Bom filho à casa torna. A frase é clichê, mas de uma forma ou de outra, temporária que seja, sempre se aplica. Mas quem sabe o dia de amanhã? Acertar na previsão do tempo e das tendências até rola. Isso é rotina. Quero ver sair dela. Reinventar-se. O tempo e a moda passam voando e às vezes nem pedem licença, quando se dá conta, foi. Fazem parte de uma oferta, é você no tempo e no espaço, com suas atitudes e roupas. Por isso enquanto há frescor, o bom é vivê-la na pele, sentir junto ao corpo. Ser você ao lado dela, da moda, e do tempo também. Durante a São Paulo Fashion Week N48, que terminou há pouco de onde não deveria ter saído (daí a expressão lá do início), no Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Parque Ibirapuera, a moda ganhou companhia. Sem tempo nem espaço para caber em um rótulo, desta vez, nada de tema de efeito, para ficar bonitinho no papel. A grande questão é fugaz, escorre pelas mãos. Como falar do tempo de hoje, discutir sobre isso com e na moda e se arriscar em futuro altamente complexo, de conectividade, passado, presente, tudo junto? A tecnologia está no centro. O humano também, ou será devorado por algoritmos que, se duvidar (e não duvide não!), sabem mais de você do que você de si mesmo. A busca pela essência não é fácil, ainda mais hoje, quando a moda e outras informações se fundem em uma só, em turbilhão de vitrinas. Para as marcas também não é. Precisam se desafiar e se alinhar com o pensamento de consumo global urgentemente: marcas conscientes, engajadas, com algum propósito que seja, real, ao menos. As marcas que emplacam esse gol compartilham histórias, renovam o sangue sem perder o DNA. Buscam agradar sem perder o tempo, aproveita-se dele para causar impacto. Só para pegar o gancho, a Beira. Cada desfile é uma chamada de atenção. Modelos caminham lentamente embalados por uma trilha sonora contínua. Desta vez, uma gama de azuis na passarela. Um convite à essência, que parte da história da marca para o grande público. Quem também fez bonito foi a Lilly Sarti, que voltou às origens para garimpar shapes, babados e afins, porém tudo repaginado, claro. Sentado em um sofá no Farol Santander, no centro histórico de São Paulo, o Paulo da SPFW, leia-se Paulo Borges, diretor criativo da semana de moda, considerada a mais importante do Brasil, deu o panorama do que ainda estava por vir. "Hoje mais do que nunca vai ser cada vez mais valioso o indivíduo que sabe se perceber no ecossistema e que trabalha a sua conexão de indivíduo ligado à sua alma". As marcas hoje são estes indivíduos também. Aqui um pedacinho de cada uma que conquistou a temporada.
Palavras cruzadas
A N48 do SPFW além do espelho. Se você olhar bem, como fez Paulo Borges, diretor criativo da semana de moda, o número oito, imaginado na horizontal, lembra o símbolo do infinito. Foi justamente essa associação que ele fez e que deu cara à edição do evento, com um jogo de palavras cruzadas exibido em um telão antes de cada desfile no Ibirapuera e nos convites do Projeto Estufa, para refletir o futuro a partir de novas ideias sobre o hoje, na fala e na forma de moda, com coleções de marcas "apadrinhadas". "O infinito nada mais é do que um fluxo contínuo de energia e contato", atribui Paulo. Daí a troca de pensamentos e palavras a seguir.
"Vivemos um momento privilegiado, de transição entre o humano e a tecnologia. No futuro, não vamos mais conseguir distinguir quem é humano de quem não é." - Roberto Martini, da @flagcx
"Para a cadeia da moda, ser sustentável é uma obrigação." - Ana Luisa Fernandes,
da @aluf_____
"Não existe nada mais futurista do que o autoconhecimento." - Ligia Zotini, do @voicersoficial (O Futuro
das Coisas)
"É urgente a transformação
dos processos produtivos." - Flávia Aranha
"Um copo plástico fica até seis minutos nas mãos de alguém e mais de 100 anos na terra." - Iza Dezon, da Peclers no Brasil
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