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Como anda o seu cansaço?
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Como anda o seu cansaço?

A pergunta é uma das primeiras formas de diagnosticar a estafa, doença que ganhou repercussão neste ano após afetar a carreira de artistas. Pause conversou com profissionais para entender causas, sintomas e tratamentos do problema
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Comediante Winderson Nunes se ausentou por poucos meses da carreira neste ano por diagnóstico de estafa e depressão (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Comediante Winderson Nunes se ausentou por poucos meses da carreira neste ano por diagnóstico de estafa e depressão

A necessidade incansável de buscar o sucesso na carreira, de ver a conta bancária cheia ou de ser o melhor aluno da sala geralmente tem um preço. Abraçar muitas atividades e preocupações de uma só vez abre portas para várias doenças e, dentre elas, uma vem se destacando neste ano, a estafa, que se manifesta por meio da sensação de esgotamento mental e físico.

O problema não é novo, mas ganhou maior curiosidade de ser entendido após ter sido apontado como diagnóstico de alguns famosos, incluindo Anitta, que precisou desmarcar participação no canal Multishow no último mês para descansar (segundo assessoria do programa) e o diretor criativo da Off-White e da Louis Vuitton, Virgil Abloh, que não foi ao desfile da Off-White na última semana de moda de Paris por indicações médicas devido ao cansaço extremo no qual o estilista se encontrava.

Há também o caso do comediante Winderson Nunes, que declarou depressão e estafa antes de parar por alguns meses a carreira. Já o cantor Gusttavo Lima preferiu se prevenir do esgotamento mental e diminuiu a quantidade de eventos na agenda.

Os exemplos são boas formas de comprovar que a estafa é tema em evidência no mundo dos famosos e na vida real. Mas, afinal, como saber quando se chega ao esgotamento? De que forma se blindar disto? Para explicar a doença, Pause conversou com time de profissionais especialistas na área, a começar pelo psiquiatra Edson Peçanha, que a define como um cansaço extremo e esgotamento mental que influencia negativamente no bom funcionamento de todo o corpo.

"Nesses casos as pessoas costumam se queixar de dificuldade para se concentrar, de manter o raciocínio em suas atividades e começam a ter prejuízos na rotina produtiva. É muito comum que o cansaço mental venha acompanhado de cansaço físico ou da sensação de falta de energia", pontua.

Edson também conta que normalmente o começo da falta de disposição vem acompanhado de sintomas de ansiedade, fazendo com que exista uma maior tensão e preocupação em situações que não deveriam gerar essas sensações. "Quando não é procurada ajuda de algum profissional, a pessoa vai ficando cada vez mais triste e desanimada, perdendo o prazer e interesse por atividades habituais e, muitas vezes, de lazer", destaca.

A estafa pode ser causada por excesso de trabalho, de estudos e de outras preocupações e, dentre os principais sintomas, estão surgimento de maior irritabilidade, dificuldades de concentração e raciocínio, diferentes desconfortos físicos, distúrbios do sono, desânimo e gradual tendência ao isolamento social, segundo o psiquiatra.

"É importante buscar avaliação médica e psicológica. Muitas vezes há necessidade de um afastamento temporário da rotina produtiva e reorganização de prioridades. Reconhecer limites pessoais, manter atividade física regular, reeducar a alimentação e melhorar a rotina do repouso noturno são ações básicas para início de tratamento. Cabe ainda frisar que pessoas com histórico familiar de algum transtorno psíquico, pessoas em vulnerabilidade social, assim como aqueles que foram vítimas de maus-tratos na infância, teoricamente estão mais propensos aos esgotamentos mentais" explica Edson.

No campo da Psicologia, Marivanda Rocha destaca que, dentre as dicas para se prevenir da "doença", está o afastamento de pessoas, locais e situações tóxicas. "Muitas vezes não aceitamos ou até mesmo não respeitamos nossos limites. O motivo pode não estar no presente, pode ser, de fato, um acúmulo de situações", pontua.

A também psicóloga Catarina Maciel acredita que o cenário atual na busca pelo sucesso é uma porta aberta para a propagação da estafa. "Estamos inseridos em uma sociedade que pouco se atenta à pausa como uma necessidade do ser humano e sim relacionada à ideia de improdutividade e preguiça. São agendas cada vez mais preenchidas e repletas de compromissos. Esses padrões, em alguns contextos, podem até ser socialmente mais valorizados e aceitos do que investir tempo e dinheiro em psicoterapia, por exemplo.", declara.

Catarina também acredita que o autoconhecimento é uma das formas de se proteger do esgotamento mental e que, por meio da psicoterapia, é possível aprender a eleger melhor as prioridades do dia a dia, o que faz sentido na vida e, assim, identificar os aspectos que podem ser gatilhos para a exaustão, estresse e fadiga, como forma de prevenção.

Já o terapeuta e instrutor de ThetaHealing (conjunto técnicas de cura energética, quântica e espiritual) Antônio Peixoto, defende que uma forma de não se tornar refém da estafa é estabelecer metas tangíveis e saudáveis para a vida em todos os âmbitos. E, em segundo lugar, buscar se relacionar mais consigo mesmo e buscar atividades ou momentos que gerem prazer e contentamento. "Para quem trabalha por longas horas, um bom conselho é usar o tempo de pausa para fazer algo totalmente dissociado à sua atividade. Outro bom exercício mental é encontrado na prática da meditação. Meditar é sair da frequência do meio externo e buscar dentro de você uma frequência de quietude ou relaxamento da mente", finaliza.

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