João Gabriel Tréz é repórter de cultura do O POVO e filiado à Associação Cearense de Críticos de Cinema (Aceccine). É presidente do júri do Troféu Samburá, concedido pelo Vida&Arte e Fundação Demócrito Rocha no Cine Ceará. Em 2019, participou do Júri da Crítica do 13° For Rainbow.
Entre os movimentos que demandam mudanças estruturais na indústria do cinema, a presença de mulheres na direção vem se destacando em 2020
A indústria norte-americana de cinema tem sido tomada por diversos movimentos que vêm procurando mexer em estruturas enraizadas - não apenas nela, mas na sociedade - como misoginia, racismo, machismo e xenofobia. Do #MeToo ao #OscarsSoWhite, passando pelo êxito sem precedentes do sul-coreano Parasita no Oscar, as discussões e cobranças vem se alargando e fortificando. Espera-se, a partir disso, que resultados e mudanças sejam de fato sentidas e vistas. É neste sentido que 2020 vem sendo tratado por parte da mídia internacional como um possível ano "de virada" no que se refere à presença de mulheres na direção. Levantamento do site IndieWire, por exemplo, lista 22 lançamentos de grandes estúdios dirigidos por mulheres - de Aves de Rapina, de Cathy Yan, que acumula mais de U$ 180 milhões na bilheteria mundial, aos aguardados Mulan, de Niki Caro, que estreia no próximo dia 27, e Mulher Maravilha 1984, de Patty Jenkins. Além de Hollywood, é possível ver também que grandes eventos europeus, como os festivais de Berlim - recém-encerrado e que contou com seis filmes dirigidos por mulheres entre os 18 da competição principal, tendo premiado Never Rarely Sometimes Always, de Eliza Hittman, com o "segundo lugar" - e de Cannes - que traz na composição do comitê de seleção deste ano cinco mulheres entre dez integrantes. É possível lembrar que movimentos positivos como esses já tiveram lugar em entidades e associações diversas, mas seguidos de passos atrás. Mesmo com conquistas, então, faz-se necessário seguir com atenção os caminhos que vão se desenhando a cada novidade.
Questões de Mulan
A versão live-action da animação de 1998 é dirigida pela neozelandesa Niki Caro. O fato de uma história essencialmente chinesa ser dirigida por uma pessoa não-chinesa causou alguma controvérsia. Segundo reportagem do The Hollywood Reporter, a Disney chegou a procurar cineastas de origem asiática, mas acabou optando por Caro. A diretora defendeu seu papel e lembrou que, no começo de sua carreira, “havia poucos precedentes para mulheres fazendo esse trabalho de grandes estúdios”. Além do protagonismo feminino na direção e no elenco, Mulan tem mulheres ainda no roteiro, na direção de fotografia, na assistência de direção, no figurino e na maquiagem, entre outras funções.
Agenda
O Cinema do Dragão recebe hoje, às 19h30, exibição gratuita do filme Porque Era Ela, da diretora cearense Luciana Vieira, seguida de debate com a realizadora e a curadora e integrante da Associação Cearense de Críticos de Cinema (Aceccine) Kamilla Medeiros. A programação integra o ciclo Mulheres em Cena, que marca o Dia da Mulher no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Porque Era Ela é protagonizado por Salete, avó da diretora, que registra a relação das duas partindo de um projeto audiovisual sobre Bárbara de Alencar.
Estante
“Mulheres Atrás das Câmeras: as cineastas brasileiras de 1930 a 2018” Organizado por Camila Vieira e Luiza Lusvarghi 368 páginas / R$ 64
A obra traz um apanhado histórico das diretoras do cinema nacional e está disponível para venda na Amazon, no site da Editora Liberdade e na Livraria Lamarca (av. da Universidade, 2475).
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