João Gabriel Tréz é repórter de cultura do O POVO e filiado à Associação Cearense de Críticos de Cinema (Aceccine). É presidente do júri do Troféu Samburá, concedido pelo Vida&Arte e Fundação Demócrito Rocha no Cine Ceará. Em 2019, participou do Júri da Crítica do 13° For Rainbow.
Artistas cearenses dividem inspirações, motivações e processos na produção de clipes musicais independentes
O pontapé de um disco ainda inédito do artista cearense Mateus Fazeno Rock foi dado no domingo passado, 15, com o lançamento de Legal Legal, música que ganhou clipe dirigido por Jauh Ferreira. Há cerca de um mês, o cantor também cearense Lua lançou vídeo, com direção de Willian Ferreira, para divulgação de Eh Yo, parceria com Clapt Bloom. As produções recentes revelam um pouco das diferentes motivações e inspirações estéticas e audiovisuais de artistas independentes.
Lançada no fim de 2019, a música Eh Yo surgiu por acaso, criada para um desfile do estilista cearense David Lee. "Depois decidimos lançar um vídeo, pensar numa ideia possível pro orçamento", contextualiza Lua. O clipe foi gravado na Praia de Iracema e no Poço da Draga sob direção de Willian Ferreira e edição de Daniel Iglesias. "Assim que ouvi a música, comecei a montar a estrutura em termos de cenário, cor, energia, referências e, quando os meninos falaram o que pensavam, as ideias casaram muito: essa coisa da praia, do calor, do encontro", lista Willian.
Já o vídeo de Legal Legal, com roteiro e concepção de Mateus, Jauh e Durango, também vibra coletividade ao trazer registros de rolês de bike feitos por eles com amigas e amigos. "O lance de ter sido feito dessa forma, bem coletiva, tá na base. É a forma que a gente consegue fazer", divide o cantor. "Não é uma grande empresa ou uma grande pretensão, é um círculo onde as pessoas juntam suas potências pra construir", compara. "O disco é sobre o trânsito de corpos jovens, pretos, indígenas e favelados dentro da cidade nos mais diversos contextos. A gente colocou a música num ambiente bem diurno, de encontro", aprofunda Mateus.
Diretor do clipe, Jauh estuda Audiovisual na UFC e na Vila das Artes. Ele conta que a intenção foi a de construir imagens que falassem "sobre o trampo do Mateus, a gente e a Cidade". "Que cidade é essa, que jovens são esses? Nossa inquietação veio de pensar nosso lugar na Cidade e, a partir daí, transformar em imagens", destrincha. "O clipe se passsa na praia da Leste Oeste, comumente habitada por outras pessoas e corpos, que têm outras demandas e interagem de outras formas. Tento ressignificar essa estética da periferia que a gente conhece e já não contempla mais a nós, juventude periférica. Partimos da reflexão pra trazer perspectivas e dizer que nosso rolê é super legítimo. A gente quer se autoafirmar e construir nossa estética com nossas mãos, falar o que a gente é", define.
Para ver e ouvir
www.bit.ly/FazenoRock
www.bit.ly/EhYoLua
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