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virei vegano porque...
Pause

virei vegano porque...

Mais do que o ato de não consumir alimentos ou produtos de origem animal, o veganismo fala sobre autonomia alimentar, sustentabilidade, autoconhecimento e diferentes visões de mundo. Pause mostra o processo de pessoas que abraçaram o movimento!
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Julia Barreto, 24, estudante

É o tipo de obviedade que não te contam, mas todo mundo sabe. O problema é que nem todo mundo se permite encarar o fato de que alguns dos alimentos que aprendemos a comer são, na verdade, animais e suas secreções. Foi há pouco mais de quatro anos, num momento da minha vida que buscava melhorar minha alimentação para ser mais saudável e, coincidentemente, pensava em reduzir o consumo de carne por causa dos malefícios ambientais da pecuária. Numa viagem para fora do Brasil aproveitei para experimentar a culinária vegana em outros países. A comida era surpreendentemente deliciosa e eu estava me sentindo muito bem. Se eu puder dizer que houve um "clique" foi aí, nessa viagem. Pensei "se eu estou me alimentando assim há mais de dez dias sem nenhum sentimento de restrição, posso fazer isso pra sempre" e, felizmente, foi assim que aconteceu. Neste mês, completa quatro anos da melhor decisão que poderia ter tomado e, só depois dela que, de fato, li livros sobre libertação animal, assisti documentários e aprendi a cozinhar para conquistar minha autonomia alimentar. Foi de um olhar despretensioso para uma ação cotidiana, o ato de comer, que desenvolvi um novo olhar para o mundo, para os animais, para as pessoas e para a relação entre eles, o que vai muito além da comida, atualmente, e não tem como deixar de ser uma postura política.

FORTALEZA, CE, BRASIL, 04-02-2020: Histórias de autoencontro através do veganismo. A estudante Tâmila Lima, conta para pause seu processo com o veganismo. Fátima, Fortaleza, Ceará(Foto:BÁRBARA MOIRA/O POVO)
FORTALEZA, CE, BRASIL, 04-02-2020: Histórias de autoencontro através do veganismo. A estudante Tâmila Lima, conta para pause seu processo com o veganismo. Fátima, Fortaleza, Ceará(Foto:BÁRBARA MOIRA/O POVO)

Tâmila Lima, 23, estudante

Eu comecei a me interessar pelo Veganismo quando pesquisei mais a fundo as mudanças climáticas e, principalmente, a causa delas. Percebendo quão danosa a pecuária é para o meio ambiente, eu decidi parar de consumir qualquer alimento de origem animal. Mas o Veganismo não é uma dieta, é um movimento político e, quando percebi isso, senti a necessidade de estudar mais sobre o tema. Isso abriu minha cabeça pra coisas que eu nunca tinha pensado antes e me fez questionar algumas atitudes que foram normalizadas ao longo do tempo. Quando vamos ao mercado comprar carne, por exemplo, ela já vem fatiada e embrulhada, pronta para o nosso uso. Isso corta a nossa relação com a origem da comida, como ela foi produzida. É comum, desde crianças, sabermos de onde vem os vegetais, quem nunca germinou o feijão no algodão? Mas não é comum sabermos exatamente de onde vem a carne que estamos comendo ou como funciona um abatedouro. O fato de que os animais sentem as coisas do mesmo jeito que nós, seres humanos, dificilmente chega ao nosso conhecimento. O Veganismo põe em pauta que os animais não estão aqui para nos servir, eles não são seres inferiores. Esse movimento procura dar voz aos animais e lutar pelos seus direitos. Quando finalmente entendi isso, o Veganismo passou a ter completo sentido pra mim, sendo o norte de todas as minhas ações.

FORTALEZA, CE, BRASIL, 04-06-2019: Jessica Braga. Rituais da Manha, Praça Luiza Tavora, fazendo alongamentos e meditando. (Foto: Aurélio Alves/O POVO)
FORTALEZA, CE, BRASIL, 04-06-2019: Jessica Braga. Rituais da Manha, Praça Luiza Tavora, fazendo alongamentos e meditando. (Foto: Aurélio Alves/O POVO)

Jéssica Braga, 27, economista

Foi um vídeo de raposas torturadas para produção de bolsas e sapatos o meu primeiro contato com a violência explícita contra animais. A responsabilidade moral a respeito da vida animal começou a se desenvolver em mim. Foi quando larguei carne vermelha e frango. Três anos depois, literalmente do dia para noite, me tornei vegetariana estrita. Foi uma questão de tempo transcender a barreira da alimentação para outros contextos, que é de fato o Veganismo. Ele me fez querer entender como funciona essa máxima de "as coisas são assim mesmo", que faz as pessoas se conformarem ou fecharem os olhos pra tanta crueldade que existe nessa indústria de criação de animais para abate, mas amarem seus pets e comerem um porco no jantar. Entendi que eu sou uma pessoa privilegiada e pude, através da minha educação, despertar para tantas outras crenças dominantes, que perduram até hoje e que tornam invisível a presença de um ser mais vulnerável.

Por isso, tenho uma profunda gratidão por esse movimento, que me fez (re)construir o pensar, as minhas ações, o meu olhar sobre o mundo e ter clareza sobre a postura política que eu escolho adotar todos os dias.

Documentário Dominion. Produção Australiana que mostra o cenário das industrias de exploração animal em diversos setores
Documentário Dominion. Produção Australiana que mostra o cenário das industrias de exploração animal em diversos setores

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