar um aprimoramento na forma de se comunicar e reagir às frustrações, por exemplo. "No processo de coaching observa-se de forma muito breve o que está ocorrendo em um passado 'próximo', descarta-se a existência de algum transtorno e, a partir de então, monta-se com o cliente seu objetivo. Através de técnicas e exercícios esta pessoa, seja ela adulto, criança ou adolescente, vai enxergando a saída conforme suas escolhas", esclarece sobre a diferença da terapia com psicólogo. Entre as dicas que a coach compartilha para pais, ela ensina como acolher em momento de tristeza, que ela considera importante. Em primeiro lugar, respeite a tristeza, para o seu filho. Abrace, escute, dialogue, observe. Para Nayane, este é o caminho para um olhar compreensível e de partilha, que ajudará a criar, mesmo diante de uma situação adversa, aspectos positivos - e de coragem - para a vida.

DICAS PARA PAIS

Ensine-os a olhar para o outro

Um aspecto fundamental para fortalecer emocionalmente seus filhos é ensiná-los a ser empáticos e a valorizar os relacionamentos. De acordo com a Associação Americana de Psicologia (APA), interagir com outros é o que dá suporte social e os torna resilientes.

 

Estimule a independência

Segundo a coach de pais e filhos, Cecília Portela, este é um dos valores que mais ajuda a torná-los fortes. "É importante dar apoio em suas tarefas, mas é fundamental também mostrar que eles podem fazer aquilo sozinhos. Estimule a autoconfiança, assim eles se sentirão seguros frente a qualquer obstáculo que a vida apresentar", ensina. 

Expressar os sentimentos

Falar livremente sobre o que pensam ou sentem é fator fundamental para desenvolver a inteligência emocional. "A casa é o lugar onde as discussões, tanto de ideias quanto de emoções, sejam promovidas com tolerância", orienta a especialista em desenvolvimento infantil.

Impor limites

As normas e figuras de autoridade são essenciais na vida das pessoas bem-sucedidas. Por meio delas, as crianças podem aprender disciplina. "Crianças em cujas casas há um sistema bem estruturado de regras de comportamento são mais propensas a alcançar sucesso do que aqueles que não sabem o que deve ou não fazer", explica Cecília Portela.

Ensine-os a reconhecer as emoções básicas

"Uma maneira divertida de colocar este ponto em prática é por meio do jogo de papéis. Brincando os pequenos podem se divertir e desenvolver empatia, as emoções e a imaginação. Além disso, eles aprendem a criar e respeitar as regras ao mudar de papel", dá a dica.

Ajude-os a criar rotinas diárias

A rotina é o que dá segurança para as crianças, explicam os especialistas da APA. "Ensinar os passos para se ter uma estrutura ao longo do dia pode ajudá-los a ser pessoas planejadas, com objetivos claros e emocionalmente estáveis", comenta a coach de pais e filhos.

Mostre o valor de cuidar da saúde

Segundo Cecília, por meio dos exemplos as crianças aprendem mais do que por palavras. "Por isso, é fundamental adotar hábitos saudáveis para que eles entendam o quanto é importante cuidar da saúde. Uma pessoa saudável sabe lidar melhor os conflitos e as próprias emoções".

Estimule o autoconhecimento

Ainda de acordo com Cecília, que também atua como coach educacional, é importante que seus filhos se conheçam e saibam identificar a própria personalidade e o que sentem. "Todo acontecimento em suas vidas é uma oportunidade de autodescoberta", diz.

Aprender com os erros

Os erros são parte da vida e da evolução de cada um. "Demonstre ao seu filho que não há problema em errar e que isso traz aprendizado. Mostre a ele que lidar com essas questões é parte de sua inteligência emocional", aconselha a coach.

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